Por Josanie Branco
Dedicação e orgulho por essa ‘Terra Moça’
Wandalice Renesto construiu em Fernandópolis um levado de amigos, admiradores e uma comovente história de vida
Ternura, amor ao próximo e caridade são características marcantes da educadora aposentada, Wandalice Franco Renesto, 89 anos, que encontrou em Fernandópolis um lugar para viver e construir uma bonita história ao lado de sua família.
Acompanhando o esposo Valdomiro Renesto (in memorian), que assumiria a função de cartorário na cidade, Wandalice, que já lecionava, começou a dar aulas, mais tarde sendo aprovada para o cargo de diretora, profissão que exerceu com orgulho até sua aposentadoria.
Em conversa com a equipe de jornalismo deste “O Extra.net”, Dona Wandalice, como é carinhosa chamada por todos, conta com detalhes toda sua trajetória de vida, os serviços voluntários e seu amor incondicional por Fernandópolis, retratado na letra do hino da cidade, que há muitos anos ela compôs.
Ao “O Extra.net”, Wandalice retrata um pouco de sua história e trajetória.
EXTRA: Como foi sua vinda e de sua família para Fernandópolis?
WANDALICE: Fernandópolis nos acolheu há 65 anos, eu, meu querido esposo, com quem me uni em matrimônio no ano de 1947 e meus dois filhos: Beatriz e Vicente de Paulo. A cidade ainda estava em fase de desenvolvimento, mas logo nos adaptamos, tornando parte dessa terra que ‘adotamos’ como nossa. De lá para cá foram longos anos de conquistas, lutas e alegrias que nos tornaram pessoas queridas e respeitadas por todos.
EXTRA: A senhora dedicou parte de sua vida à educação. Como foi esse período de sua vida?
WANDALICE: A educação sempre foi uma grande paixão, desde muito nova eu já estava certa de que seria professora. Logo que cheguei a Fernandópolis comecei a trabalhar na escola JAP, anos depois fui aprovada ao cargo de diretora, fiquei alguns meses em Macedônia e logo voltei a trabalhar em Fernandópolis, na escola Coronel, instituição de ensino que permaneci por 25 anos, até o dia da minha aposentadoria.
EXTRA: Durante toda sua vida sempre esteve a frente de cargos e funções nos mais diferentes trabalhos e projetos. Como a senhora se dividia para exercer múltiplas tarefas?
WANDALICE: Realmente foram muitos trabalhos, tanto para aprimoramento e qualificação profissional, quanto para ações sociais e voluntárias, onde eu dividia meu tempo, com a casa, esposo e filhos, sempre fazendo tudo com muito orgulho e dedicação. Fui líder da Igreja Católica; vicentina por mais de 40 anos; fundadora da APAE - a pedido do juiz de Direito da época; membro da Comissão “Nossa Terra Nossa gente”; fundadora da Volfer e presidente nos anos de 2008 a 2012; membro da Mesa Administrativa da Santa Casa e membro da Comissão Gestora ‘Hospital de Ensino’; membro da “Associação de Amigos do Município de Fernandópolis”. Também ajudei a fundar o “Museu de Imagem e Som de Fernandópolis”; voluntária do Projeto “Os Sonhadores”; membro da Comissão “Pró Hospital de Ensino”; fundadora do “1º Grupo de Jovens Vicentinos de Fernandópolis”; criadora e autora da “Peça das Bonecas Vivas” da escola Coronel, durante 25 anos e autora da letra do “Hino Oficial de Fernandópolis”, também ministrei muitas palestras em instituições e participei de diversas campanhas de saúde realizadas na cidade. Me formei como “Especialista em Educação” pela Faculdade de Jales, fiz pós em “Administração Escolar” e cursei por dois anos Direito na Unicastelo, não podendo concluir a faculdade pois dediquei-me única e exclusivamente para cuidar do meu esposo que estava adoentado, permanecendo ao lado dele até o dia que Deus me permitiu.
EXTRA: O seu trabalho, tanto profissional como voluntário, ganhou destaque na cidade e a trouxe muitos elogios e homenagens. Como a senhora lida com esse reconhecimento até os dias de hoje?
WANDALICE: Trabalhei por quase toda minha vida como voluntária e membro de entidades, atividades que ainda faço com orgulho e nunca ganhei nada por isso. Fico grata por essa consideração e respeito que a população fernandopolense tem comigo. Guardo com carinho cada uma dessas lembranças que fazem parte da minha história de vida, entre as muitas homenagens destaco a “Medalha Centenário do Comando da PM do estado de São Paulo; “Medalha de Honra ao mérito José Bonifácio de Andrade Filho”; Medalhista da Sociedade Heraldica do Estado de São Paulo; 1ª mulher a receber o título de “Cidadã Fernandopolense” em 1968 e “Medalha 22 de Maio”, no ano de 1974; “Honra ao Mérito” pelo Centro do Professorado Paulista; “Professora do ano” pelo Rotary Clube de Fernandópolis; “Professora do ano” pela Loja Macônica ‘Benjamim Reis’; “Honra ao Mérito”, grau colaborador do Ministério do Exército; Medalha “Brigadeiro José Vieira Couto de Magalhaes”, da Sociedade Geográfica Brasileira; “Personalidade da Educação”, pelo Tênis Clube Fernandópolis. Homenagem “Dia da Mulher, Loja Macônica Benjamim Reis; “Menção Honrosa” da Câmara Municipal de Botucatu; Título de “Ðentista Honorário do serviço dentário do Estado de São Paulo”; Título “Educador e Mérito” pelo Rotary Clube de Fernandópolis; Título “Mulher Cidadã de Fernandópolis”; Título “Cidadã Ilustre”, da Secretaria da Assistência Social e Cidadania, “Mestra do Ano” da Associação de Amigos, “Diploma de Honra ao Mérito” do Consulado Geral do Japão no Estado de São Paulo e no final do ano passado, “Medalha de Ouro” da Associação de Funcionários Públicos do Estado de São Paulo.
EXTRA: Dentre tantos reconhecimentos que a tornaram uma personalidade de Fernandópolis, o Hino ocupa destaque. Como e quando ele foi originado?
WANDALICE: A história é bem interessante. A composição não tinha como objetivo se tornar um hino, mas sim atender ao pedido de um padre em meados de 1954. O sacerdote estava construindo salas para catequese ao redor da capela e me pediu para escrever um poema, que, em seguida, ele iria musicar e ensinar as crianças que faziam catecismo. Em pouco tempo todos começaram a cantar, não só na Igreja, mas também na escola e por toda cidade. Anos mais tarde o prefeito Dr. Percy Valdir Semeghini ouviu seus filhos cantarolando a música e gostou, oficializando-a como Hino de Fernandópolis.
EXTRA: Como se sente vendo as pessoas cantarem um hino de sua autoria e que ganhou tamanha importância para Fernandópolis?
WANDALICE: É algo difícil de explicar, mas todas as vezes que ouço o hino sinto uma grande emoção, assim como da primeira vez. É um orgulho imenso fazer parte da história dessa cidade que é tão especial para mim.
EXTRA: Acompanhando a história da cidade há tanto tempo, em sua opinião quais os maiores marcos que Fernandópolis já teve?
WANDALICE: Para mim, sem dúvidas, o que mais deixou saudade foram as festas cívicas realizadas no aniversário da cidade, com lindos desfiles das escolas. O evento trabalhava de forma muito criativa o desenvolvimento cultural, com coreografias e belíssimas apresentações. Tudo tinha um motivo e histórias muito bem contadas, as escolas se esmeravam nesta data e nem chuva, nem sol impediam que as festas cívicas acontecessem na cidade.
EXTRA: Na próxima segunda-feira Fernandópolis comemora 78 anos, o que a senhora espera para essa terra?
WANDALICE: Eu e meu marido, depois com meus filhos, netos e agora bisnetas, vimos Fernandópolis obter importantes conquistas em prol do desenvolvimento, uma pacífica cidade que com os passar dos anos foi crescendo, atraindo novos moradores, investidores e melhorias. O que mais quero é que um dia a classe política tenha coragem de, realmente, se unir por Fernandópolis, sem partido, sem religião, mas por uma nobre causa: “que todos se unam pelo verdadeiro desenvolvimento dessa terra”, para isso os homens precisam deixar de ser egoístas. Eu confio na atual administração, temos um jovem cheio de planos no poder e que muito poderá fazer. Espero que o André seja feliz em suas escolhas como prefeito, para que, consequentemente, haja a felicidade de todos os fernandopolenses.
Wandalice Renesto: respeitada por todos os fernandopolenses
