ECONOMIA
Economia! Um ano após alerta (de que Votuporanga disparou) nada mudou!
Economia! Um ano após alerta (de que Votuporanga disparou) nada mudou!
Previsão é de que Jales também ultrapasse Fernandópolis; economia precisa voltar a crescer 7%
Previsão é de que Jales também ultrapasse Fernandópolis; economia precisa voltar a crescer 7%
Parodiando um velho rock nacional dos anos 80 (interpretado pelo cantor Léo Jaime) e também um ‘hino’ sertanejo originalmente consagrado nas vozes de Di Paulo & Paulino (e regravado aos ‘zilhões’), podemos, infelizmente, cravar:
"Nada mudou!"
Pois se passou um ano daquele alerta dado pela coluna (clique aqui para relembrar) de que os índices da economia fernandopolense vão de mal para pior (no comparativo com seus principais concorrentes vizinhos).
*E continuam plenamente vigentes aqueles dados que assombram qualquer das almas mais consciente da cidade:
- Dentre vinte anos (compreendidos no período de 2000 a 2020), Votuporanga apresentou crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de 291,9%, Jales de 216,2% e Fernandópolis, na rabeira, de 195,2%.
O PIB local, que há 20 anos era 55% maior que o jalesense, em 2020 estava em ‘apenas’ 30% a mais; comparando com o votuporanguense, naquela data, era apenas 4,8% menor, em 2020 já era 31,6% menor.
Resultado: a liderança votuporanguense abriu mais espaço e se consolidou, enquanto que, mantida as condições e segundo a projeção dos economistas, Jales ultrapassará Fernandópolis em 13 anos (agora em 12).
Crescimento da economia local nas últimas cinco administrações
*E relembremos que no comparativo setorial com Jales:
O PIB da Agropecuária local era, em 2000, 50% maior; em 2020 está apenas 12% a mais; a geração de Impostos em Fernandópolis era, naquele ano, 81% maior que em Jales, em 2020 caiu para 27%; o PIB Industrial era 86% maior, caindo para 21%; o do Setor de Serviços era 44% maior e agora é 32%. Resumindo, dantes a economia local era 55% maior que a rival e agora (em 2020) é 30%.
*E relembremos que no comparativo setorial com Votuporanga:
Éramos 147% maior na Agropecuária em 2000 e regredimos para apenas 61% a mais; a geração de impostos por lá era 8% maior e agora é 39% a mais; o PIB da Indústria de Fernandópolis era 23% maior e agora é 41% menor; o do Setor de Serviços era 14% menor e passou para 30% menor. Resumindo, nossa economia era 4,8% menor que a de Votuporanga e passou para 31,6% menor.
E para celebrar a data (e não deixá-la cair no esquecimento), retornamos ao tema, abordando as palavras de três economistas locais - Jair Carlos Pires de Moraes, Edson Ribeiro Damasceno e Geraldo Pedro Paschoalini –, em entrevista concedida neste início de semana:
O Extra.net: Qual a importância do CODEF para Fernandópolis, para o governo municipal e para o setor produtivo?
Jair Moraes: O CODEF, que significa Conselho do Desenvolvimento Econômico de Fernandópolis, tem importância vital para o desenvolvimento da nossa economia, porque aglutina e soma as maiores forças produtivas do município e do seu entorno, que são os empresários. É a união da indústria, comércio, serviços e agricultura, os quais se juntarão numa única bandeira: o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da nossa cidade, com cada setor mostrando sua força produtiva, mediante projetos de “apoio” para quem já está aqui e projetos de atração de novos investidores de fora.
O Extra.net: A criação do Conselho de Desenvolvimento foi bem recebida pelo governo Cantarella? Melhor que na gestão Pessuto?
Geraldo Paschoalini: Foi muito bem recebido, tanto o Executivo, o Legislativo e o Judiciário consideram-no de extrema relevância, inclusive as instituições que fizemos reuniões. Agora, para levar às discussões é outro caminho a percorrer. As vezes dá impressão que falta coragem, e que os consideram como concorrentes à algum de seus projetos de governança. Tanto na gestão anterior como na atual, fica esse cenário estranho. Compreendemos que no início de uma nova gestão, é preciso priorizar para ser mais assertivos, mas nossa incompreensão é que se podia dar sequência pelos menos às etapas burocráticas!
O Extra.net: O Projeto de Lei já está protocolado na Câmara? Como o novo presidente Daniel Tridico Arroio o recebeu? Como está o seu andamento?
Edson Damasceno: Até o momento, não houve nenhum movimento na Câmara, seja da gestão passada ou da atual. Não sabemos se ao menos o PL foi lido e debatido pelos nobres vereadores. Entendemos que não, uma vez que não fomos provocados para dirimir dúvidas sobre o projeto.
O Extra.net: Na sua avaliação, o atual secretário de Desenvolvimento Sustentável Eberti Sabion dispõe de condições suficientes para induzir o progresso fernandopolense?
Edson Damasceno: Para nós fica claro que o modelo de desenvolvimento praticado até então, não foi e não está sendo eficiente, independente de quem seja o gestor. O que o CODEF propõe é um modelo diferente, com o envolvimento dos setores interessados (indústria, comércio, serviços, agro, turismo, etc.).
O Extra.net: O que você recomendaria nesse momento para a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, visando torná-la uma força motriz na atração de investidores e projetos de alta significância para a nossa economia?
Jair Moraes: O CODEF recomenda à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável sair do isolamento que o ambiente público lhe impõe. Abrir o diálogo e as conexões com o mercado local e a sua economia. Redesenhar essa economia com estratégias de crescimento do PIB; vamos diversificar mais ou criar polos de produção industrial, comercial, serviços e agro? Tudo isso apenas a Secretaria sozinha não terá força para a grande transformação econômica, que os eleitores votaram na esperança de tê-la e que somente uma grande união de forças, que o CODEF representa, poderá realizá-la, daí a importância daquele órgão e o CODEF estarem juntos nesse propósito maior.
O Extra.net: O Orçamento Municipal de 2025, feito pelo governo anterior, deixa recursos suficientes para a Secretaria implementar um projeto real de crescimento?
Geraldo Paschoalini: Na Lei nº 5583 de 18/12/2024, estabelece o valor de R$ 595 mil para a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, o que em nossa opinião é muito pouco para o que realmente precisa ser praticado por essa secretaria, tornando-a mais profissional e para o desenvolvimento de projetos que efetivamente possam dar uma arrancada para que o Produto Interno Bruto do nosso município, possa verdadeiramente deslanchar.
O Extra.net: Como seria, na prática, o funcionamento do CODEF caso o projeto seja aprovado pelos vereadores e sancionado pelo prefeito?
Geraldo Paschoalini. Primeiro, precisamos romper às burocracias e ser aprovado pelo Legislativo e Executivo! Quanto à prática, será um novo desafio, pois sabemos que nos municípios onde já foram implementados foi necessário romper as barreiras das vaidades, desejo de poder, ausência de lideranças positivas e voluntários que realmente pensam exclusivamente no bem comum. E que aqui certamente não será diferente! No entanto, acreditamos que para conseguirmos algo extraordinário será preciso trilhar caminhos diferentes dos já percorridos.
O Extra.net: Quais seriam os integrantes desse Conselho?
Jair Moraes: Fazem parte do CODEF todos os segmentos produtivos da economia de Fernandópolis, além de instituições como a própria Prefeitura Municipal de Fernandópolis, as universidades locais, as associações de classe, os poderes Legislativo e Judiciário, os sindicatos e associações setoriais. Todas essas instituições poderão contribuir de maneira integrada com o desenvolvimento da nossa economia, se existir um projeto tipo “Locomotiva” que puxa e direciona os esforços conjuntos para obtenção de resultados no curto, médio e longo prazos. Um exemplo: a nossa Santa Casa de Misericórdia poderá ser um grande Polo de saúde da região, tendo em seu entorno várias startups de tecnologia voltada a soluções de produtos hospitalares: produção de próteses ortopédicas, de mobilidades e outras, inclusive competindo com fornecedores de importados que cobram preços em dólares. Outro exemplo: Fernandópolis não tem uma incubadora branca ou limpa, destinada a acolher empreendimentos dos setores de alimentação, de saúde, de produtos fármacos e demais similares.
O Extra.net: E quanto custaria a implantação do CODEF para os cofres públicos? E vocês? Os três economistas pretendem ocupar algum cargo na Prefeitura por conta desse órgão?
Edson Damasceno: A implementação do CODEF não terá nenhum impacto financeiro nos cofres públicos. Com relação a ocupar cargos na Prefeitura Municipal por conta do CODEF está fora das nossas pretensões. Somos apartidários e o único propósito que nos move é o interesse público. Importante registrar que os conselheiros e membros do CODEF não serão remunerados. O Conselho de Desenvolvimento Econômico de Fernandópolis será permanente e não sofrerá ingerência política por ocasião da troca de gestão a cada 04 anos. Trata-se de um projeto de município e não de governo.
O Extra.net: E quais seriam as principais metas desse órgão? Quais resultados concretos podemos esperar?
Jair Moraes: Nossa população espera menos cestas básicas e mais empregos de qualidade. Ela clama por uma economia que cria oportunidades profissionais locais. Para isso é necessário que o nosso PIB cresça à taxa anual em torno de 7%, já a partir de amanhã e por décadas seguintes. Pergunta: apenas o prefeito e a sua Secretaria de Desenvolvimento Sustentável irão conseguir isso, sozinhos?
O Extra.net: Vocês têm divulgado o CODEF visando sua popularização e a conscientização da população? Aonde e como?
Edson Damasceno: Por se tratar de um projeto de médio e longo prazo e com uma certa complexidade na sua implementação, a sua divulgação dar-se-á, primeiramente, direcionada às atividades interessadas (Agro, Comercio, Serviços, Indústria, Turismo, etc.).
O Extra.net: Na vossa avaliação, por que o prefeito João Paulo Cantarella ainda não mandou o projeto de lei criando o CODEF para a Câmara Municipal?
Geraldo Paschoalini: Acreditamos e apoiamos as atuais gestões, tanto Executivo como o Legislativo. Compreendemos que as prioridades no início são apagar incêndios e focar nas urgências. Confiamos que em breve ele o fará, pois assim e somente com essa verdadeira união das Instituições Inclusivas, teremos no futuro uma cidade realmente focada no desenvolvimento e consequentemente conseguiremos o tão famigerado crescimento do nosso PIB.
Para relembrar a série histórica das publicações originais é só clicar:
*Dados consolidados em maio de 2024.