SAÚDE

Mudanças no estilo de vida e atenção são fundamentais para conter diabetes entre jovens

Mudanças no estilo de vida e atenção são fundamentais para conter diabetes entre jovens

Alimentação equilibrada, sono de qualidade e acompanhamento médico são fatores decisivos

Alimentação equilibrada, sono de qualidade e acompanhamento médico são fatores decisivos

Publicada há 1 hora

Foto: Reprodução / Fonte: Getty Images

Da Redação

São Paulo, novembro de 2025 – O diabetes mellitus tipo 2, uma das doenças crônicas mais comuns entre os brasileiros, tem atingido faixas etárias cada vez mais jovens. De acordo com a nova edição do Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), divulgada em abril de 2025, o Brasil tem atualmente 16,6 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos vivendo com diabetes. O tipo 2, que tradicionalmente se manifestava em pessoas acima dos 40 anos, vem afetando cada vez mais adultos jovens, impulsionado por hábitos alimentares inadequados, longos períodos de sedentarismo e privação de sono.

A endocrinologista Patricia Zach, do Hospital Dia Campo Limpo, unidade gerenciada pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), explica que o estilo de vida moderno criou um ambiente propício para o avanço do problema. O consumo frequente de ultraprocessados e bebidas açucaradas, associado à má qualidade do sono e ao estresse crônico, favorecem o ganho de peso e a resistência à insulina, fatores que levam ao diagnóstico cada vez mais precoce do diabetes tipo 2.

Ela aponta ainda que fatores sociais, como a falta de espaços urbanos seguros para a prática de atividade física, dificuldade de acesso a alimentos saudáveis e desigualdades, influenciam esse cenário, especialmente nas populações mais vulneráveis.

“O resultado é o que chamamos de ambiente obesogênico, que torna mais difícil adotar hábitos saudáveis mesmo para quem tem conhecimento e motivação.”

Além disso, o diagnóstico tardio segue sendo um obstáculo. O diabetes pode se desenvolver de forma silenciosa por anos, e muitas pessoas só descobrem a doença após complicações como problemas renais, oculares ou cardiovasculares.

Nos casos identificados precocemente, o controle depende de um conjunto de mudanças graduais. A médica defende a adoção de metas simples, mas consistentes, como caminhar após as refeições, reduzir bebidas adoçadas, montar pratos equilibrados com vegetais, proteínas magras e carboidratos integrais, bem como dormir bem, praticar atividade física e manter o cuidado médico.

“O essencial é ter acompanhamento regular e metas alcançáveis. Pequenas mudanças sustentadas ao longo do tempo são mais eficazes do que tentativas drásticas e curtas”, pontua.

Apesar de avanços tecnológicos, como sensores de glicose e medicamentos com benefícios cardíacos e renais, a médica ressalta que o controle do diabetes continua dependente de educação em saúde e de um sistema que ofereça suporte ao paciente. Ela destaca a importância da atuação multiprofissional, além de medidas públicas de prevenção. “Políticas que favoreçam o consumo de alimentos in natura, a prática de exercícios e a redução de ultraprocessados são decisivas para mudar o quadro atual”, conclui.

Linha de Cuidado de Diabetes fortalece assistência na rede pública 

O enfrentamento ao diabetes passa também pela estruturação de uma rede de cuidados capaz de identificar precocemente a doença e orientar o paciente ao longo do tempo. A Linha de Cuidado de Diabetes, implantada pelo CEJAM em parceria com a SMS-SP, é um dos principais instrumentos voltados a essa missão.

De acordo com Luciana Carvalho, gerente da UBS Parque do Engenho II e uma das responsáveis pela Linha, o modelo organiza fluxos assistenciais, define responsabilidades entre os diferentes níveis da rede e assegura a continuidade do atendimento. A base é a Atenção Primária à Saúde, que realiza triagem, condução do caso e educação em saúde de forma conjunta.

“Nosso objetivo é garantir um cuidado coordenado, com atendimento periódico e acesso facilitado a exames, medicamentos e orientações de autocuidado”, afirma.

Entre as ações desenvolvidas estão a utilização de prontuário eletrônico integrado, que permite o monitoramento dos pacientes e a emissão de alertas, e o trabalho multiprofissional que reúne médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e educadores físicos.

As unidades também promovem atividades comunitárias, como oficinas culinárias, grupos de caminhada e o projeto UBS na Rua, que leva atendimento e informação diretamente às comunidades.

Luciana explica que o acompanhamento inclui ferramentas como o Projeto Terapêutico Singular (PTS) e o Plano de Autocuidado Pactuado (PAP), criados para ajudar o usuário a estabelecer metas realistas e participar ativamente do tratamento. “Quando o paciente compreende seu papel e vê o progresso ao longo do tempo, a adesão aumenta. O cuidado deixa de ser algo imposto e passa a ser uma conquista compartilhada”, diz.

Em 2025, a Linha foi ampliada para abranger todas as faixas etárias, com foco especial na prevenção entre crianças e adolescentes. A proposta é formar uma geração mais consciente e ativa, capaz de adotar hábitos saudáveis desde cedo.

Luciana reforça, ainda, que o objetivo é ampliar o alcance das ações e reduzir, a longo prazo, as complicações e as internações associadas ao diabetes. “Mais do que uma linha de cuidado, é uma linha de vida. Envolve profissionais, comunidade e poder público atuando juntos para transformar a forma como cuidamos da nossa saúde”, resume.

Sobre o CEJAM  

O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com o poder público no gerenciamento de serviços e programas de saúde em São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Campinas, Carapicuíba, Barueri, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Ribeirão Preto, Lins, Assis, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu, Itapevi, Peruíbe e São José dos Campos.

A organização faz parte do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (IBROSS), e tem a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde.

O CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS), tendo conquistado, em 2025, a certificação Great Place to Work. O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.

No ano de 2025, a organização lança a campanha "365 novos dias de saúde, inovação e solidariedade", reforçando seu compromisso com os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).

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