O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac

Poeta, para ajudar amigo a vender um sítio, escreveu um anúncio para o jornal

Poeta, para ajudar amigo a vender um sítio, escreveu um anúncio para o jornal

Publicada há 4 anos

MINUTINHO

A morte não é nada

Por Santo Agostinho

Eu apenas passei para o outro lado:

É como se estivesse escondido no quarto ao lado.

Eu sou sempre eu, e tu és sempre tu.

O que éramos antes um para o outro ainda somos.

Liga-me com o nome que você sempre me deu, que te é familiar;

Fala-me da mesma forma carinhosa que tens usado sempre.

Não mude teu tom de voz, não assuma um ar solene ou triste.

Continua a rir daquilo que nos fazia rir,

Daquelas pequenas coisas que tanto gostávamos, quando estávamos juntos.

Reza, sorri, pensa em mim!

Que o meu nome seja sempre uma palavra familiar...

Diga-o sem o mínimo traço de sombra ou de tristeza.

A nossa vida conserva todo o significado que sempre teve:

É a mesma de antes, há uma continuidade que não se quebra.

Por que eu deveria estar fora dos teus pensamentos e da tua mente, apenas porque estou fora da tua vista?

Não estou longe, estou do outro lado, na mesma esquina.

Fica tranquilo, está tudo bem.

Vou levar o meu coração,

Daí acharás a ternura purificada.

Seca as tuas lágrimas e se me amas, não chores mais,

O teu sorriso é a minha paz”.


CRÔNICA

O anúncio de Olavo Bilac

Autoria desconhecida

Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um sítio que lhe dava muito trabalho e despesas. Ele reclamava que era um homem sem sorte, pois as suas propriedades davam-lhe muitas dores de cabeça e não valia a pena conservá-las. Pediu então ao amigo poeta para redigir o anúncio de venda do seu sítio para publicá-lo no jornal, pois acreditava que se ele descrevesse a sua propriedade com palavras bonitas, seria muito mais fácil vendê-la.

E assim Olavo Bilac, que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto:

“Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.

Meses depois, o poeta encontrou o seu amigo e perguntou-lhe se tinha vendido a propriedade.

- Nem pensei mais nisso”, respondeu ele. “Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuía. Desisti de pronto”.

Algumas vezes, só conseguimos enxergar o que possuímos quando pegamos emprestados os olhos alheios.


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