EDUCAÇÃO

Etecs aprovam mais de 2 mil alunos em universidades públicas

Etecs aprovam mais de 2 mil alunos em universidades públicas

Estudantes das Escolas Técnicas Estaduais ingressaram nas principais instituições públicas do País

Estudantes das Escolas Técnicas Estaduais ingressaram nas principais instituições públicas do País

Publicada há 3 anos

A partir da esq.: Estela, Bianca, Laurie, João, Livia e Lucas, aprovados nos vestibulares de 2021 - Foto: Divulgação

Da Redação

O ano de 2020, marcado pela escalada da pandemia, foi também tempo de aprendizado e superação para os alunos das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs). A adaptação ao ensino online e a conquista de mais autonomia foram habilidades necessárias, que serviram para ajudar no ingresso às universidades. Levantamento do Centro Paula Souza aponta que jovens de 140 Etecs conquistaram 2.033 vagas em instituições públicas de Ensino Superior do País. Desse total, 1.452 foram em universidades paulistas e 581 em faculdades de outros estados ou instituições federais.

Cuidado com o próximo

A Etec Rubens de Faria e Souza, de Sorocaba, registrou 26 aprovações. João Pedro Vilhena concluiu o Ensino Médio na unidade e é um dos calouros que está comemorando o resultado. Prodígio e resiliente, o jovem foi aprovado para Medicina na Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), no ano anterior, mas resolveu persistir e tentar uma vaga no mesmo curso na Universidade de São Paulo (USP). Em 2021, entrou na batalha disputando uma vaga com outros 154 candidatos e foi aprovado em segundo lugar na USP da capital.  

Com muito entusiasmo, João Pedro já está assistindo às aulas e elogia a receptividade dos professores e veteranos e as oportunidades de extensão universitária da faculdade. “São atividades em unidades de saúde onde começarei a praticar desde o primeiro ano do curso”. Gás e disposição não faltam ao jovem que, além de 8 horas diárias de aulas, trabalhos e provas, ainda arruma tempo para ser voluntário no cursinho popular MedEnsina e ajudar quem não pode pagar um curso preparatório para o vestibular.

Cientistas do futuro

Outro calouro que pode escolher em qual universidade estudar é Lucas Galbier, que concluiu o curso técnico de Informática Integrado ao Médio na Etec de Vargem Grande do Sul, e foi aprovado para o curso de Física em onze instituições públicas ⃰: UFSCar, Unifal, Furg, UFMT, UFMS, UEPB, Cefet, IFMG de Ouro Preto, IFSP de São João da Boa Vista, IF de Pernambuco e IF de Santa Catarina. 

Lucas relembra que, no início do Ensino Médio, queria ser engenheiro civil, mas gostava tanto das aulas de física na Etec que mudou de planos. “A forma criativa como nos ensinavam e a paixão dos professores pela disciplina me ganharam”, explica.

Com brilho nos olhos, Lucas se recorda da aula em que o educador fez um balão de papel voar pela sala movido apenas pelo calor da fumaça. “Foi sensacional e o mais impressionante é que esse professor faz isso todos os dias e sempre com um sorrisão no rosto.” O mestre que inspirou Lucas é Fabiano Donizete, que dá aulas na unidade há mais de dez anos. O futuro físico está cheio de planos, como dar aulas depois de concluir a licenciatura e fazer mestrado e doutorado em Astrofísica. 

A Etec de Vargem Grande do Sul inspirou outra aluna a optar pela área de ciências. Bianca Sagiorato foi aprovada em primeiro lugar para o curso de Biotecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ela cursou o curso técnico de Informática para Web Integrado ao Médio (Etim) e o técnico de Administração. “O apoio dos meus professores ajudou não só no Vestibular, mas também na minha adaptação ao momento do isolamento social”, afirma.

Ritmo próprio

Egressos das Etecs brilharam também nas Artes. Laurie de Oliveira Pereira, ex-aluna do Ensino Médio da Etec de Embu, passou em primeiro lugar nos cursos de Música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da USP. A jovem optou por estudar no interior, onde o curso tem modalidade bacharelado com habilitação em violão – instrumento que estuda há três anos.  Com apenas 17 anos, Laurie é a mascote da turma, que tem pessoas bem mais velhas e experientes, inclusive, com muitos anos de estudo em conservatórios.  

Além da experiência musical e da vivência com a mãe, que é professora de órgão, Laurie atribui a boa colocação à performance como vestibulanda: “Com o ensino online eu tive de aprender a estudar sozinha e ganhei tempo para me dedicar ao vestibular”, afirma. A música entrou na vida dela por meio de uma bolsa da organização social Projeto Guri. Desde que ela se desligou a associação, passou a estudar sozinha.

Foco e força

Outra história inspiradora é da ex-aluna da Etec de Araçatuba Estela Gasparotto, aprovada em Medicina da USP de Bauru e Unicamp. Moradora da cidade de Braúna, a jovem rodava 86 quilômetros nos primeiros anos do Ensino Médio para assistir às aulas. No último ano, ela chegava a estudar mais de dez horas por dia para se preparar para o vestibular.

Além da disciplina, Estela procurou manter algumas práticas para entrar em uma das universidades mais concorridas do país: “Fazia provas de diferentes vestibulares, corrigia as questões para direcionar o estudo para os pontos mais fracos e procurava manter o conteúdo em dia para não acumular”, conta a estudante, que ressalta ainda a importância de se comportar nas aulas online como se fossem presenciais. “Não menos importante é a organização dos horários e deixar um tempo para o descanso”, finaliza. 

Divisor de águas

A ex-aluna da Etec Irmã Agostina Lívia Pinaso se preparou durante dois anos para o tão sonhado curso de Medicina e neste ano foi aprovada em nono lugar na USP de Ribeirão Preto. Para a futura médica, o curso técnico de Química foi decisivo na escolha do curso superior: “Os professores da Etec me incentivaram a fazer pesquisa e isso me ajudou a acreditar que eu poderia passar no vestibular”.      

A caloura fala com orgulho de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que consistiu na criação de um método para tratar efluentes industriais contaminados por metais pesados e corantes. O TCC venceu a etapa brasileira do prêmio Água de Estocolmo de 2019 e a aluna representou o Brasil na final, realizada na capital sueca.



Fonte: Assessoria de Comunicação do Centro Paula Souza

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