DADOS

Juro do cartão de crédito é o maior em mais de 20 anos

Juro do cartão de crédito é o maior em mais de 20 anos

Cheque especial, a segunda maior taxa de juros para a pessoa física, ficou em 11,46% ao mês e 267,64% ao ano, alta de 0,88% na comparação com março

Cheque especial, a segunda maior taxa de juros para a pessoa física, ficou em 11,46% ao mês e 267,64% ao ano, alta de 0,88% na comparação com março

Publicada há 8 anos

Taxa fechou abril com alta de 0,40% em relação a março, a 11,46% ao mês e a 435,58% ao ano



Da Redação


Os juros do cartão de crédito são os vilões do endividamento de muitos consumidores e a situação ficou ainda pior em abril. A taxa média cobrada no mês para a linha de crédito chegou a 15,01% e a anual saltou para 435,58%, uma elevação de 0,40% na comparação com março. Essa é a maior taxa para o cartão de crédito em mais de 20 anos, perdendo apenas para a taxa registrada em outubro de 1995, quando o juro mensal era de 15,43% e o anual, de 459,53%. 


Mas essa não foi a única alta no período. Todas as seis taxas de juros para pessoa física fecharam abril com alta. Essa foi a 19ª elevação consecutiva. Desde setembro de 2014 que não há uma redução. Os dados são da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). 


A taxa de juros média geral para pessoa física subiu 0,76% no mês, passando de 7,89% ao mês (148,76% ao ano) em março para 7,95% ao mês (150,42% ao ano) em abril, sendo esta a maior taxa de juros desde novembro de 2003. O cheque especial, a segunda maior taxa de juros para a pessoa física, ficou em 11,46% ao mês e 267,64% ao ano, alta de 0,88% na comparação com março e o maior valor desde julho de 1999. Segundo o diretor executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, as altas constantes são resultado do crescimento nos índices de inadimplência. 


“Este cenário se baseia no fato dos índices de inflação mais elevados, aumento de impostos e juros maiores reduzirem a renda das famílias. Agregado a isto a recessão econômica, o que deve promover no crescimento dos índices de desemprego. Tudo isto somado e o fato de que as expectativas para 2016 serem igualmente negativas quanto a todas estes fatores leva as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência.” Com isso, o consumidor entra em uma espiral difícil de sair, diz o economista Bruno Sbrogio. 


“Os bancos aumentam seus juros por causa do crescimento na inadimplência, mas, com isso, só piora a situação do consumidor que está inadimplente e, também, daquele que está caminhando para isso. Se ele não tinha como pagar sua dívida antes, com os juros cada vez mais altos, as chances diminuem.” Por isso, ao primeiro sinal de dificuldade, o consumidor deve tentar negociar sua dívida. “Os bancos e operadoras de crédito estão sempre abertos a discutir e renegociar. Até eles sabem que os juros são exorbitantes, por isso, normalmente, oferecem uma redução considerável no valor final depois da negociação”, aconselha Sbrogio. 


A única forma de reverter este cenário é com uma mudança estrutural política e econômica, afirma o consultor financeiro João Elias Martins. “Estamos em um ciclo vicioso provocado por fatores macroeconômicos. Menos crédito, menos consumo e menos crescimento. Isso tudo resulta em menos emprego, menos consumo, menos crescimento econômico. E assim segue. Precisamos de uma política fiscal e estímulo para a indústria e o consumo.”

últimas