Crônica: Esopo e a língua. A maior virtude e o pior vício do mundo

Crônica: Esopo e a língua. A maior virtude e o pior vício do mundo

Leia também: Ano-novo e Réveillon: origens e significados

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Publicada há 2 dias

MINUTINHO

Ano-novo e Réveillon: origens e significados

Por: Márcia Fernandes

O ano-novo acontece dia 1º de janeiro e corresponde a uma comemoração baseada no calendário gregoriano, também chamado de cristão ou ocidental. A partir dessa data, que é feriado nacional, tem início um novo calendário anual.

A história do ano-novo é antiga. Algumas civilizações da antiguidade comemoravam a passagem de ano em março, tendo em conta o fim do inverno e a chegada da primavera.

No império romano, a população celebrava esse dia em homenagem ao deus Jano, deus das mudanças e transições.

Foi em 46 a.C. que o imperador Júlio César decretou que nesse dia seria comemorado o ano-novo, baseado no calendário juliano.

Somente no final do século XVI, essa data foi finalmente oficializada com a adoção do calendário gregoriano, pela igreja católica.

Assim, com o passar do tempo, a data tornou-se um marco e, hoje em dia, a maioria dos países comemora a chegada do novo ano em 1.º de janeiro.

O significado do ano-novo é esperança, renovação e mudança. Existe muita expectativa por parte das pessoas de que esse momento celebra o abandono do que não precisamos mais com a chegada de algo novo e de muitas realizações. Por esse motivo, diversas pessoas costumam fazer listas do que pretendem iniciar e conquistar nessa nova fase.

Réveillon: como o ano-novo é comemorado no Brasil?

A véspera de ano-novo, também chamada de “Réveillon”, é celebrada no último dia do ano, 31 de dezembro. A palavra faz referência ao verbo francês Réveiller, que significa despertar, acordar, reanimar.

No Brasil, o ano-novo é um momento muito celebrado. Acontecem muitas festas com shows e apresentações, sendo também chamada de “festa da virada” ou simplesmente “festa de ano-novo”.

Multidões enchem as praias, as praças e as casas para comemorar a passagem do ano, e na chegada do ano-novo os conhecidos se abraçam e desejam coisas boas aos outros. É comum também cantar a música:

Adeus, ano velho!

Feliz ano-novo!

Que tudo se realize

No ano que vai nascer!

Muito dinheiro no bolso,

Saúde pra dar e vender!

(...)

Símbolos e superstições do ano-novo no Brasil

Fogos de artifícios são um dos principais símbolos da festa de passagem de ano, que preenchem os céus de diversas cores durante minutos. Assim, acontece a contagem regressiva no último minuto do ano velho, dando início a entrada do ano novo.

Outro símbolo muito comum é o brinde feito com champanhe. Vale lembrar que muitas superstições também acompanham as pessoas na chegada do novo ano, como, por exemplo:

Usar roupa branca;

Vestir lingerie nova e colorida (dependendo do que se pretende obter);

Pular 7 ondas do mar;

Comer 7 sementes de romã;

Comer um prato de lentilhas.

As comemorações de ano-novo em outras culturas

1. Ano-novo chinês

O ano-novo chinês é uma comemoração baseada no calendário chinês. Muitas culturas orientais seguem essa referência em uma data que não é fixa e pode acontecer em janeiro ou fevereiro. Isso porque o calendário chinês é lunar e considera as fases da lua.

Grande parte da festa é composta por objetos e decorações de cor vermelha e tons dourados, sendo o dragão um dos símbolos mais emblemáticos da comemoração. Tanto esse animal como outros são utilizados na decoração da festa com o intuito de espantar os maus espíritos.

2. Ano-novo judaico

O ano-novo judaico, chamado de Rosh Hashaná, é comemorado entre final de setembro e início de outubro, sendo o sétimo mês do calendário Judaico.

Essa celebração dura dois dias (Dia do Julgamento e a Cabeça do Ano) e, diferente dos festejos ocidentais com shows e muito barulho, esse povo comemora de maneira meditativa e silenciosa, com orações e sempre ao lado da família.

Esse é um dos dias mais importantes para os judeus, que celebra o aniversário do universo, marcando o nascimento do mundo e da civilização.

3. Ano-novo muçulmano

Para os muçulmanos, o ano-novo é um momento de celebrar o êxodo de Maomé, o grande profeta. Essa comemoração também acontece em uma data móvel que pode acontecer a partir de maio. Diferente do calendário gregoriano, que é solar, o calendário islâmico é lunar.

O dia de ano-novo (1.º de Muharram) costuma ser celebrado por esse povo de maneira meditativa e com muitas orações. Dessa forma, multidões costumam visitar o santuário para rezar.

Esse mês é chamado de Muharram e, além do primeiro dia, no 10.º é celebrado a Ashura, que representa o ponto culminante das orações, realizado com jejum.

CRÔNICA

Esopo e a língua

Por: Literatura grega

Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia.

Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:

- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.

- Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?

- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra. Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho.

Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.

- Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo. - A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?

- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo.

- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda terra.

Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro.

Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente pedaços de língua.

Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:

- Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem -se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? -- Indagou Esopo.

Impressionados com a inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.

Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antiguidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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