ARTE SOB CENSUR
Adiamento da mostra sobre Frida Kahlo no FLIV é alvo de protestos em todo o país
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Notícia do cancelamento da exposição sobre a diversidade humana no Festival Literário de Votuporanga repercutiu a nível nacional
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Retrato presente na exposição 'Todos Podem Ser Frida'
Livia Caldeira
Após a abertura da mostra ‘Todos Podem Ser Frida’ ter sido cancelada no Festival Literário de Votuporanga - Fliv, manifestações contra a decisão surgiram em todo o país.
A pedidos da população local, a prefeitura de Votuporanga decidiu adiar a mostra, que deveria ter sido exibida no último sábado, 8, para dezembro, em data a ser definida. Em nota divulgada no site, a prefeitura informou nesta semana que famílias, líderes religiosos e vereadores solicitaram que a exposição não fosse aberta durante o evento. A decisão, que foi noticiada pelos principais meios de comunicação do Brasil, gerou polêmica e dividiu opiniões.
Idealizada pelo Museu da Diversidade Sexual, em 2014, a mostra reúne retratos de modelos inspirados na artista plástica mexicana e propõe ao público uma experiência interativa.
IDEALIZADORES LAMENTAM CENSURA
No Facebook, o museu lamentou o ocorrido e disse que a mostra é “uma exposição lúdica e participativa, que se transformou em símbolo dos direitos humanos, principalmente na luta pela equidade entre mulheres e homens”.
POLÍCIA E DISCUSSÕES NA CÂMARA DE VOTUPORANGA
A Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Votuporanga desta semana teve como assunto principal a exposição "Todos Podem ser Frida" e foi marcada por muito tumulto e discussões. Manifestantes favoráveis à atividade participaram da sessão, demonstrando indignação diante da decisão de cancelar a exposição.
Após alguns minutos de interrupção e muita discussão entre pessoas contrárias e favoráveis à mostra, a sessão foi retomada. Policiais militares precisaram colaborar nos trabalhos para evitar que algo grave acontecesse.
OPINIÕES DIVERGENTES
A Reportagem entrou em contato com moradores de Fernandópolis e região, que se manifestaram a respeito do ocorrido:
"Sou totalmente contra qualquer tipo de censura a produtos da arte. Assim como qualquer decisão, mesmo o local sendo aberto ao público, entra quem quer, frequenta quem quer e participa quem quer. Sendo a Mostra divulgada, só irá visitá-la quem tiver interesse. Só irá participar quem se sentir à vontade. Acho uma barbárie ainda existir censura a eventos culturais, pois não acredito que esses eventos, sejam presenciais, digitais ou televisivos irão influenciar no comportamento de quem quer que seja e, infelizmente, o conservadorismo (hipócrita) da sociedade de hoje atrapalha em muito na divulgação e propagação de novos conceitos e novas as ideias".
(Lilian Castilho - Jornalista)
"Desde de o ano passado, já comecei a tratar com a minha filha, de 8 anos de idade, sobre diferentes temas que acho necessário, como por exemplo, os vários arranjos de famílias existentes. Ela não teve grandes dificuldades para entender isso e aprendeu da melhor forma possível o significado de amor e respeito ao próximo. Cada pai deve ter o direito de decidir sobre a educação do próprio filho, quais temas abordar, de que maneira e onde levá-los. Eu gostaria de ter ido a exposição em questão do FLIV com minha filha, ter tido a chance de levá-la, pois quem decide os nossos passeios, somos nós duas. Me senti privada de tomar essa decisão com minha filha, por um grupo de pessoas que nem conheço".
(Amanda Silva - Assistente Social)
"Eu concordo com a decisão de cancelar a mostra. Sou contra a exposição “Todos Podem ser Frida”, acredito que crianças não devem ter acesso a esse tipo de conteúdo. Eu, como pai, jamais levaria minha filha para ver esse tipo de 'arte'".
(Diogo Moraes - Educador Físico)