MINUTINHO
Aproveite o dia
Por: Walter Whtiman
Aproveita o dia,
Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procures vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido…
CRÔNICA
Os dois semblantes
Por: Autoria desconhecida
Certa vez, ainda na Idade Média, sob a áurea das trevas, um grande artista, dentre tantos, foi escolhido para pintar um quadro à óleo que seria utilizado para ornamental uma igreja de Roma. A tela teria por tema toda a vida de Jesus Cristo.
Assim, durante meses a fio, e sem descanso, dedicou-se o pintor à execução do quadro. Quando, porém, faltava pouco para terminar, foi forçado a parar. É que faltavam dois modelos importantíssimos, justamente aqueles que deveriam representar o Menino Jesus e o Judas Iscariote. Rapidamente o artista pôs-se a procurar, pelas ruas, pessoas que pudessem personificar, plasticamente, os dois modelos.
Começou a busca em sua própria cidade. Percorreu todas as ruas, procurou em todos os bairros. Andou muito, viajou muito. Examinou, linha por linha, centenas de rostos de meninos e de homens, sem que nenhum deles apresentasse as características que exigia para os personagens de seu quadro. Foi então que retornando a sua terra natal, percorrendo novamente um velho bairro da cidade, viu um pequeno de doze anos, com semblante de rara beleza e extraordinária meiguice. Era justamente o que procurava – concluiu.
O pintor exultou de alegria. Enfim, poderia continuar seu trabalho. E, de imediato solicitou permissão aos pais do menino e pôs mãos à obra novamente.
Durante dias, e dias o garoto pousou pacientemente até que seus lindos traços fisionômicos passaram para a tela do pintor. Encerrada a pintura, satisfeito declarou:
- A beleza e a candura de sua alma estão refletidas em seu rosto.
Encerrada a etapa, o pintor então começou a fazer buscas, agora na esperança de encontrar quem lhe servisse de modelo para a imagem de Judas.
Novas caminhadas... Novas indagações... Novos semblantes em desfile... Mas ninguém satisfazia às exigências do artista. A bela obra paralisada aguardava o seu último personagem, para ser exposta aos olhares do público. E tudo indicava que tão cedo não seria terminada.
De fato os dias foram se escoando, os meses sucedendo-se um ao outro, os anos também se passaram e o quadro continuava no mesmo.
O pintor já desanimava, quando um dia, ao passar por um bar, pouco recomendável, viu aparecer à porta um pobre homem esfarrapado, magro, sentado ao balcão. Estava completamente embriagado. O pintor aproximou-se e condoído, estremeceu de horror e emoção. Aquela fisionomia ainda moça, porém marcada impiedosamente pelo vício, ajustava-se com precisão à sua tela inacabada! Encontrara, afinal, o seu Judas Iscariote.
- Venha comigo, que eu cuidarei de você – afirmou o pintor, que se pôs, dia e noite, a completar a tela.
E coisa estranha acontecia à medida que o trabalho avançava. O modelo, pouco a pouco, demonstrava desalentadora tristeza. O pintor percebia a transformação, mas nada comentava. Até que num dia, notando que lágrimas silenciosas deslizavam daqueles olhos encovados, interrompeu o trabalho e indagou, interessado:
- Meu filho, por que se aflige tanto? Em que lhe posso ajudar?
Desatando a chorar, o modelo cobriu o rosto com as mãos. Passados instantes, olhou para o pintor e, timidamente, falou:
- Não se lembra de mim? Há muitos anos, pousei para o senhor. Eu era o seu menino Jesus!