No segundo dia do Encontro Anual da ASCO, em Chicago (EUA), foram apresentados estudos que reforçam a importância da vacinação contra o HPV para prevenir tumores de canal anal e de colo uterino. No entanto, apesar dessa recomendação, no Brasil estima-se que apenas 48,7% de meninas de 9 a 14 anos, população-alvo recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foram imunizadas.
"Sabemos que a vacinação do HPV está incluída no calendário da saúde do País, mas temos percebido uma diminuição na procura da vacina. Isso não pode acontecer de jeito nenhum. Se a gente conseguir vacinar todas as meninas e os meninos abaixo de 13 anos, a diminuição dessas doenças será muito efetiva", diz o oncologista Roberto Gil, do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro.
De acordo com ele, tanto o câncer de canal anal quanto de colo uterino são preveníveis pela vacinação do HPV. "Na Austrália, por exemplo, 90% das pessoas são vacinadas e lá a curva de incidência da doença tem diminuído muito", reforça o Dr. Roberto. Para o oncologista, a vacinação deve ser em larga escala.
O câncer anal ocorre no canal e nas bordas externas do ânus. Esse tipo de tumor representa de 1% a 2% de todos os tumores colorretais e de 2 a 4% de todos os tipos de câncer que acometem o intestino grosso, mas sua incidência tem aumentado principalmente em decorrência da infecção pelo HPV (Papilomavirus humano) e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Por isso, duas das principais ferramentas para redução dos riscos são o uso de preservativo (camisinha) e a vacinação contra o HPV, o que evita o contágio com vírus e bactérias transmitidos por contato sexual e que estão diretamente relacionados com o desenvolvimento desse tipo de câncer.
Já o câncer de colo de útero, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), atinge 16 mil mulheres no Brasil por ano, o que já faz dele o terceiro tipo de câncer mais prevalente entre a população feminina. A doença é silenciosa e, por isso, em cerca de 35% dos casos acaba levando à morte. A preocupação acerca dos crescentes índices da doença aumenta quando analisado o principal causador da condição: o contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV.
Mais comum tipo de infecção sexualmente transmissível em todo o mundo, o vírus HPV atinge de forma massiva a população feminina. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao menos 5% dessas brasileiras irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a 10 anos, uma taxa que preocupa os especialistas.