MINUTINHO
Dinheiro
Por: Emmanuel / Chico Xavier
Não te detenhas no poder aquisitivo do ouro terrestre para fazer o bem.
Anota a riqueza dos teus conhecimentos e não menosprezes o companheiro ainda enleado no espinheiro da ignorância.
Considera o tesouro da fé que te enriquece o entendimento e aprende a desculpar o irmão em dificuldade que talvez se encontre no precipício da negação.
Medite sobre a luz que te brilha na compreensão e não reproves o infeliz que ainda tateia nas trevas.
Analisa o patrimônio de amor que te vivifica a existência e auxilia as vítimas do ódio que não souberam edificar para si mesmas senão o reduto do sofrimento.
Examina tuas conquistas de segurança pessoal e não passes de largo, à frente dos caídos em desânimo ou desesperação.
Relaciona os valores da saúde que te consolidam o relativo equilíbrio na Terra e não perca a serenidade e a paciência com os enfermos que te reclamam devotamento e carinho.
Mentaliza a riqueza de tuas horas, de tuas palavras, de teus movimentos livres.
Reflete no acervo de bênçãos amontoadas em teus olhos que vêem, em teus ouvidos que ouvem, em teus pés que andam e em tuas mãos que trabalham.
Quem será mais rico de verdadeira felicidade, o homem que agoniza sobre um monte de ouro ou aquele que pode respirar os perfumes do vale, entre a paz do trabalho e a misericórdia da luz?
Não admitas que a caridade seja tarefa exclusiva dos que acumularam o dinheiro do mundo. Ao invés disso, compadece-te do irmão que se faz sovina, aferrolhando o próprio coração, entre as duras paredes de um cofre forte.
Recordemos o Divino Doador de Vida Imperecível.
Cristo, sem monumentalizar o amor em obras de metal ou de pedra, com um simples berço de palha e com uma cruz de sacrifício a lhe emoldurarem o ministério de fraternidade, espalhou a beleza e a paz, o otimismo e a compreensão em todos os escaninhos do mundo, a benefício de todas as gerações.
Em matéria de auxiliar, dividamos a nossa própria alma, na prestação do serviço infatigável da boa vontade para com todos.
E, com semelhante investimento, estejamos convencidos de que toda a penúria do nosso passado não nos subtrairá o tesouro de bênçãos que acumularemos, nos altos caminhos da vida, a brilhar perenemente em nosso grande futuro.
CRÔNICA
Pedido de um sábio
Por: Paulo Coelho
O homem santo e cultuado reuniu os seus amigos e seguidores, no frescor do arvoredo, para sentenciar o que todos esperavam:
- Estou velho - disse ele.
- E sábio também - acrescentou um dos interlocutores.
- Sempre te vimos rezando e meditando durante todo este tempo. Gostaríamos de saber o que conversas com Deus? Quais as conclusões que tiras? - indagou um dos seguidores.
- No começo - respondeu o mestre -, quando eu tinha o entusiasmo da juventude, pedia a Deus que me desse forças para mudar a humanidade. Aos poucos e com o passar dos anos, percebi que isto era impossível. Então passei a pedir a Deus que me desse forças para mudar quem estava a minha volta, quem estava próximo de mim”, afirmou o sábio, fazendo breve silêncio.
- Agora que já estou velho - retomou a oratória o mestre - a minha oração é muito mais simples e meu pedido muito mais singelo. Apenas peço a Deus o que devia ter pedido desde o começo.
- Mas afinal, o que pedes?, insistiu o amigo.
- Peço para que consiga mudar a mim mesmo.
O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.