Isabela Careno/Marcela Barbar
Perfil da “Boneca Momo”
O novo jogo da internet conhecido como “Boneca Momo”, tem circulado em um aplicativo de mensagens por meio do WhatsApp. O jogo, no qual é visto como uma brincadeira, na verdade é mais uma armadilha de pessoas maldosas que acabou virando alvo de investigação da polícia por ter sido a consequente causa da morte de várias crianças e adolescentes por todo o Brasil.
Buscando esclarecer melhor sobre esse assunto, à reportagem de “O Extra.net” entrevistou a estudante de Psicologia, Isabela Caroline Careno e, a Consultora Educacional Cleo Fante.
O EXTRA: O que é o jogo da ‘Boneca Momo’?
ISABELA: É um jogo parecido com o da "Baleia Azul", no qual, as vítimas por meio de conversas no whatsapp de um número desconhecido, começam a receber mensagens ameaçadoras e desafiadoras. Tais desafios são: o do sufocamento e enforcamento. O que consequentemente pode terminar com um fim trágico, que vem a ser o suicídio induzido.
O EXTRA: Frente a estas ameaças, é importante ressaltar o quão é perigoso postar informações pessoais nas redes sociais?
ISABELA: Sim, as informações que são postadas nos meios virtuais podem ser usadas como armadilhas contra os próprios usuários. Em relação aos jogos, o criador dos mesmos, pode colher informações nos perfis e usar como “iscas” para ameaçarem para tais jogadores, que muitas vezes se veem indignados e amedrontados com tais revelações de sua vida e, ao serem ameaçados se submetem a fazerem tais desafios.
O EXTRA: Como é o perfil da boneca do jogo?
ISABELA: O perfil trás a foto de uma menina que seria chamada de Momo, proveniente de uma escultura japonesa, que representa um monstro do folclore do Japão. Sua aparência é pálida, tem olhos arregalados, cabelos pretos e sorriso assustador.
O EXTRA: Porque as crianças/adolescentes buscam jogos tão perigosos?
ISABELA: Na maioria das vezes, os jogos se tornam uma fuga da realidade, o qual o jogo fornece um mundo imaginário, que por sua vez interpretam como a vida ideal que buscam ter no mundo real. Consequentemente, para não perderem tal idealização, se submetem aos desafios e metas que devem ser cumpridas no jogo.
Outro motivo que se deve evidenciar, é que no caso dos adolescentes, o período da adolescência é uma fase em que ainda há estruturação da personalidade, busca da identificação, sofrimento pelo luto da infância e a procura do sentimento de se sentirem pertencentes a círculos sociais. Dessa maneira, são vulneráveis para seguirem tais “modas”, que muitas vezes são jogos que desafiam sua própria vida.
CLEO: A curiosidade também é um dos motivos que os levam a participar de jogos ou desafios sem levar em consideração riscos e consequências. Outro fator pode estar ligado à excitação e poder que os desafios proporcionam.
O EXTRA: O que é importante fazer para prevenir tais jogos no cotidiano de crianças/adolescentes?
ISABELA: É importante trabalharmos com prevenção, ou seja, pais e cuidadores por meio do olhar atento e diálogo amigável devem estar por dentro da rotina e comportamentos de seus filhos, a fim de compreenderem como os mesmos estão interpretando, reagindo ao mundo. Por sua vez, acarretará um sentimento de acolhimento por parte dos filhos, nos quais os mesmos podem conseguir, por sua vez, expressarem seus sentimentos e sofrimentos, o que é de extrema importância, assim a credibilidade dos pais e cuidadores para tais dores.
Este olhar decorre também da necessidade dos pais/cuidadores prestarem atenção nas amizades e ambientes que seus filhos frequentam, os quais podem fornecer dicas de como seus filhos estão se expressando com o meio.
E por fim, acrescento ainda a necessidade de divulgar e alertar as crianças, adolescentes, pais e cuidadores sobre tais perigos dos jogos.
O EXTRA: Como podemos atuar nas escolas?
CLEO: As escolas devem atuar no sentido de alertar e orientar os estudantes quanto aos jogos e desafios online, bem como os pais ou responsáveis, tanto para os perigos quanto para as possíveis consequências e responsabilizações. Para isso, devem se munir de informações, abrir espaços de diálogo e encaminhar os casos, quando fogem da esfera pedagógica.
Isabela palestrando na sala de espera das Clínicas Integradas da FEF
O EXTRA: Como podemos atuar em locais de saúde?
ISABELA: Podemos atuar com os pacientes e acompanhantes nas salas de espera, fornecendo a eles panfletos que tenha conteúdos ilustrativos e escritos, no qual, os fazem se sentir atraídos para ler e levar para sua casa, afim que outros possam ter acesso a esse conteúdo. Além propriamente de pequenos discursos, evidenciando sucintamente o que vem a ser tais jogos.
O EXTRA: O que fazer quando os pais perceberem a necessidade de ajuda para seus filhos?
ISABELA: É importante que procurem atendimento psicológico, muitas vezes psiquiátrico afim de, por meio de uma investigação, levantarem tais motivos que os levaram a jogar esses tipos de jogos que os desafiam e que podem ser causadores de suas mortes. Motivos esses, na maioria das vezes, como uma forma de expressar o sofrimento psíquico.
O EXTRA: Em Fernandópolis, é possível encontrar tratamento psicológico gratuito?
ISABELA: É sim, o atendimento psicológico gratuito pode ser encontrado nas Clínicas Integradas da Faculdade Educacional de Fernandópolis (FEF), basta ligar no número (17) 3465-000, para mais informações, ou comparecer pessoalmente na faculdade que fica localizada na Av. Teotônio Viléla, s/n - Campus Universitário, Fernandópolis – SP.
Cleo Fante ministra palestras em escolas e faculdades de todo o Brasil