O diagnóstico é unânime: precisamos melhorar o nível do ensino no Brasil. Todas as nações que conseguiram dar um salto de qualidade em seus índices sociais e econômicos investiram maciçamente em educação. A Coreia do Sul é um exemplo a ser seguido. A prioridade dada ao ensino foi a causa do rápido crescimento econômico do país. Em 1960, ela apresentava níveis de desenvolvimento comparáveis aos dos países mais pobres da Ásia. Em 2004, seu PIB (Produto Interno Bruto) ultrapassou um trilhão de dólares e o país figura atualmente como a 11ª economia do mundo, exportadora de tecnologia de ponta.
No Brasil, os nossos alunos estão passando pela escola e não estão recebendo uma educação de qualidade. Vários fatores podem ser apontados como causas desta situação. Na minha opinião, a principal razão é a falta de valorização da carreira do magistério. Valorização econômica e social. O professor deve ter uma remuneração condizente com a importância de sua missão.
Não há ensino de qualidade sem professores capazes e motivados. Não adianta investir em estrutura, tecnologia, material didático. Não adianta alterar o currículo ou aumentar a carga horária. Tudo isto ajuda, mas nada acontece sem a intervenção de um professor preparado e comprometido com o desenvolvimento de seus alunos.
Esporadicamente, somos surpreendidos por relatos dos meios de comunicação, exaltando casos de resultados educacionais extraordinários, obtidos por pequenas escolas do interior do Brasil. Escolas sem infraestrutura, sem tecnologia, sem material didático, sem apoio algum. Invariavelmente, ao longo da reportagem, constatamos que por trás desses resultados excepcionais está o trabalho de um professor também excepcional. Um idealista, que consegue superar as carências locais com a determinação daqueles que amam a sua profissão. Esses casos isolados confirmam, de maneira inequívoca, a importância do professor no processo educativo.
Mas o Brasil não pode viver de exceções, de casos esporádicos, de profissionais mal remunerados que superam as dificuldades pelo amor ao seu ofício. É preciso que o magistério volte a ser uma profissão sedutora. É preciso atrair para o ensino os melhores talentos. E este objetivo só poderá ser alcançado se forem oferecidos bons salários.
Mas bons salários só devem ser pagos àqueles professores que demonstrarem possuir as qualificações exigidas e que cumprirem as metas estabelecidas pela Administração. A valorização da carreira tem que estar vinculada à qualificação técnica e à produção de resultados. Transformações como esta não se realizam em prazo curto. Além do aumento significativo do investimento, será preciso tempo. Foram muitos anos de abandono, que não podem ser recuperados de uma hora para outra.
Voltemos ao exemplo da Coreia do Sul. Lá, os professores recebem altos salários e estão entre os membros mais respeitados da sociedade. Os estudantes mais talentosos disputam acirradamente as provas seletivas para entrarem nas cobiçadas faculdades do magistério. Precisamos reproduzir este exemplo aqui.
Talvez, tão cedo, a situação econômica do Brasil não permita que se realize uma transformação desta magnitude na nossa educação. Como aumentar tão substancialmente o salário dos professores num país com tantas carências? Se agora não dá, vamos continuar onde estamos. Mas temos que pensar neste caminho para o futuro. Quanto mais cedo começarmos, mais cedo colheremos os frutos.
Fernandópolis, 13 de janeiro de 2020.