RECUPERAÇÃO
Idoso de 72 anos se emociona ao receber alta sob aplausos após 32 dias internado por Covid-19: 'Lutei contra a morte'
Idoso de 72 anos se emociona ao receber alta sob aplausos após 32 dias internado por Covid-19: 'Lutei contra a morte'
Ele foi autorizado a voltar para casa, mas vai continuar fazendo fisioterapia para recuperar os movimentos das pernas
Ele foi autorizado a voltar para casa, mas vai continuar fazendo fisioterapia para recuperar os movimentos das pernas
Da Redação
Ao 72 anos, o aposentado Osvaldo Patrício Silva, morador de Catanduva, afirma que já venceu diversas batalhas ao longo da vida. Contudo, a principal delas foi comemorada nesta quinta-feira, 23, data em que recebeu alta de um hospital particular depois de permanecer por mais de 30 dias internado lutando contra a Covid-19.
“Foi uma experiência terrível. Eu sempre fui muito descrente das coisas. Eu vou pela minha vontade e minha cabeça. Acontece que nem sempre temos razão e eu aprendi da forma mais difícil”
Osvaldo começou a apresentar os sintomas da doença depois de retornar do município de Bertioga, litoral de São Paulo. Na época, ainda não existiam recomendações para evitar viagens no território brasileiro.
Outros parentes do idoso também notaram sintomas associados ao coronavírus, entre eles, o cunhado, a mulher, um dos filhos e o neto. No entanto, somente o quadro de Osvaldo se agravou. O restante permaneceu em isolamento e sem precisar de atendimento especializado.
“Como já estávamos acompanhando as notícias, nós começamos a pensar que poderia ser a doença e pedimos várias vezes para ele [Osvaldo] ir ao hospital, mas não teve como”, diz um dos três filhos do aposentado, Luciano Marcos da Silva, de 50 anos.
Mesmo relutando em procurar ajuda, Luciano, que atua como professor de educação física, levou o pai ao hospital em 22 de março, data em que Osvaldo começou a sentir falta de ar. “Caiu minha ficha que poderia ter sido infectado pelo novo coronavírus”, afirma o idoso.
O aposentado foi internado imediatamente e foi submetido a exame. O resultado positivo saiu cerca de uma semana depois. “Eu o levei, o coloquei em uma cadeira e depois não o vi mais. É uma angústia muito grande”, relembra o filho do aposentado.
Osvaldo, que afirma não ter nenhuma comorbidade, precisou ser entubado e ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Eu fiquei 32 dias internado, em tratamento, lutando contra a morte. Os médicos disseram que eu fui embora, mas que conseguiram me trazer de volta”, conta o idoso.
A alta hospitalar prescrita na quinta-feira foi comemorada com muita felicidade. Um vídeo mostra o momento em que o aposentado é carregado em uma cadeira de rodas até a saída do hospital. Emocionado, ele chora e agradece a todos, enquanto os familiares matam a saudade
Mesmo ficando entre a vida e a morte, Osvaldo afirma que a doença fez com ele enxergasse que precisa começar a viver de uma forma diferente e a acreditar naquilo que, às vezes, foge de seu entendimento.
“A alta renovou minha confiança em Deus, comecei a acreditar em muitas coisas que não acreditava antes e a agir de maneira diferente. Não somos superiores a ninguém, muito menos ao vírus”, conta o idoso.
“Ninguém na terra é um super-herói. Não existe Capitão Marvel e Homem-Aranha. Existe o ser humano a serviço da vida. Enquanto estivermos aqui, temos que viver intensamente, cuidando da nossa saúde, acreditando no que as pessoas estão lhe dizendo, porque uma hora ou outra você vai encontrar a prova de que estava errado”, finaliza.
Considerado curado depois de o último exame dar negativo para o Sars-CoV-2, Osvaldo retornou ao imóvel onde mora com a família.
Ele diz que vai precisar fazer fisioterapia para recuperar os movimentos da perna. “Ainda não posso chutar bola com meu neto, mas o pior já passou e vou me recuperar”, diz o aposentado.
Como o idoso vai precisar de ajuda, Luciano passou por treinamento intensivo para aprender os cuidados que deverá tomar com o pai em casa.
“Esses três últimos dias eu acompanhei meu pai para saber como agir na hora de comer, tomar banho e tudo. Foi gratificante demais ter contato com as pessoas que cuidaram dele no hospital. Só tenho a agradecer por tudo que os profissionais da saúde fizeram por ele”, diz o professor de educação física.
Fonte: G1