Crônica: O rei, o servo e os cães - Uma sentença e muitas lições

Crônica: O rei, o servo e os cães - Uma sentença e muitas lições

Leia também: Suicídio - Não pense nisso - Por Cornélio Pires

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Publicada há 5 horas

Minutinho: Suicídio

Por: Cornélio Pires

Suicídio, não pense nisso

Nem mesmo por brincadeira...

Um ato desses resulta

Na dor de uma vida inteira.

Por paixão, Quím afogou-se

Num poço de Guararema.

Renasceu em provação

Atolado no enfisema.

Matou-se com tiro certo

A menina Dilermanda.

Voltou em corpo doente,

Não fala, não vê nem anda.

Pôs fogo nas próprias vestes

Dona Cesária da Estiva...

Está de novo na Terra

Num corpo que é chaga viva.

Suicidou-se à formicida

Maricota da Trindade...

Voltou... Mas morreu de câncer

Aos quatro meses de idade.

Enforcou-se o Columbano 

Para mostrar rebeldia...

De volta, trouxe a doença 

Chamada paraplegia.

Queimou-se com gasolina

Dona Lília Dagele.

Noutro corpo sofre sarna 

Lembrando fogo na pele.

Tolera com paciência

Qualquer problema ou pesar;

Não adianta morrer,

Adianta é se melhorar.

Crônica: O rei, o servo e os cães

Por: Clarius (adaptação de texto)

Ele era o último rei de sua dinastia. Não tinha sucessores. Poderoso e implacável, tinha dez cães selvagens que costumeiramente usava para torturar e comer publicamente qualquer um dos seus servos que cometesse um erro, por menor que fosse.

Um dos servos disse algo errado e o rei, que já não gostava dele, ordenou que o jogassem aos cães, certo que a uma morte cruel o aguardava.

Porém o servo implorou: 

- Eu o servi fielmente por dez anos, e você faz isso comigo? Por favor, então me dê ao menos dez dias antes de me jogar aos cães? 

E o rei, crente que nada poderia mudar nesse período, lhe concedeu o benefício.

Imediatamente o servo foi até o guarda que cuidava dos cães e disse que gostaria de servi-los durante os próximos dez dias. O guarda estava confuso, mas concordou. Durante todo esse tempo, o servo foi dedicado. Alimentou os cães, limpou-lhes, e deu-lhes banhos.

Expirado o prazo, o rei ordenou que buscassem o condenado e que este fosse jogado aos cães para cumprir a punição. 

Quando foi lançado, todo mundo ficou surpreso ao ver os temidos e vorazes cães selvagens apenas lamberem os pés do servo.

O rei, perplexo com o que estava vendo, disse:

- O que aconteceu com meus cães? Não servem mais para nada? Nem para punir um infiel?

O servo, calmo, então respondeu: 

- Eu servi os cães por apenas dez dias e eles não esqueceram os meus serviços, no entanto, eu o servi por dez anos e você se esqueceu de tudo, no meu primeiro erro.

O rei, abalado, percebeu seu erro e ordenou que o servo fosse salvo. 

O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.

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