UPA Jaguaré, em Rio Preto, tinha 18 pacientes nesta quinta, sendo que a capacidade é para 15 - Foto: Johnny Torres/Arquivo 

Da Redação/Diário da Região

Quatro pacientes morreram na região à espera de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os pacientes de Jales, Riolândia, Meridiano e Ouroeste aguardavam transferências para hospitais quando não resistiram às complicações acarretadas pelo coronavírus. Ao todo, nove pessoas já morreram na região nos últimos 15 dias esperando por leitos de UTI. 

As mortes foram conrmadas pelas Prefeituras e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) que atendiam os pacientes durante à espera dos leitos.

Segundo a diretora municipal de Saúde de Riolândia, Celia Correia Pulgas Paz, no último sábado, 6, Rita de Cassia Ribeiro Costa, de 40 anos, morreu na Santa Casa após car menos de 24 horas esperando por um leito de UTI. "Ela deu entrada na sexta-feira na Santa Casa. Foi inserida no sistema de regulação de leitos, mas não resistiu e morreu no sábado".

Na quarta-feira, 10, mais uma vítima da Covid-19 morreu. Dessa vez, Isabel de Farias Vieira, 77 anos, morreu após car cinco dias esperando por um leito na UPA de Jales. "Ela estava inserida no sistema Cross aguardando por uma vaga, mas não resistiu", falou o secretário de saúde de Jales, Alexis Shigueru Kitayama. 

Também na quarta-feira, 10, um homem de 48 anos morreu aguardando por um leito de UTI, em Fernandópolis. De acordo com a secretária de Saúde de Meridiano, Beatriz Adriano, a vítima era moradora da cidade, mas estava internada na UPA de Fernandópolis, por ser unidade de referência para o município. "Ele tinha testado positivo, na semana passada, quando precisou ser internado. Já tinham inserido ele na Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), mas não havia vaga", armou a secretária de Meridiano. 

Nessa quinta-feira, 11, um quarto paciente morreu na região esperando por leito. Segundo a Secretaria Municipal de Ouroeste, o funcionário público Edvaldo de Santos, de 61 anos, estava internado desde segunda-feira, 8, no Hospital Municipal, aguardando pela transferência, mas acabou não resistindo às complicações da doença.

Com as quatro mortes desta semana, chegou a nove o número de pacientes com Covid-19 que morreram à espera de leitos na região Noroeste Paulista nos últimos 15 dias. Três pacientes morreram em Nova Granada, uma em Tabapuã e outra Irapuã esperando por leitos de de UTI.

Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a Cross iniciou imediatamente a busca por vagas para os casos citados pela reportagem, mas os quadros eram graves e os pacientes apresentavam históricos de comorbidades, como obesidade, hipertensão e diabetes. "Todos seguiam assistidos no serviço de origem, responsáveis também pela estabilização para transferência em condições seguras; entretanto, não responderam aos cuidados e evoluíram negativamente para óbito".

Ainda segundo o governo estadual, a Central de Regulação funciona 24 horas por dia como mediadora de pedidos dos serviços de origem e os de referência, mas não é responsável por "liberar" ou "criar" vagas. "Todo pedido de transferência é priorizado conforme o grau de urgência e monitorado por prossionais da Cross, considerando locais com disponibilidade e capacidade para atender cada caso, priorizando os pacientes mais graves e urgentes e que possuam condição clínica adequada, como quadro estável e livre de infecções".

A nota também arma que a Secretaria Estadual de Saúde mantém uma estratégia especial de gestão de leitos hospitalares, para dar prioridade à internação de pacientes com quadros respiratórios agudos e graves, com suporte da Cross, sistema online que funciona 24 horas por dia e que verica vagas disponíveis em hospitais do SUS em São Paulo. "Eventuais transferências inter-hospitalares e intermunicipais de pacientes são feitas se e quando houver necessidade", completou a nota.

Novo recorde

O Departamento Regional de Saúde (DRS) conrmou à Defensoria Pública nesta semana que havia 72 pacientes à espera de leito na região, que abrange 102 municípios.

A Secretaria de Saúde de Rio Preto conrmou nesta quinta-feira, 11, mais 11 mortes por complicações da Covid-19 e mais 328 casos positivos da doença.

Havia nesta quarta-feira, 10, um total de 750 pacientes internados na região com síndrome respiratória aguda grave (SRAG), sendo que 505 tinham coronavírus conrmado. Destes, mais da metade (261) estavam na UTI. A ocupação no DRS teve novo aumento, atingindo o novo recorde de 91,3%.

A ocupação de enfermaria em Rio Preto e região também preocupa, já que parte desses pacientes, cerca de 30% dos que passam pelo hospital, acaba caindo na UTI. Na Unidade de Pronto Atendimento Jaguaré, por exemplo, havia 18 pacientes onde só cabem adequadamente 15.

O Hospital de Base não divulgou boletim nesta quinta. No último, divulgado na quarta, todos os 133 leitos de UTI estavam ocupados. Na Santa Casa de Rio Preto, 51 dos 52 leitos de UTI estavam ocupados.

Fonte: www.diariodaregiao.com.br