CRISE
Grupo Petrópolis demite 179 funcionários e admite fechar cervejaria em MT
Grupo Petrópolis demite 179 funcionários e admite fechar cervejaria em MT
O número inicial de cortes representa 11% do quadro total de colaboradores
O número inicial de cortes representa 11% do quadro total de colaboradores
Da Redação
Segundo maior polo industrial de Mato Grosso, Rondonópolis corre o risco de perder uma de suas principais referências: a Cervejaria Petrópolis.
Entre os maiores empregadores da cidade, com quase 750 empregos diretos, e gerador de impostos do município, a fabricante de cervejas teve o seu regime de incentivos fiscais anulado por decisão judicial, tornando a operação no estado pouco competitiva, fato ocorrido em meio à crise econômica provocada pelo novo coronavírus (Covid-19).
A empresa anuncia que terá que demitir, a princípio, 179 funcionários em diversas cidades do estado, como Cuiabá, Alta Floresta, Água Boa, Juína, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra e Rondonópolis, que por deter a grande maioria dos 1.516 empregados do estado, será a cidade mais afetada.
“Reduzimos a carga horária, demos férias aos funcionários e procuramos alternativas, mas agora chegamos ao limite. Sem o apoio de antes, teremos que rever nossa operação no estado” argumenta Marcelo de Sá, Diretor de controladoria. “Sabemos de nosso papel social na geração de emprego e renda, além de ser um importante fomentador das economias locais, mas, infelizmente, o número de demissões tende a aumentar caso essa decisão se mantenha”, reitera.
Atraída ao Mato Grosso graças ao Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) e pelas políticas públicas que visavam o desenvolvimento regional, em abril deste ano, por decisão judicial, a empresa teve seu incentivo anulado.
Fato que causou surpresa, visto que, após 10 anos de fruição do incentivo, sem nenhum apontamento em contrário, a companhia sempre cumpriu com todas as obrigações.
No entanto, no início de 2018, com a posse do atual Secretário de Fazenda, Rogério Gallo, começaram uma série de ações direcionadas do estado que resultaram na inovadora decisão do Juiz João Thiago de França Guerra, da vara de Fazenda Pública de Cuiabá.
Essa mudança, além de gerar insegurança jurídica, faz com que o Mato Grosso se torne pouco competitivo frente a outros estados. Colocado erroneamente como prejuízo aos cofres públicos ou perda de arrecadação, a política de incentivos fiscais é, na verdade, uma forma de potencializar o desenvolvimento local, gerando empregos e renda para milhares de famílias.
E os dados mostram que o Prodeic obteve sucesso: em estudo de 2018 da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), endossado pelo governo estadual, apontou que o programa teve impacto direto na economia e, para cada real investido, gerou R$ 1,25 ou mais de retorno para os cofres públicos.
Rondonópolis é um exemplo da força dessa iniciativa. Em 2008, a cidade entrou no mapa cervejeiro nacional com a inauguração de uma das mais modernas fábricas da bebida no país. A unidade, com capacidade para 3 milhões de hectolitros/ano, é a base de fabricação de marcas como Crystal, Itaipava, Petra, entre outras, enviadas para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Rondônia, Acre e Goiás, por exemplo. Somente em salários, encargos e benefícios, são quase R$ 44 milhões todos os anos no município, em um efeito multiplicador no comércio e prestação de serviço locais.
Além da fábrica em Rondonópolis, o Grupo Petrópolis possui no estado outros 17 centros de distribuição próprios. Desde a inauguração, a empresa já investiu mais de R$ 600 milhões no Mato Grosso, tendo folha de pagamento superior a R$ 104 milhões anuais. No ano passado, foram quase R$ 125 milhões em impostos (ICMS, ST, IPI, etc), R$ 36 milhões investidos em instalações, ativos e maquinário, R$ 10 milhões gastos somente com combustível e mais de R$ 72 milhões na contratação de frete terceirizado no Mato Grosso.