MINUTINHO
Crise
Ao clarão do Natal, que em ti acorda a música da esperança, escuta a voz de alguém que te busca o ninho da própria alma!... Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoça o sentimento, quais se trouxessem uma harpa de ternura esconda no peito. Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta. Ainda que não quisesse, lembrar-lhe-ias hoje os dons inefáveis, ao recordares as canções maternas que te embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braços enternecidos, a paciência dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de velhas afeições que te parecem distantes. Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos lhe reverenciam a glória; entretanto, vergas-te ao peso das lágrimas que te desafogam o coração... É que ele te fala no íntimo, rogando perdão para os que erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastidão da noite, consolação aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas. Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!... Sorri de novo para os que te ofenderam; abençoa os que feriram; divide o farnel com os irmãos em necessidade; entrega um minuto de reconforto ao doente; oferece numa fatia de bolo aos que oram, sozinhos, sob ruínas e pontes abandonadas; estende um lençol macio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa no auxílio às mães fatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que enlanguescem de fome, ou improvisa a felicidade de uma criança esquecida. Não importa se diga que cultivas a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com ele, com todos os instantes, tanto quanto ele permanece conosco, tornando diariamente ao nosso convívio e sustentando-nos para sempre.
Por Meimei
CRÔNICA
Natal de despedidas
Era vésperas de Natal e aquela senhora, atrasada, com pressa e sem paciência adentra no shopping buscando presentes para os netos. Já na loja de brinquedos, assustada com os preços, pôs-se a percorrer corredores escolhendo os brinquedos, quando, na seção feminina, encontra um menino acariciando uma bela e grande boneca. Aproximou-se, interessando-se também pelo produto. Viu o preço, visualizou a criança e, pelas suas roupas, deduziu que ela não tinha dinheiro para comprá-lo.
- Você deve saber que não tem recursos para comprar essa boneca, né? Cuide dela, fique aqui, que vou pegar outro brinquedo e volto aqui para comprá-la, disse a mulher para desespero do pequeno. Alguns minutos depois retorna e vê a criança ainda mais agarrada a boneca. Sua curiosidade se aguçou:
- Me diga, por que você quer tanto essa boneca?
- É que minha irmãzinha queria muito ganhá-la neste Natal. Ela tinha certeza que o Papai Noel iria trazer. Pena que não tenho dinheiro para comprar, afirmou o menino.
Ressentida, a mulher reconferiu o preço e, já disposta a fazer uma boa ação, perguntou:
- Se eu comprar, você entrega para sua irmã?
- Infelizmente não posso tia! Eu preciso entregar para minha mãe para que ela leve até minha irmãzinha.
Sem entender nada, a mulher rogou maiores explicações. Ao ouvi-las, perdeu a fala.
- Minha irmã se foi - disse soluçando -. Ela mora com Jesus. Agora eu tenho que entregar para mamãe para ela levar o presente.
- Mas por que para a mãe, indagou?
- Papai disse que a mamãe também irá morar com Jesus em breve. Eu pedi a ela para esperar um pouquinho, só o tempo de eu vir ao shopping pegar a boneca. Em seguida o menino tirou do bolso uma fotografia que tinha tirado com o Papai Noel do shopping, para por junto com a boneca.
- Gosto muito da minha mãe. Não queria que ela partisse. Mas o papai disse que ela tem que ir encontrar a minha irmãzinha.
Comovida, com água nos olhos e já compreendendo a situação, a senhora tirou da carteira algumas notas e pediu a ele que contasse o dinheiro novamente. Ele contou e viu que já tinha o suficiente para comprar o brinquedo e ainda sobrava para comprar uma rosa para sua mãe.
- Eu sabia. Acabei de pedir a Jesus para que me desse dinheiro suficiente para comprar esta boneca para a mamãe levar até à minha irmãzinha, e Ele ouviu a minha oração. Eu pedi, ainda, para que o dinheiro fosse suficiente para comprar também uma rosa branca para a minha mãe, e Ele acaba de me dar o bastante para a boneca e para a rosa. Sabe, minha mãe gosta muito de rosas brancas...
Enquanto terminava suas compras, agora com uma disposição bem diferente, a senhora não conseguia deixar de pensar naquele menino. Lembrou-se de uma história que havia lido num jornal, dias antes, a respeito de um acidente causado por um condutor alcoolizado, no qual uma menininha morrera e a mãe ficara em estado grave. Deu-se conta de que aquele menino pertencia àquela família. Dois dias depois ela leu no jornal a notícia de que a mulher acidentada havia morrido. Comprou um buquê de rosas brancas e as levou ao funeral. Lá estava o corpo de uma mulher. Com uma rosa branca numa das mãos, uma linda boneca na outra, e a foto de seu filho em frente ao shopping. Por Autoria Desconhecida