Por Carlos Eduardo
Quando navegamos nas redes sociais somos sim, manipulados. A questão é: quantos têm a consciência desse fato?
Em 1984 foi lançado o primeiro longa-metragem de vários que ficaram conhecidos pelo título de “O Exterminador do Futuro”. Nos filmes, sempre estrelado pelo grande astro de Hollywood com sobrenome difícil de escrever, Arnold Schwarzenegger, um robô androide vinha do futuro para exterminar, no presente, o líder humano, ainda jovem, da resistência.
Mas que resistência era essa? A dos homens contra as máquinas, que passaram a dominar o mundo. É um caso onde o criador perdeu o controle sobre a sua criação.
Guardadas as devidas proporções, percebo algo semelhante nessa relação entre o homem e as redes sociais. Entre o seu criador e a sua criação. Perdemos o controle sobre a nossa criação. Só que, diferentemente dos filmes da referida série de ficção científica nas quais as máquinas exercem um controle autônomo sobre o mundo, por trás das redes sociais há um pequeno número de pessoas controlando as mentes e os corações de muitos usuários. O motivo? O de sempre: ganhar muito dinheiro.
Essa denúncia é o cerne do documentário “O Dilema das Redes” em cartaz na Netflix, provedora global de filmes e séries via “streaming”. No programa, ex-funcionários de grandes e famosas empresas que atuam nas redes sociais denunciam as táticas de manipulação das pessoas exercidas por aquelas corporações do mundo digital. O objetivo delas é nos induzir a não tirar os olhos da telinha do celular ou do computador e, com isso, lucrarem cada vez mais com anúncios de propagandas na internet (muitos já perceberam também as vantagens do uso eleitoreiro disso).
Por meio da inteligência artificial, algoritmos detectam as nossas predileções e nos enviam exatamente aquilo que gostaríamos de ler, ver e ouvir. É algo irresistível. E claro, viciante. Estimula os centros de recompensa do nosso cérebro e nos faz querer mais, sempre mais. É a base de todo vício.
Com isso, ao navegar nas redes sociais, temos a impressão de que as nossas crenças (e os nossos preconceitos também), sejam elas políticas, sociais ou religiosas, estão sendo corroboradas por “verdades incontestáveis” a todo momento, levando-nos a crer que quem pensa diferente deve ser ignorado, ou até mesmo odiado. Haja vista a polarização política que vivenciamos atualmente. O leitor já se perguntou sobre o motivo dessas brigas políticas se tornarem tão comuns na internet nos últimos anos? Alguém já se perguntou como se espalhou essa onda de ódio e intolerância em nossa sociedade?
Na verdade, são as mãos invisíveis dos gerenciadores das redes sociais afagando o seu ego para que você se vicie e passe mais tempo com os olhos vidrados na tela do celular ou do computador. E isso é apenas uma das várias táticas de persuasão. É psicologia pura. É muito eficiente, funciona mesmo.
E engana-se quem pensa que o acesso às redes sociais é gratuito! Como bem destacado no referido documentário da Netflix: “quando você não paga pelo produto, você é o produto”.
Um dos trunfos deles é trabalhar com algo muitíssimo valioso para os anunciantes de produtos e serviços: os seus dados pessoais. E a ironia é que conseguem isso de graça e fornecido por você mesmo. Como? O leitor já percebeu quantas informações, inclusive pessoais, já postou nas redes sociais de forma inadvertida?
Pode ter certeza! Você já postou muita informação pessoal na internet, sem se dar conta disso, permitindo a eles conhecer tanto sobre a sua pessoa que são capazes de predizer, facilmente, o que lhe trará prazer ao ler, ver ou ouvir. Ah! E isso em mãos erradas é um prato cheio para direcionar as famosas “Fake News” ou falsas informações (uma verdadeira praga disseminada no mundo virtual).
Portanto, fique atento ao navegar na internet! Ninguém tem o direito de utilizar as suas informações pessoais para te manipular. Seja crítico! Tire as suas próprias conclusões sobre tudo que vê, lê e ouve nas redes sociais.
Não permita que a sua mente seja manipulada!