O Livro do Destino

O Livro do Destino

Um conto do escritor Malba Taha

Um conto do escritor Malba Taha

Publicada há 1 ano

MINUTINHO

Tranquilidade

Por: Emmanuel/Chico Xavier

Comece o dia na luz da oração.

O amor de Deus nunca falha.

Hoje é o tempo de fazer o melhor. O preguiçoso, ainda mesmo quando se mostre num pedestal de ouro maciço, é um cadáver que pensa.

Faça o bem quanto possa. Cada criatura transita entre as próprias criações.

Valorize os minutos. Tudo volta, com exceção da hora perdida.

Cumpra as obrigações. Se você não acredita na disciplina, veja um carro sem freio.

Perdoe sem condições. Irritar-se é o melhor processo de perder.

Use a gentileza, mas de modo especial dentro da própria casa. Tente atender os familiares como você trata as visitas.

Em favor de sua paz, conserve fidelidade a si mesmo.

Lembre-se de que, no dia do Calvário, a massa aplaudia a causa triunfante dos crucificadores, mas o Cristo solitário e vencido era a causa de Deus.

CRÔNICA

O livro do destino

Por: Autoria desconhecida

O escritor Malba Tahan, hábil contador de lendas e contos orientais, narra em uma de suas valorosas obras a história do livro do destino.

Diz ele que, certa vez, quando um mercador voltava de Bagdad, onde fora vender peles e tapetes, encontrou um homem muito mal vestido que, gesticulando e praguejando sem cessar, chamou-lhe a atenção.

- Eu já fui poderoso! Já tive o destino nas mãos. – Esbravejava ele.

- É um pobre coitado! – falavam uns. - Não regula bem do miolo! – afirmavam outros.

Sentindo irresistível atração pela história do desconhecido de turbante esfarrapado, aproximou-se dele e, depois de tranquila conversação, ele lhe confidenciou:

- Eu já tive nas mãos o destino da Humanidade inteira. Afinal, a vida de todos nós está escrita no grande livro do destino. Cada homem tem lá sua página com tudo o que de bom ou de mal vai lhe acontecer. Um dia, quando me encontrava vagando pelo deserto, encontrei uma gruta encantada, em cuja entrada havia um ser bondoso de sentinela. Deixou-me entrar, avisando-me, porém, que só poderia permanecer na gruta por poucos minutos. Dentro encontrei o tal livro do destino. Era minha intenção alterar o que estava escrito na página de minha vida e fazer de mim um homem rico e feliz. Bastava acrescentar: “Será um homem feliz, estimado por todos. Terá saúde e muito dinheiro”. Havia tempo de sobra para fazer isso.

Continuando, o “desgraçado” acrescentou:

- Infelizmente me lembrei antes, porém, de meus inimigos. Movido por torpes sentimentos de ódio e de vingança, procurei a página referente a um rival meu e, num ímpeto de rancor, sem hesitar, acrescentei: “Morrerá pobre, sofrendo os maiores tormentos”. Na página de outro inimigo escrevi: “Perderá todos os seus haveres. Perderá seus amores e morrerá de fome e de sede no deserto”. E, assim, sem piedade, fui prejudicando deliberadamente todos os meus desafetos.

Imagem: Ilustração. Fonte: Super Interessante

Nesse momento, o mercador, que ouvia a história, não resistiu e interrompeu a narrativa.

- E na sua vida? O que você fez na página que o destino dedicara à sua própria existência?

- Ah, meu amigo, respondeu ele - torcendo as mãos nervosamente -. Nada fiz em meu favor. Preocupado em fazer o mal aos outros, esqueci-me de fazer o bem a mim próprio. Semeei infortúnio e dor e, por justa consequência, não colhi a menor parcela de felicidade. Quando me lembrei de mim, quando pensei em tornar feliz a minha vida, estava terminado meu tempo. Sem que eu esperasse, o sentinela me arrastou para longe da gruta, onde jamais consegui retornar porque nunca mais reencontrei o caminho. Perdi a única oportunidade que tive de ser rico, estimado e feliz.


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