Pedido de um sábio

Pedido de um sábio

Um conto de Paulo Coelho

Um conto de Paulo Coelho

Publicada há 1 ano

MINUTINHO

Caridade e esperança

Por: Emmanuel/Chico Xavier

Lembra-te da esperança para que a tua caridade não se faça incompleta. 

Darás ao faminto, não somente a côdea de pão que lhe mitigue a fome, mas também o carinho da palavra fraterna, com que se lhe restaurem as energias. 

Não apenas entregarás ao companheiro, abandonado à intempérie, a peça que te sobra ao vestiário opulento, mas agasalhá-lo-ás em teu sorriso espontâneo a fim de que se reerga e prossiga adiante, revigorado e tranquilo. 

Não olvides a paciência divina com que somos tolerados a cada hora. 

Qual acontece ao campo da natureza, em que o Sol mil vezes injuriado pela treva, mil vezes responde com a bênção da luz, dentro de nossa vida, assinalamos a caridade infinita de Deus, refazendo-nos a oportunidade de servir e aprender, resgatar e sublimar todos os dias. 

Não te faças palmatória dos próprios irmãos, aos quais deves a compreensão e a bondade de que recebes as mais elevadas quotas do Céu, na forma de auxílio e misericórdia, em todos os instantes da experiência. 

Não profiras maldição nem espalhes o tóxico da crítica, no obscuro caminho em que jornadeiam amigos menos ditosos, ainda incapazes de libertarem a si mesmos das algemas da ignorância. 

Recorda que Jesus nos chamou à senda terrestre para auxiliar e salvar, onde muitos já desertaram da confiança no eterno bem. Seja onde for e com quem for, atende à esperança para que o mundo conquiste a vitória a que se destina. 

Aliviar com azedume é alargar a ferida de quem padece e dar com reprimendas é envolver o socorro em repulsivo vinagre de desânimo ou desespero. 

À maneira de raio solar que desce à furna cada manhã, restaurando o império da luz, sem reclamação e sem mágoa, sê igualmente para os que te rodeiam a permanente mensagem do amor que tudo compreende e tudo perdoa, amparando e auxiliando sem descansar, porque somente pela força do amor alcançaremos a luz imperecível da vida.

CRÔNICA

Pedido de um sábio

Por: Paulo Coelho

O homem santo e cultuado reuniu os seus amigos e seguidores, no frescor do arvoredo, para sentenciar o que todos esperavam:

- Estou velho - disse ele.

- E sábio também - acrescentou um dos interlocutores.

- Sempre te vimos rezando e meditando durante todo este tempo. Gostaríamos de saber o que conversas com Deus? Quais as conclusões que tiras? - indagou um dos seguidores.

 - No começo - respondeu o mestre -, quando eu tinha o entusiasmo da juventude, pedia a Deus que me desse forças para mudar a humanidade. Aos poucos e com o passar dos anos, percebi que isto era impossível. Então passei a pedir a Deus que me desse forças para mudar quem estava a minha volta, quem estava próximo de mim”, afirmou o sábio, fazendo breve silêncio.

- Agora que já estou velho - retomou a oratória o mestre - a minha oração é muito mais simples e meu pedido muito mais singelo. Apenas peço a Deus o que devia ter pedido desde o começo.

- Mas afinal, o que pedes?, insistiu o amigo.

- Peço para que consiga mudar a mim mesmo.

Imagem: Ilustração. Fonte: Reprodução / Depositphotos

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