Estava voltando de Campo Grande/MS com meus pais, quando li algumas notícias que me entristeceram profundamente. E ali, trafegando naquelas mal conservadas estradas do Estado do Mato Grosso do Sul, desviando dos buracos que surgiam em nossa frente e também desviando dos caminhões que invadiam a nossa pista (estes desviando dos buracos da pista contrária), pensava o quanto somos frágeis diante morte. Confesso que queria escrever sobre qualquer outra coisa, mas isso está martelando em minha cabeça.
Não sei se você já perdeu um ente querido. Penso que perder alguém tão próximo e de forma tão inesperada equivale a ter arrancado de si um pedaço. É o que dizem as mães ao perderem seus filhos: “arrancou um pedaço de mim”. Nunca passei por uma situação como essa, mas a sensação realmente deve ser devastadora, parecida com a amputação de um pedaço do corpo, mas sem anestesia. Nem sempre dá para superar.
Acredito que só quem já passou por isso conseguiria descrever o tamanho da dor e do vazio que é perder um filho. Aliás, acho que não dá para descrever. Alguns sentimentos não podem ser traduzidos em palavras. Impossível. E o que dizer a essas pessoas? Ou, se você é uma dessas pessoas, o que fazer? Como seguir em frente carregando o peso de uma saudade que não tem fim?
Há quem diga que devemos preencher o vazio da ausência com as alegrias que a presença daquela pessoa nos proporcionou. “Preencha a dor da ausência com as alegrias da presença”. Por exemplo, se você conviveu 20 anos com alguém, então você tem 20 anos de presença para agradecer e se lembrar. Não deixa de ser uma proposta psicológica interessante.
Como eu disse, nunca passei por isso. Mas eu prefiro uma outra proposta. Você há de concordar em uma coisa comigo: não dá para entender ou aceitar a vida sem a perspectiva de que ela continua. Prefiro pensar assim, que a morte está bem longe de ser o fim e que, depois da morte física, a vida continua.
Eu quero acreditar que, um dia, todos os que amamos vão estar, em algum lugar, nos esperando, de braços bem abertos. Aos que perderam seus filhos, um abraço bem forte e um “eu estava com saudades mamãe/papai.” Eu quero acreditar que a vida é muito mais do que aquilo que podemos ver. Eu quero acreditar que os laços de amor que construímos aqui perpetuam-se na eternidade. Aliás, eu quero acreditar na eternidade. Eu quero acreditar que nada é em vão, que não estamos aqui por acaso. Quero acreditar que Deus tem um propósito e uma missão para cada um de nós. Quero acreditar que a vida é muito mais do que podemos ver. Quero acreditar que a morte está bem longe de ser o fim.
A vida continua!