EDUCAÇÃO
Calouros aprovados na UEPA e na UFPA provam que nunca é tarde para estudar
Calouros aprovados na UEPA e na UFPA provam que nunca é tarde para estudar
Aposentados, donas de casa, pastora, ribeirinhos, autônomos entre outros estão entre os aprovados
Aposentados, donas de casa, pastora, ribeirinhos, autônomos entre outros estão entre os aprovados
Da Redação
Na última quinta-feira, 30, saiu a lista de aprovados do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) de duas universidades públicas do Pará: a UEPA (Universidade do Estado do Pará) e a UFPA (Universidade Federal do Pará).
Como conta a Juliana Rosa, que mora em Belém (PA), o “listão” tradicionalmente é divulgado nas rádios, onde “o coração acelera, a gente se arrepia” e a emoção toma conta de todos.
“O paraense comemora jogando muito ovo, colorau, trigo em quem é aprovado… Os homens raspam a cabeça, escutamos a Marcha do Vestibular do cantor Pinduca, o rei do carimbó, o dia inteiro! Calouros saem pelas ruas no porta mala do carro gritando e cantando! Aqui nossa comemoração é emocionada, exagerada, alegre e contagiante. O paraense endoida”, brinca ela.
Neste ano, alguns calouros roubaram a cena: aposentados, donas de casa, pastora, ribeirinhos, autônomos… filhos de merendeira, de batedor de açaí, de vendedora de feira, enfim. Alguns provaram que nunca é tarde para estudar; outros precisaram se superar várias vezes até a conquista do sonho de ingressar no ensino superior.
Eles merecem – e muito! – comemorar cada pedacinho dessa conquista. Confira algumas histórias abaixo:
#1 | Carlos Saré, 65 anos, aprovado em Filosofia na UEPA
Seu Carlos foi aluno do cursinho Rede Solidária de Magalhães Barata.
Ele conta que precisou largar os estudos ainda na adolescência. “Depois da minha aposentadoria eu voltei a estudar e ano passado fiz o Enem. Quando escutei meu nome como um dos aprovados, não conseguia acreditar. Foi uma surpresa muito grande, pois tem muitos meninos novos, que estão com os estudos muito mais atualizados que eu, que fazem a prova várias vezes e não conseguem passar”, afirma.
“Na minha infância tive vários problemas psicológicos, a situação financeira da minha família ficou difícil e eu precisei parar de estudar. Tenho certeza que, com essa aprovação, vou ter uma perspectiva de muito melhor, vou buscar melhorias”, finaliza.
#2 | Nehru Reis, pastora que passou 20 anos afastada dos estudos, aprovada em Serviço Social na UFPA
Nehru foi aluna de uma turma inteiramente gratuita do curso de redação da professora Joana Vieira.
Sobre a aprovação da mãe, sua filha, Francielle Neriah, comentou: “Hoje eu vi que Deus é fiel, minha mãe que não tinha expectativa de vida; hoje realizou o sonho da minha avó de ter uma filha na UFPA, quero agradecer a professora Joana Vieira pelo curso ofertado. Minha mãe é tudo pra mim… Respeite a pastora, caloura UFPA!”.
#3 | Alcyr Ataíde Carneiro passou em 3º Lugar no curso de Enfermagem da UFPA
Alcyr trabalhava roçando quintal de dia e ia pra escola à noite, não faltava um dia, estudava horas…
#4 | Ruthy Steffany, filha de merendeira, toda vida estudante de escola pública, negra, periférica, interiorana e agora caloura de Fisioterapia na UFPA!
#5 | Mãe solo de 3 filhos, Gessykele passou em Geologia na UFPA, após doze anos longe dos estudos
#6 | Olha a emoção da dona Marcia Moura, mãe da caloura Mayra Gabrielle, que passou na UEPA
“Ser caloura é bom, mas ser mãe de caloura é melhor ainda!”, disse Marcia.
#7 Manoel é feirante em Marituba (PA) e conquistou três aprovações em universidades públicas (todas em primeiro lugar para o curso de Letras): UEPA, UFPA e USP
O jovem trabalha na feira com a mãe vendendo frutas e verduras desde os 11 anos. Em 2015, ele conseguiu uma bolsa integral em um cursinho preparatório de final de semana, conciliando o trabalho na feira com os estudos.
#8 Calourada do Jurunas – aprovados da Periferia de Belém (PA).
#9 | Amanda Miranda, da periferia da capital paraense, foi aprovada em Medicina na UEPA
#10 E o filho do batedor de açaí, que vai ser médico! ?
Teve festa na comunidade ribeirinha!
E teve festa na periferia também!
Fonte: Razões para Acreditar