Minutinho: Suicídio
Por: Cornélio Pires
Suicídio, não pense nisso
Nem mesmo por brincadeira...
Um ato desses resulta
Na dor de uma vida inteira.
Por paixão, Quím afogou-se
Num poço de Guararema.
Renasceu em provação
Atolado no enfisema.
Matou-se com tiro certo
A menina Dilermanda.
Voltou em corpo doente,
Não fala, não vê nem anda.
Pôs fogo nas próprias vestes
Dona Cesária da Estiva...
Está de novo na Terra
Num corpo que é chaga viva.
Suicidou-se à formicida
Maricota da Trindade...
Voltou... Mas morreu de câncer
Aos quatro meses de idade.
Enforcou-se o Columbano
Para mostrar rebeldia...
De volta, trouxe a doença
Chamada paraplegia.
Queimou-se com gasolina
Dona Lília Dagele.
Noutro corpo sofre sarna
Lembrando fogo na pele.
Tolera com paciência
Qualquer problema ou pesar;
Não adianta morrer,
Adianta é se melhorar.
Crônica: O rei, o servo e os cães
Por: Clarius (adaptação de texto)
Ele era o último rei de sua dinastia. Não tinha sucessores. Poderoso e implacável, tinha dez cães selvagens que costumeiramente usava para torturar e comer publicamente qualquer um dos seus servos que cometesse um erro, por menor que fosse.
Um dos servos disse algo errado e o rei, que já não gostava dele, ordenou que o jogassem aos cães, certo que a uma morte cruel o aguardava.
Porém o servo implorou:
- Eu o servi fielmente por dez anos, e você faz isso comigo? Por favor, então me dê ao menos dez dias antes de me jogar aos cães?
E o rei, crente que nada poderia mudar nesse período, lhe concedeu o benefício.
Imediatamente o servo foi até o guarda que cuidava dos cães e disse que gostaria de servi-los durante os próximos dez dias. O guarda estava confuso, mas concordou. Durante todo esse tempo, o servo foi dedicado. Alimentou os cães, limpou-lhes, e deu-lhes banhos.
Expirado o prazo, o rei ordenou que buscassem o condenado e que este fosse jogado aos cães para cumprir a punição.
Quando foi lançado, todo mundo ficou surpreso ao ver os temidos e vorazes cães selvagens apenas lamberem os pés do servo.
O rei, perplexo com o que estava vendo, disse:
- O que aconteceu com meus cães? Não servem mais para nada? Nem para punir um infiel?
O servo, calmo, então respondeu:
- Eu servi os cães por apenas dez dias e eles não esqueceram os meus serviços, no entanto, eu o servi por dez anos e você se esqueceu de tudo, no meu primeiro erro.
O rei, abalado, percebeu seu erro e ordenou que o servo fosse salvo.
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