PEDRO ANTONIO NASCIMENTO DE JESUS
No vão da cortina
o vão da cortina
o fim e a vida irão se unir
como golpe certeiro
a faca e o queijo
encena um beijo
em vísceras do fim
O terno sujo de
manchas vermelhas
esguicha da veia
o sangue vital
em cima do palco
eu crio
eu mato num take
relato
todo rancor
em teor visceral
ALCOÓLATRA
Aos olhos terceiros
vejo do que me julgam
perdendo toda a culpa
de até não ser isso
Existe tanta coisa por baixo
que fica escancarada a vontade
de chorar deitado no mar de culpa
por coisas que nem fiz
Não preciso de esmola
não calço botas sujas de redenção
eu não sei o que dizer ou fazer
para que achem melhor
Não dá pra ser mais do que sou
mesmo que o que eles veem
seja uma figura patética
à mercê de nem sei o quê
DISTORÇÃO ESQUIZOFRÊNICA
Eu vejo milagres inexistentes
que só eu vejo, que só eu sinto
talvez seja a falta de lucidez
que sofro toda vez que me pergunto
sobre todos os porquês
Vi quem me jurou amor eterno
sumir de repente por talvez se assustar
com o que de mim conheceu
então escolheu não ficar
para se poupar de enlouquecer
Meu mundo não é compreensível
eu vejo cores em asfaltos escuros
eu vejo almas cruas, despidas
eu não sou como vocês
eu não calculo o valor da vida
*PEDRO ANTONIO NASCIMENTO DE JESUS, GRADUANDO EM ARTES VISUAIS PELA UNIJALES, É POETA