HISTÓRIAS DO T

Lembra dos velhos e bons tempos da nossa infância?

Lembra dos velhos e bons tempos da nossa infância?

Por Claudinei Cabreira

Por Claudinei Cabreira

Publicada há 7 anos


Será que você ainda temgravado na memória, o cheiro das manhãs e dos sons dos dias da sua infância? Será que você ainda se lembra dos quintais de antigamente? Na cidade ou no campo, todas as casas tinham imensos quintais e todos tinham goiabeiras, mangueiras, laranjeiras, amoreiras e bananeiras. E todo menino do meu tempo aprendeu muito cedo subir em árvores e lá no alto, comer os frutos apanhados na hora.


Quem nunca caiu um belo tombo de mangueira depois de um ataque de marimbondos ou de um galho que de repente se partiu ao meio? Quem nunca tomou um susto ao dar de cara com uma cobra cega ziguezagueando no fundo do quintal? Os meninos da minha geração eram curiosos, arteiros, meio que Indiana Jones, e adoravam se aventurar pelos quintais e quiçaças das redondezas da cidade.


O ribeirão Santa Rita, ali nos fundos da Cesp, por exemplo, foi por muito tempo a piscina onde eu e meus amigos, aprendemos a nadar. Mas prá ficar craque no mergulho, nas braçadas e não morrer afogado, primeiro era preciso passar por um estranho ritual: engolir um Guarú (pequeno peixinho) vivinho da silva. Aí podia pular na água que não tinha perigo! Santa inocência.


Mas bem melhor que explorar os quintais das nossas casas, desembestar pelas matas e córregos em busca de aventuras, bom mesmo era “apanhar” furtivamente frutas nos quintais da vizinhança. As frutas dos vizinhos sempre eram mais saborosas. E para isso, era preciso coragem, rapidez de raciocínio, estratégia e muita ousadia.


Imagine o que era ser flagrado pelo dono do quintal ou por um cachorro bravo. O jeito era sair correndo, atravessar a cerca de arame farpado ou pular o muro, sem saber o que encontrar do outro lado. A palavra adrenalina ainda não tinha sido inventada, mas todo mundo sabia muito bem o que era isso. Quem nunca fez uma traquinagem dessas, nunca saberá de fato como foi viver perigosamente.

   

Mas nem só de traquinagens viviam os meninos do meu tempo. Era preciso ajudar nossas mães, que davam um duro danado para cuidar das tarefas domésticas e da filharada. Então era preciso ter “muque” para ajudar tirar baldes e baldes de água do poço, no sarilho, encher tambores de reserva, para depois regar a horta e os canteiros de flores e pés de frutas do quintal, usando os antigos regadores com chuveirinho.


 Água encanada era privilégio só das famílias que moravam no centro da cidade. Luz elétrica também. Me digaamigo leitor aí, como fazer para explicar isso para as crianças de hoje em dia?


Hoje,por falta de espaço, a maioria dascasas não têm mais os quintais como antigamente e isso me parece uma brutal traição à infância. Por sorte, nossa casa ainda tem um bom quintal gramado, algumas plantas ornamentais, um pé de mangas Palmer, jabuticabeira, coqueiros, limoeiro, goiabeira, amoreira, um pé de acerola, uma grande parreira de uva Itália misturada com Rubie outra com dois tipos de Maracujá. Nosso quintal é a nossa Shangri-lá!.


A alegria das nossas netinhas é brincar no quintal da casa da Vovó, onde pode tudo.  Ali aprendem ao vivo um pouco de ecologia, andando descalças no gramado, interagindo com pardais, bem-te-vis e beija-flores...fora a alegria de ajudar a Vovó colocar água para os passarinhos e molhar as plantas.Dia desses, ao anoitecer, a pequena Mariana, de cinco anos e meio, foi embora chorando, porque não deu tempo de jogar água para as plantas, “que estavam com sede”. A vida é mágica.


Não que eu esteja saudosista, mas que o mundo era mais bem mais divertido, simples e saudável, isso era! E não é preciso ir até o "tempo dos nossos avós", não.  Acontece que hoje, o mundo está acelerado demais; as pessoas não têm mais tempoprá quase nada, e às vezes fica muito difícil lidar com essa nova geração Y (bem essa, dos nossos netos), os nativos digitais. Tudo muito rápido, mudando a todo instante, muita liberdade virtual e pouca vivência real. Uma pena. Semana que vem tem mais. Até lá.




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