Breno Guarnieri

Em Fernandópolis, um antigo costume ainda persiste no comércio: o fiado, aquela modalidade de venda que tem como base a confiança entre comerciante e consumidor. Em alguns casos, esse pagamento à base da confiança representa até metade das vendas.

Marcelo Carvalho Tavares, 52 anos, destaca que em seu estabelecimento, situado na zona norte do município, há 15 anos os clientes têm o costume de dar um jeito de pendurar a conta. “Tem que ter controle na caderneta, porque senão não vai saber quanto está devendo, ou há quanto tempo”, conta.

“Eu compro há 12 anos no estabelecimento do Marcelo. Sempre paguei certinho, por isso eu tenho ‘crédito’ com ele. Meu nome sempre está limpo”, brinca o aposentado Joaquim Novaes, 64 anos.

Leva as Pendências a sério

O professor Adauto Nunes, 49 anos, é cliente de uma mercearia, situada na zona oeste de Fernandópolis, e conta que leva as pendências a sério. “Marcou, acerta. A gente não deixa atrasar e o dono não é de cobrar. Vai de cada um", diz.

Em meio a cartões de crédito, cheques e dividas que acabam no SPC, o fiado resiste ao tempo e influencia a economia da cidade. Mesmo com a modernização dos equipamentos, tem uma loja de roupas da cidade que ainda mantém a tradição da venda fiada. E 50% das vendas são feitas nesse sistema. “Primeiramente, a pessoa tem que frequentar muitos anos a minha loja para depois a gente pensar em abrir uma caderneta. Eu preciso conhecer bem a pessoa”, destaca Claudia Oliveira, 57 anos.

De acordo com Valdir Rodrigues, 42 anos, a tradição será sempre mantida. “No meu estabelecimento honrando o pagamento a tradição continua. Desse jeito funciona", opina Valdir, proprietário de uma lanchonete na zona leste do município.