Por Breno Guarnieri

No município, essa é uma situação muito comum, principalmente em bairros mais afastados da região central

Em Fernandópolis, o risco de empinar pipa perto da rede elétrica é que a brincadeira acaba atraindo toda a concentração das crianças e adolescentes. A disputa para cortar a pipa do colega, ou empinar o brinquedo próximo a fios de eletricidade, é rotina entre os jovens que ignoram os riscos a que se expõem e geram para outras pessoas. 

Em um percurso de poucos minutos, a reportagem de “O Extra.net” encontrou a situação na quente tarde de domingo (10), na rua das Orquídeas, no Jardim Paraíso, zona norte de Fernandópolis. Em um único quarteirão estavam concentrados adolescentes tentando “cortar” a pipa um do outro, mães reclamando do risco que a brincadeira gera e ainda havia uma mulher que lamentava os ferimentos sofridos pelo filho, vítima de uma linha com “cortante”, em acidente ocorrido há dois anos.

Na oportunidade, um estudante de 14 anos reconheceu que usa “cortante” para brincar com os amigos. Durante conversa com a reportagem, o garoto empinava uma pipa em meio a postes e fios elétricos. Enquanto contava que, antes da chegada da equipe de “O Extra.net” ao local, havia cortado outra pipa que estava no ar, mas não conseguiu aparar com a linha para conquistá-la, um colega de outro quarteirão, com outra pipa, cortou a dele. “Só presto atenção onde a pipa caíra. Não fico olhando os fios da rede elétrica”, destaca o garoto, que tentou recuperá-la correndo até a esquina, mas ao chegar, outro garoto já tinha pegado a pipa. Sobre os riscos de empinar a pipa entre os fios e usar cortante ele foi enfático: “Todo mundo fala que dá choque, mas não dá”, declarou. O estudante contou que às vezes enrosca e ele tenta puxar ou jogar outra linha para tentar desenroscar.

A mãe de outro garoto, que empinava pipa na mesma rua, disse que não gosta da brincadeira porque é perigosa, mas anteontem havia permitido o filho. Ela disse que tem medo do filho se ferir quando a linha enrosca em um fio eletrocutado.
Na mesma rua, a empresária Camila Tavares, 38 anos, convive com o acidente de um dos filhos, em razão de uma linha com “cortante” ter enroscado em um dos braços do garoto de 13 anos. Ela conta que o acidente ocorreu há dois anos. “A linha cortou bastante seu braço. Hoje se eu vejo alguém com ‘cortante’ eu oriento a jogar fora. Às vezes brigo com os pais também, tem muito adulto incentivando os filhos a usarem cortante”, reclamou.

LINHA NOS FIOS

A concessionária de energia elétrica que atende Fernandópolis divulga que as pipas estão entre as maiores causas de interrupções de energia. O órgão alerta que durante as férias escolares tais ocorrências aumentam.
A concessionária ainda salienta que o ideal é soltar pipas longe da rede elétrica e se acontecer de o brinquedo ficar preso na rede, a melhor coisa a fazer é dá-lo como perdido.