ARTIGO

SINAIS

SINAIS

Por Sérgio Piva

Por Sérgio Piva

Publicada há 3 anos

A expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado nas últimas décadas. Segundo o IBGE, os moradores do sul têm a maior expectativa de vida em todo Brasil. Portanto, se quer viver mais, mude para Santa Catarina ou Rio Grande do Sul e, por via das dúvidas, comece a tomar chimarrão. 

Uma coisa é certa, seja qual for o tempo que tenhamos, a maioria de nós vai envelhecer. Como diz o músico e poeta Arnaldo Antunes em sua música “Envelhecer”: “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”. 

Ainda assim, há uma resistência das pessoas em seguir o ritmo natural da vida. Querem segurar os ponteiros do relógio, como se ele fosse o grande culpado, acusação eternizada nos versos de Mário Quintana: “O mais feroz dos animais domésticos / é o relógio de parede: / conheço um que já devorou / três gerações da mina família”. 

Outro exemplo está na obra de Oscar Wilde, “O Retrato de Dorian Gray”, na qual o jovem Dorian, corrompido pela natureza destrutiva e hedonista do personagem Lord Henry, passa a ver o lado fútil da vida e tenta eternizar sua beleza juvenil. 

Sem analisar pelo critério do tempo de vida, como posso saber se estou envelhecendo, ou se já envelheci? Sim, porque a idade cronológica é diferente da idade mental e emocional. Tem gente velha aos vinte anos e jovem aos setenta. Quais, então, são os sinais que indicam o envelhecimento?

Desconsiderando o aspecto físico, que está sendo disfarçado atualmente pelas cirurgias plásticas, deixando a cara mais esticada que couro de gato em tamborim (Já que a beleza não é eterna, pelo menos o sorriso será), existem outros detalhes que entregam a idade, especialmente a do homem, uma vez que a mulher é mestre do disfarce. 

Colocar aquele monte de papel no bolso da frente da camisa é um sinal claro da idade avançando ladeira acima, numericamente falando. Molho de chaves pendurado no passante da calça, balançando e tilintando pelo caminho afora, outro. 

Tem mais. Chamar adolescentes de molecada, jovem de vinte anos ou mais de menino ou menina, acordar cedo para varrer calçada, chegar antes do mercado abrir e ficar na fila do lado de fora, assistir ao programa de Inezita Barroso ou do Rolando Boldrim. 

Mais ainda. Achar que todo som está alto demais, falar “no meu tempo”, “na minha época”, “não se faz mais (qualquer coisa) como antigamente”, ser expulso da sala pelos filhos que trouxeram os amigos para jogar video game, usar chinelo com meia, usar óculos bifocal ou dois óculos pendurados no pescoço por um cordão, chamar o aplicativo de “zap-zap”, não conseguir falar o nome do supermercado Sakashita, nem qualquer outro nome que tenha duas consoantes juntas.

Não acabou. Levantar da cama para ver se trancou a porta ou se não tem nenhum botão do acendedor do fogão ligado, não sair de casa sem blusa quando o destino for mais de vinte quilômetros, começar a trocar os nomes dos filhos (especialmente se a família é grande), e mais tantas outras manias e hábitos. A lista é grande. Quem tiver sua própria lista, por favor, envie para meu e-mail, preciso desses dados para um checklist pessoal.

Se não existe, ainda, elixir da juventude, máquina do tempo e maneira de segurar os ponteiros do relógio, pelo menos disfarce e evite alguns desses hábitos e manias. Rejuvenescimento garantido. Mais que creme da Avon. Afinal, passar muitos cremes caros em várias partes do corpo é outro sinal.


Sérgio Piva

s.piva@hotmail.com 

     

últimas