ENTREVISTA

Reitor da Universidade Brasil abre o jogo sobre os últimos acontecimentos envolvendo a instituição

Reitor da Universidade Brasil abre o jogo sobre os últimos acontecimentos envolvendo a instituição

Felipe Sigollo comanda a UB desde abril, com a missão de restabelecer a credibilidade da universidade

Felipe Sigollo comanda a UB desde abril, com a missão de restabelecer a credibilidade da universidade

Publicada há 4 anos

Felipe Sigollo: "Nossa gestão tem enfrentado todas as questões de forma ética e transparente"

Gustavo Jesus

A reportagem de O Extra.net conversou nesta semana com Felipe Sigollo, reitor da Universidade Brasil. No bate-papo, Sigollo comentou sobre as medidas tomadas pela nova direção para regularizar a situação da instituição e manter as atividades do curso de Medicina em funcionamento. O reitor também anunciou que haverá desconto de 50% nas matrículas do segundo semestre, devido à pandemia do novo coronavírus.

O Extra:  Antes de assumir a reitoria da Universidade Brasil, qual era a relação do senhor com a instituição? Como surgiu o convite para dirigi-la? 

Felipe Sigollo: Minha relação com a Universidade Brasil começou quando fui convidado para a reitoria com a missão de sanear as questões acadêmicas, financeiras e estruturais, além de implementar uma gestão pautada pela ética e transparência. Assumi como Reitor em abril de 2020 e, nesses quase 90 dias, fizemos mudanças importantes com empenho de todos: revisamos todos os processos internos, recadastramos todos os colaboradores, restabelecemos o funcionamento do curso de bacharelado em Medicina, concluímos o trabalho da Comissão Especial que analisou a situação acadêmica e documental dos alunos de Medicina e lançamos o primeiro Código de Ética da UB entre outras ações. Além disso, a universidade está colocando em ação um Plano de Regularização Financeira oferecendo alternativas para os alunos que precisam colocar em dia as suas obrigações financeiras.

A primeira estratégia da universidade, durante o trabalho do reitor Adib Abdouni, foi sempre na direção de confrontar a Operação Vagatomia, em especial a ação do delegado Cristiano de Pádua. Recentemente, com sua ascensão ao cargo, aparentemente houve mudança, com uma estratégia mais “amigável”. O que justificou a mudança? A avaliação dessa nova estratégia é positiva?

Não posso responder sobre as gestões passadas. Mas essa nova reitoria, que recebeu a missão de sanear as questões acadêmicas, financeiras e estruturais da instituição, buscou e continuará buscando as condutas mais transparentes e construtivas, em quaisquer frentes de trabalho. Esta é uma nova fase da Universidade Brasil e temos como norte a ética e trabalho árduo com a perspectiva de pavimentar um futuro sólido para a instituição.

O antigo reitor Adib Abdouni ainda tem alguma ligação com a universidade e os processos que correm na Justiça?

Não, não tem mais ligação com a Universidade Brasil.

Em geral, a Universidade Brasil tem conseguido decisões favoráveis da Justiça – mesmo em caráter liminar -, mas acumula alguns revezes no MEC – mesmo com a revogação de algumas decisões. O que explica posturas tão diferentes entre a Justiça e o Ministério diante dos mesmos fatos?

Nós temos tratado nossos problemas de forma clara e aberta, mas com uma postura firme de regularizar todas as pendências da instituição com os órgãos regulatórios e nossa comunidade acadêmica. Esse compromisso pode ser demonstrado por ações concretas, já realizadas. Em menos de 90 dias, em meio à pandemia, a nova reitoria já instaurou uma comissão especial para a revisão de todos os prontuários dos alunos, lançou um Código de Ética pautado pelas melhores práticas de Compliance e resolveu diversos apontamentos do próprio órgão federal regulador que foram apresentados ao MEC. Sabemos que temos problemas, mas estamos endereçando todos, um a um, sem descanso pois temos certeza da grandeza da Universidade Brasil.

A Universidade Brasil é perseguida pelo MEC? Há algum tipo de lobby que faça com que haja decisões contra a instituição no Ministério?

Antes de mais nada, é importante deixar claro que as medidas adotadas no âmbito do Poder Judiciário não representam qualquer animosidade da Universidade Brasil com o Ministério da Educação. Sempre fomos muito bem recebidos pelo MEC, com o qual sempre buscamos ter boa e produtiva interlocução. Nosso trabalho agora é demonstrar de forma clara ao Ministério da Educação que estamos cumprindo toda regulamentação vigente e que já estamos tomando todas as medidas necessárias para atender às exigências de adequação.

No caso específico dos processos envolvendo a Universidade Brasil, como o senhor vê a queda do ministro Abraham Weintraub?

A Universidade Brasil prefere não se manifestar acerca de questões políticas, sobretudo considerando a relação institucional suprapartidária com o Ministério da Educação.

Qual a expectativa que a direção da Universidade tem hoje em relação ao desfecho dos processos originados na Operação Vagatomia, em especial sobre a continuidade do curso de Medicina?

Nossa expectativa, considerando as medidas já tomadas pela nova gestão, são no sentido de que todos as questões serão solucionadas no âmbito ministerial. Em relação a processos judiciais, preferimos não fazer manifestações pelo fato de que ainda estão em trâmite.

Uma das principais reclamações dos alunos do curso de Medicina são as vagas para internato. A Universidade tem capacidade para atender neste momento todos os discentes que estão aptos ao internato? Quantos são esses alunos, e de quantas vagas a universidade dispõe em hospitais?

Não existe um número de vagas definido em hospitais. Isso depende do número de leitos disponíveis para o rodízio dos alunos em hospitais e ambulatórios. Atualmente, a Universidade está coberta com os internatos de Fernandópolis e Votorantim. Sobre os alunos, só poderemos dizer quantos estão de fato aptos ao internato após a conclusão da análise de todos os prontuários, que estão sendo analisados individualmente. Nossa previsão é de que no início de agosto já teremos esse panorama definido.

As visitas ao MEC, SERES, CAPES, FNDE, INEP e CNE foram efetivamente produtivas?

Foram, além de produtivas, também muito importantes para marcar uma nova etapa da relação entre a Universidade Brasil com o Ministério da Educação e seus respectivos órgãos. Acreditamos que bons resultados são provenientes de medidas efetivas e, nesse sentido, é o caminho que estamos adotando.

Os alunos realizaram recentemente reivindicações pedindo que a universidade reduza as mensalidades durante a pandemia e o período sem aulas. Existe a possibilidade de algum desconto?

A Universidade Brasil entende o momento delicado que o país enfrenta, mas é fundamental que todos os compromissos sejam honrados para retomada da credibilidade da universidade e benefício de toda comunidade acadêmica. Atualmente, a UB está colocando em prática um Plano de Regularização Financeira oferecendo alternativas para os alunos que precisam colocar em dia as suas obrigações financeiras.

Mesmo com a continuidade do curso de Medicina, muitos alunos querem se transferir de universidade e provavelmente haverá dificuldade para a formação de novas turmas. Qual a estratégia da UB para tentar “limpar” sua reputação?

Nossa gestão tem enfrentado todas as questões de forma ética e transparente pois, sabemos que são complexas e exigem trabalho árduo. Entendemos que somente dessa forma todos os pontos pendentes podem ser solucionados.

Quais providências a Universidade Brasil tomou contra os possíveis envolvidos nos esquemas de vendas de vagas e fraudes no FIES?

A Universidade Brasil está trabalhando no âmbito administrativo em busca de regularizar todas as pendências da instituição com os órgãos regulatórios e nossa comunidade acadêmica. Lançamos um Código de Ética, pautado pelas melhores práticas de Compliance, que estabelece um conjunto de normas e padrões que vai nortear todas as condutas e práticas de toda a comunidade acadêmica. 

A Universidade Brasil se vê capacitada para ter quantos alunos no curso de Medicina?

Temos plena capacidade de atender os alunos matriculados atualmente. E estamos realizando um processo minucioso de análise de cadastro, prontuários e documentos de cada um de nossos bacharelandos visando oferecê-los uma formação de alto nível.

Com a pandemia do novo coronavírus, houve aumento da inadimplência? Como os problemas no curso de Medicina e a pandemia, impactaram no faturamento da entidade?

Vivemos a maior pandemia que assolou o mundo em mais de cem anos, o que impactou a todos, sem exceção. Estamos adotando um Plano de Regularização Financeira oferecendo condições muito vantajosas para estimular a adimplência, que possibilitará aos alunos 50% de desconto na matrícula do segundo semestre. As eventuais questões financeiras serão solucionadas caso a caso.

Por que não será realizado o vestibular para o curso de Direito?

O curso está em reformulação para voltar em 2021 com muito mais qualidade.


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