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Estudante está entre pré-selecionados para representar SP no Parlamento Jovem

Estudante está entre pré-selecionados para representar SP no Parlamento Jovem

Publicada há 6 anos

Livia CaldeiraPela terceira vez, Vitória participa do programa Parlamento Jovem elaborando Projeto de Lei sobre inclusão



A estudante Vitória Rocha de Morais, da Escola Estadual Líbero de Almeida Silvares - EELAS, de Fernandópolis, está entre os 19 alunos pré-selecionados para representar o estado de São Paulo na edição 2018 do programa Parlamento Jovem Brasileiro. Vitória já havia sido eleita duas vezes, nos anos anteriores, para o projeto estadual e agora concorre a nível nacional. Caso seja selecionada, ela terá a chance de vivenciar uma jornada parlamentar na Câmara dos Deputados, que se assemelha ao processo legislativo real, em que os estudantes tomam posse e debatem temas relevantes para o país. Os Projetos de Lei da estudante, os dois que foram eleitos nos anos anteriores e o que está concorrendo na edição de 2018, visam a inclusão de pessoas com deficiência. "Eu tenho baixa visão e sempre senti na pele e acompanhei as dificuldades de pessoas com algum tipo de deficiência. O Projeto tem como objetivo melhorar a vida dessas pessoas, espero que algum deputado leve a minha ideia em consideração", expõe. Em entrevista ao "O Extra.net", ela fala sobre o seu Projeto de Lei e sobre a importância da presença dos jovens na política brasileira.   

 

O EXTRA: É a primeira vez que você participa do programa Parlamento Jovem Brasileiro?

VITÓRIA: Não, eu já tinha participado duas vezes do projeto Parlamento Jovem Estadual. Fui selecionada no primeiro ano e reeleita no segundo. A primeira vez foi com um projeto para deficientes visuais e a segunda para cegos. Desta terceira vez o foco foi pessoas com deficiência auditiva. Eu já sabia como funcionava o projeto, mas até então não tinha conhecimento de que o projeto também se estendia a nível federal. Quando fiquei sabendo, quis me inscrever novamente.


O EXTRA: Como funciona o processo de seleção?

VITÓRIA: A nível federal tem mais concorrência e as vagas são limitadas por estado. Do estado de São Paulo serão selecionados 11 estudantes, dentre os 19 que já estão pré-selecionados. Já fui escolhida pela Secretária do Estado e agora o meu projeto será analisado também em Brasília. O resultado da final será divulgado dia 10 de Agosto. Caso selecionada mesmo, terei a oportunidade de vivenciar uma semana legislativa em Outubro.


O EXTRA: Quem te incentivou a participar do programa?

VITÓRIA: Sempre recebi bastante apoio e incentivo do meu professor de filosofia e orientador José Igidio. Ele e sua esposa, que também foi minha professora no curso técnico da Etec, me ajudaram bastante. Todos os outros professores e funcionários da escola também me incentivam bastante.


O EXTRA: Quais foram os seus Projetos de Lei?

VITÓRIA: O primeiro projeto tinha como objetivo a implementação de uma letra maior e mais visível nos rótulos dos alimentos, para que pessoas com problemas de visão conseguissem identificar informações importantes, como a data de validade e data de fabricação. O segundo projeto tinha como foco a identificação do nome dos produtos em braile. Já o projeto deste ano é sobre a implementação de aulas de libras para crianças do ensino infantil e educação básica.


O EXTRA: O que te inspirou a escolher a inclusão como foco dos seus Projetos de Lei? 

VITÓRIA: Na verdade eu tenho baixa visão e sempre me preocupei com a questão e também devido a importância da inclusão para os deficientes. Eu tive uma colega de escola, por exemplo, que era surda e me incomodava muito não conseguir me comunicar com ela. Ninguém da sala conseguia conversar com ela por não saber libras. Se desde pequenos nós tivéssemos sido educados e aprendido libras, estaríamos hoje preparados para nos comunicar com ela. Outro exemplo prático é que se um surdo quando vai até um estabelecimento comercial qualquer, uma loja, uma empresa, um restaurante, raramente terá alguém que saiba libras para atendê-lo. E o meu projeto é focado exatamente nisso, até para garantir a essas pessoas um direito que é reconhecido na nossa constituição, quando diz que "toda pessoa é livre, autônoma, tem direito a liberdade de ir e vir...". Mas na prática, infelizmente, os deficientes não têm esses direitos. Para elaborar o Projeto de Lei deste ano me baseei na Lei de Diretrizes e Bases, que já diz que os professores devem ser capacitados, na Lei da Acessibilidade e no Estatuto do Deficiente.


O EXTRA: Os projetos dos estudantes chegam a ser levados em consideração pelos parlamentares? 

VITÓRIA: Depende da boa vontade dos deputados e senadores. Nós damos a ideia, mas cabe a eles decidirem se dar continuidade ao projeto ou não. Infelizmente raramente eles se interessam. Eu tenho esperança que algum deles olhe para o meu projeto este ano, mas acho bem difícil.


O EXTRA: Na sua opinião, é importante a presença dos jovens na política?

VITÓRIA: Sim, desde que os jovens se interessem de verdade e estejam preocupados realmente em mudar algo. Temos tantos jovens no Brasil, com certeza faríamos a diferença, mas nos falta incentivo e estamos também um pouco desiludidos com o atual cenário político.


O EXTRA: Qual profissão você sonha em seguir?

VITÓRIA: Quero cursar direito na faculdade e, dentro dessa área, gostaria de advogar. Sempre gostei muito de ler, escrever e áreas de humanas. Conclui recentemente o curso técnico de serviços jurídicos e comecei a ver o quanto várias leis não são cumpridas na prática. Quero poder ajudar as pessoas a terem acesso aos seus direitos.


O EXTRA: Você já pensou em representar a população ocupando algum cargo político?

VITÓRIA: Sim, desde a primeira vez em que participei desse projeto me apaixonei, mas vi também que infelizmente eu estaria "sozinha" tentando fazer a diferença. Sei que para ser eleita a qualquer cargo político eu teria que passar por um processo demorado e complexo, mas nada me impede de tentar.


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