ARTIGO

Foi maldade!

Foi maldade!

Por Paulo Cesar

Por Paulo Cesar

Publicada há 5 anos

Na manhã de quarta-feira (13/03/2019), estava trabalhando quando ouvi a notícia pela televisão. Massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, de Suzano: 10 mortos, 11 feridos. A princípio, dois foram os criminosos. Agora, surge um terceiro suspeito, cujo nome não está sendo mencionado por se tratar de menor de idade. 

A Polícia Civil investiga se o rapaz participou do planejamento do ataque à escola, onde ele também estudou com um dos dois assassinos, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos.

O adolescente concedeu uma entrevista à Record TV na quinta-feira (15/03), e disse que o amigo queria matar pelo menos 50 pessoas. Disse ainda que Guilherme não era alvo de bullying: "Ele não sofria bullying. Ele era o cara que fazia bullying".

Ora, durante a minha infância, confesso que já fui alvo de bullying. Não concordo com as pessoas que dizem que “esse negócio de bullying é bobagem. Na minha época, não existia”. SEMPRE EXISTIU! Eu sei o quanto é doloroso sentir-se alvo de gozação perante um grupo com o qual você tem que conviver. Se você não aceita o esculacho dos colegas, o isolamento é natural. Depois, em regra, ficamos mais seguros, encontramos nosso caminho e a vida segue. Pelo menos, deveria ser assim.

Acontece que, para alguns, as cicatrizes ocasionadas nessa crítica fase da adolescência, fase de autoafirmação, são muito profundas. Extremamente traumáticas. Foi então que, refletindo sobre o porquê dessa tragédia, não demorei em rotular: eis aí uma vítima não curada do bullying escolar. Mas não! Ao que parece, os assassinos não eram vítimas de bullying. Eram praticantes. Eles eram maus. E a explicação que eu encontrei para o ocorrido (tenho mania de tentar encontrar uma explicação para tudo), foi a maldade e a vontade de matar, de machucar pessoas.   

Afinal, quais os motivos que levam um indivíduo a agir violentamente? Duas posições costumam polarizar-se. De um lado, alguns defendem que o comportamento cruel é uma questão de caráter. Para estes, o mal seria algo inato, já nasce com a pessoa. As pessoas são ruins! Do outro lado, alguns defendem que os indivíduos violentos são apenas vítimas do ambiente em que cresceram, traumatizados por uma sociedade desigual e insensível. As pessoas ficam ruins!

Nem todas as pessoas que passam por situações traumáticas desenvolvem algum tipo de comportamento antissocial lesivo a outrem. A maioria consegue superar as adversidades e levam uma vida relativamente normal. E os que não superam, também podem seguir seus caminhos sem ferir ninguém. 

De um ex-gordinho que superou os traumas escolares.

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