O racismo, algo abjeto, desprezível e condenável, surgiu da crença de que os humanos são divididos em raças e, pior, que existe superioridade racial. Este pensamento serviu de subterfúgio para justificar as mais variadas formas de dominação e exploração, dentre elas, a escravidão, que, no Brasil, durou quase 390 anos e foi uma das mais cruéis e longevas da história da humanidade.
O preconceito racial, uma das mais nefastas consequências do racismo, é causa de injustiças e discriminações na sociedade, e faz com que pessoas sejam tratadas diferentemente perante situações e ocasiões semelhantes.
Porém, a verdade é que esta crença não apresenta sustentação científica, pelo contrário, de acordo com a Ciência, em especial a Genética Humana, NÃO HÁ RAÇAS ENTRE SERES HUMANOS.
Há raças ou subespécies entre várias espécies animais, pois indivíduos de raças ou subespécies diferentes, mas que pertencem à mesma espécie, embora possam se cruzar naturalmente e deixar descendentes férteis, apresentam uma variabilidade genética (diferença entre seus genes) suficiente para situá-los em raças diferentes, porém, entre seres humanos, esta variabilidade entre os genes (condição essencial para se diferenciar as raças) não existe entre as hipotéticas e tradicionalmente conhecidas “raças humanas”.
A criação das hipotéticas “raças humanas”, conhecidas pelo imaginário popular como raça negra, amarela, branca e vermelha, foi baseada principalmente na cor da pele, que é uma característica superficial e determinada pela quantidade de melanina na derme (uma das camadas da pele), e é controlada por apenas quatro a seis genes, uma quantidade desprezível perto dos cerca de 25.000 genes que existem no genoma humano (coleção de genes humanos presentes em nossas células e que determinam as nossas mais variadas características). Os especialistas em Genética Humana acreditam que a cor da pele, bem como outros traços “superficiais”, como espessura dos lábios, a cor e a textura dos cabelos, sejam produtos de meras adaptações ao clima e outras variantes ambientais presentes em várias partes da Terra.
Os motivos pelos quais a Ciência provou que não existem raças entre seres humanos, do ponto de vista biológico e genético, apoiam-se em evidências científicas provenientes de três linhas de pesquisa molecular: a primeira é de que os seres humanos são uma espécie muito jovem e que surgiu recentemente no planeta (apenas 195 mil anos atrás no continente africano – esse tempo, do ponto de vista geológico, é muito recente e coloca a espécie humana entre as mais jovens do planeta) e seus padrões de migração (como o ser humano se espalhou pelos quatro cantos do mundo) são amplos demais para provocar a separação do homem em raças, sem contar a grande miscigenação que ocorreu entre os povos, que o diga a população brasileira, por exemplo; a segunda é de que as variabilidades genéticas são compartilhadas, em sua maioria, entre indivíduos da mesma “raça” criada no imaginário popular, ou seja, muitas vezes se encontram mais diferenças genéticas significativas entre indivíduos dentro de uma mesma “raça” criada pelo imaginário popular do que entre indivíduos de “raças” diferentes; e, por fim, apenas 5% a 10% da variação do genoma humano (coleção de genes humanos) ocorrem entre estas imaginárias “raças” humanas.
Portanto, esta constatação científica, de que não existem raças entre seres humanos, foi um verdadeiro “tapa científico” nas faces dos racistas, daqueles que acreditam em separação dos humanos em raças, daqueles que ainda acreditam na ignóbil crença da superioridade racial, pois a Ciência, em especial a Genética Humana, apoiada em evidências genéticas e moleculares incontestes, derrubou este mito.
Posto isso, agora existe mais um bom motivo para abominarmos atitudes racistas, mais uma razão para acreditarmos que a cor da pele e outros traços superficiais do corpo nunca deveriam servir de parâmetro para julgar a conduta de uma pessoa, mas sim seu comportamento perante a sociedade, e que nunca esqueçamos que somos todos descendentes de um pequeno grupo de humanos que surgiu, muito recentemente, na África, e por isso temos um conjunto de genes bem parecidos, seja você um brasileiro, um australiano, um sul-africano, um escandinavo ou estadunidense.