MINUTINHO
Um desafio de Deus
Por: Autoria desconhecida
Um homem sussurrou: Deus fale comigo. E um rouxinol começou a cantar, mas o homem não ouviu.
Então o homem repetiu: Deus fale comigo! E um trovão ecoou nos céus mas o homem foi incapaz de ouvir.
O homem olhou em volta e disse: Deus deixe-me vê-lo! E uma estrela brilhou no céu, mas o homem não a notou.
Imagem: ilustração
O homem começou a gritar: Deus mostre-me um milagre. E uma criança nasceu mas o homem não sentiu o pulsar da vida.
Então o homem começou a chorar e a se desesperar: Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo... E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro. O homem espantou a borboleta com a mão e continuou o seu caminho triste, sozinho e com medo.
Até quando teremos que sofrer para compreendermos que Deus está onde está a vida? Até quando manteremos nossos olhos e nossos corações fechados para o milagre da vida que se apresenta diante de nós em todos os momentos?
CRÔNICA
O muro
Por: Autoria desconhecida
Em um quarto de clínica médica estavam internados três pacientes idosos e paraplégicos.
De duas camas, os pacientes somente podiam vislumbrar as paredes nuas do quarto, enquanto o da terceira tinha o privilégio de lhes transmitir o que “enxergava” através de uma janela à sua frente. E os relatos eram animadores e traziam esperança e alegria aos outros dois.
– Estou vendo a praça com movimento bem grande de crianças que brincam com uma bola e um cachorro correndo. O céu hoje está todo azul. Há muitos carros na rua. A carrocinha do pipoqueiro tem hoje uma freguesia boa.
No dia seguinte voltava a informar:
– Bem, hoje o tempo prenuncia chuva. A praça está praticamente vazia. As pessoas movimentam-se a passos rápidos e a rua está deserta. Mas há um casal de namorados que me parecem estar embalando belos sonhos.
No outro dia, vésperas de um feriado, relatava alegria:
- O dia está lindo! O sol está brilhando como nunca! Posso ver a alegria da pessoas!
E, assim, todos os dias, variavam as informações. Umas bem detalhadas, outras mais sintéticas.
Aconteceu, todavia, o inesperado: o informante morreu, vítima de um ataque cardíaco.
Imediatamente, outro paciente solicitou, da direção da clínica, licença para ocupar a cama do falecido, no que foi atendido. Desejava igualmente ver com os próprios olhos o que se passava além daquela janela, o que, na sua avaliação, ajudaria em seu doloroso tratamento.
Grande, contudo, foi sua surpresa: através da janela pode tão-somente visualizar um muro pintado de branco, o qual cercava parte da clínica, conforme foi informado por um funcionário da instituição. E mais! Aquele muro sempre existiu! Já os cenários...
Prendia-se a descrição diária do antigo companheiro de quarto à necessidade que ele tinha de distrair, um pouco que fosse, os outros dois adoentados. Acreditava ser de sua parte um gesto fraterno, e que poderia, ao menos, diminuir suas dores.