MINUTINHO
Lugar depois da morte
Por: Emmanuel/Chico Xavier
Muitas vezes perguntas, na Terra, para onde seguirás, quando a morte venha a surgir...
Anseias, decerto, a ilha do repouso ou o lar da união com aqueles que mais amas...
Sonhas o acesso à felicidade, à maneira da criança que suspira pelo colo materno...
Isso, porém, é fácil de conhecer.
Toda pessoa humana é aprendiz na escola da evolução, sob o uniforme da carne, constrangida ao cumprimento de certas obrigações. Nos compromissos no plano familiar; nas responsabilidades da vida pública; no campo dos negócios materiais; na luta pelo próprio sustento...
O dever, no entanto, é impositivo da educação que nos obriga a parecer o que ainda não somos, para sermos, em liberdade, aquilo que realmente devemos ser.
Não olvides, assim, enobrecer e iluminar o tempo que te pertence.
Não nos propomos nivelar homens e animais; contudo, numa comparação reconhecidamente incompleta, imaginemos seres outros da natureza trazidos ao regime do espírito encarnado na esfera física.
O cavalo atrelado ao carro, quando entregue ao descanso, corre à pastagem, onde se refocila na satisfação dos próprios impulsos.
A serpente, presa para cooperar na fabricação de soro antiofídico, se for libertada, desliza para a toca, onde reconstituirá o próprio veneno.
O corvo, detido para observações, quando solto, volve à imundície.
A abelha, retida em observação de apicultura, ao desembaraçar-se, torna, incontinenti, à colmeia e ao trabalho.
A andorinha engaiolada para estudo, tão logo se veja fora da grade, voa no rumo da primavera.
Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás sem ninguém; e se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.
CRÔNICA
Duvidando da existência de Deus
Baseado em obra de Paulo Coelho
Um homem foi cortar o cabelo e a barba numa popular barbearia no centro da cidade. Como sempre acontece, ele e o barbeiro, antigos amigos, ficaram conversando sobre várias coisas, até que - por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados - o barbeiro afirmou:
- Como o senhor pode ver, esta tragédia com essas pobres crianças mostra que Deus não existe.
- Como? - Indagou o cliente, sem entender direito.
- O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimento.
O homem ficou pensando, mas o corte do cabelo já estava quase no final, e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos. Com o serviço foi terminado, o cliente pagou a conta, despediu-se, e saiu.
Entretanto, a primeira coisa que viu na rua foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia, e falou para a pessoa que o atendera:
- Sabe de uma coisa, meu amigo? Os barbeiros não existem!
- Como não existem? Eu estou aqui, e sou barbeiro. Não está vendo?
- Não existem! - insistiu o homem. - Porque se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado como aquele mendigo sentado ali na calçada!
- Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui.
- Exatamente! Então, para responder sua pergunta, Deus também existe. O que passa é que algumas pessoas não vão até Ele.
Imagem: Ilustração. Fonte: Domínio Público
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