ENTREVISTA EXCL

Acerca da “desconhecida” Construmil

Acerca da “desconhecida” Construmil

Área já está sendo preparada para o plantio de cana; aparecendo algum interessado, ela pode até ser negociada

Área já está sendo preparada para o plantio de cana; aparecendo algum interessado, ela pode até ser negociada

Publicada há 7 anos

Por João Leonel


Mais uma vez, Luisinho Arakaki recebeu a Reportagem de “O Extra.net” na sede da Alcoeste Destilaria Fernandópolis S/A. A entrevista foi realizada na tarde desta quinta-feira (12), como já noticiado, último dia do prazo - que já fora prorrogado duas vezes -, para que a Construmil Construtora e Terraplanagem Ltda comprasse a área de 157,94 hectares, ao preço fixado de R$ 23,3 milhões e que pertence ao Grupo Arakaki. 


A Construmil sagrou-se vencedora do processo licitatório da ZPE, promovido pela Prefeitura, em julho do ano passado. Habilitada, a Construmil adquiriu, no mês seguinte, as 5 mil ações da AZPEF - Administradora da Zona de Processamento de Exportação de Fernandópolis, pelo valor de R$ 5.300,00 - única quantia desembolsada até o momento pela empresa goiana. Com as ações “transferidas com encargos” à Construmil, Acácio José Rozendo Falcão, então representante da empresa, assumiu a presidência da AZPEF, antes presidida pelo então vice-prefeito José Carlos Zambon. Todo esse trâmite aconteceu há 5 meses. 


O prazo para o pagamento da área já foi prorrogado em novembro e dezembro de 2016, e, nesta quinta, a Construmil protocolou mais um pedido de prorrogação, que será analisado pela Secretaria Jurídica do Executivo fernandopolense. Confira a entrevista exclusiva com Luisinho Arakaki.


O EXTRA: Como é ficar nesta situação de espera pelo pagamento da área?

LUISINHO ARAKAKI: O pior é que eu não sei nada sobre a Construmil, que deveria realizar o pagamento. Só sei pela Imprensa que se trata de uma empresa em recuperação judicial.  Não sou da comissão de licitação da Prefeitura, mas acho que uma empresa em “R.J.” deve ter apresentado uma série de documentos, várias autorizações para participar de uma concorrência pública e se sagrar vencedora. Para mim, do mesmo jeito que veio, vai embora, sem que eu conheça nada sobre ela. Nós colocamos a área à disposição da ZPE já há algum tempo, e o valor é o mesmo desde então, nunca foi reajustado. Dessa vez, com a licitação tendo uma empresa vencedora, imaginávamos que fossem efetuar o depósito para transferirmos a área ao projeto. Mas isso não aconteceu até o momento. Não fui procurado por ninguém da Construmil nas últimas semanas. Nossos advogados estão aguardando também algum posicionamento da parte deles. Mas, até agora, nada.


O EXTRA: E como é o contato do Grupo Arakaki com o Acácio, presidente da AZPEF?

LUISINHO ARAKAKI: Não temos contato algum com ele. A única vez que nos reunimos com o Acácio foi aqui na Alcoeste, bem depois da licitação. Foi uma reunião marcada para as 14h, sendo que ele apareceu só depois das 18h. Não conversamos muito. Naquele dia, representando a Prefeitura, estavam o Edson Damasceno e o Zambon, além de nossos diretores. Não sei nem se o Acácio já conheceu ‘in loco’ a área da ZPE, se ele já foi ao local.


O EXTRA: Diretores da Construmil insistem em dizer que após a licitação, diversas reuniões foram realizadas com o Grupo Arakaki para tratar da compra da área. Essa informação então não procede?

LUISINHO ARAKAKI: Infelizmente, isso não é verdade. Vi o Acácio somente uma vez até hoje. Quando falam em reuniões, elas não aconteceram. Pelo menos não com a gente. Somente no fim do ano passado é que os advogados deles entraram em contato com os nossos representantes legais. Até achamos que as negociações iriam prosperar, devido à seriedade com que o advogado que representava o Acácio, Dr. Francisco Pereira Beserra, do escritório Menezes Câmara Advogados, lá de São Paulo, estava conduzindo as tratativas, seguindo os padrões éticos e profissionais com os quais nossos advogados também estão acostumados. Mas, como comprova um email encaminhado pelo Dr. Beserra a nossa advogada, Dra. Renata (Renata Fabiana Azevedo Mendes), ele não representa mais o Acácio nesta negociação.


O EXTRA: Com este impasse impedindo a venda da área, qual será a atitude do Grupo Arakaki, ainda mais com esse novo pedido de prorrogação do prazo protocolado pela Construmil?

LUISINHO ARAKAKI: Até o momento não tivemos prejuízo nenhum. Mas temos que utilizar a área, e já vamos prepará-la para o plantio de cana. Acho tudo isso que estão fazendo, sem definição sobre o futuro do projeto ‘ZPE Paulista’, uma falta de respeito com Fernandópolis, com toda a população. Mas nossos funcionários, com nosso maquinário, já estão preparando a terra, gradeando lá e tudo mais. Está tudo dentro da nossa programação. O que não faremos é correr o risco de levarmos prejuízo com toda essa indefinição. Chegou a época de plantio, vamos plantar.


O EXTRA: E se aparecer algum interessado em comprar a área?

LUISINHO ARAKAKI: Por esse preço, não vendemos. Mas tudo depende da oferta que surgir. Se aparecer uma boa oferta, podemos negociar. É uma área nobre.


O EXTRA: Sobre a Nota à Imprensa que o Grupo Arakaki divulgou na época da eleição municipal, como foi aquele momento?

LUISINHO ARAKAKI: Estamos muito seguros quanto a nossa participação em todo esse processo. Na semana que antecedeu a eleição municipal, tivemos uma grande preocupação com o uso político da ZPE. Estávamos sendo pressionados, não só de um lado, a nos posicionar sobre uma suposta venda da área que estavam começando a ventilar. Isso justificou a nossa Nota à Imprensa, que “O Extra.net” publicou, inclusive. E, antes de divulgarmos nossa nota, procuramos o juiz eleitoral, Dr. Valderrama, para que analisasse o conteúdo de nossas informações, pois era uma situação delicada. Nosso comunicado passou pela análise do juiz eleitoral, tamanha nossa preocupação. Por isso é que digo: essa indefinição é uma falta de respeito com a população. Meu pai (Sr. Kosuke Arakaki), com 88 anos de idade, que escolheu Fernandópolis e está gerando emprego e impostos para a cidade, há muitos anos, sempre nos cobra respeito com as pessoas. Não teremos culpa se a ZPE não der certo, tudo o que tínhamos que fazer, fizemos. Continuamos à disposição, mas temos que tocar nossa empresa.


O EXTRA: Quando entra em atividade a Usina de Açúcar da Alcoeste?

LUISINHO ARAKAKI: Em abril. Estamos entrando no segundo mês de construção da usina. Vamos destinar 40% das 2 milhões de toneladas de cana que moemos ao ano para a Usina de Açúcar. Os outros 60% continuarão para o álcool. É um investimento grande que estamos fazendo em Fernandópolis, no total de R$ 25 milhões. Está a todo vapor. E se trata de um investimento exclusivamente da Alcoeste. Estamos com 100% de nossa capacidade de instalação em funcionamento. Em 2016 moemos 2 milhões e 20 mil toneladas de cana, vamos manter esse patamar. A Usina de Açúcar produzirá 15 mil sacas (de 50kg cada) por dia.


Grupo Arakaki prepara Usina de Açúcar,com investimento de R$ 25 milhões, para iniciar produção em abril




“Se aparecer uma boa oferta, vendemos a área”, confirma Luisinho



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