Atualmente, o termo Sinodalidade passou a fazer parte de muitos discursos e projetos eclesiais, nas homilias e em muitas publicações. Contudo, requer-se muito cuidado e compromisso com o verdadeiro sentido desta palavra. A Sinodalidade não pode ser um verniz ou um enfeite, com o objetivo apenas de embelezar.
Uma das definições de Igreja, recuperada pelo Concílio Vaticano II, é Igreja Povo de Deus que caminha (Cf. Lumen Gentium, capítulo 2). Neste caminho, encontramos na essência da Igreja o “caminhar juntos”, sentido de Sinodalidade. Com isto, manifesta o caráter “peregrino” da Igreja, Povo convocado por Deus que caminha com Cristo, rumo ao Reino definitivo (Cf. A sinodalidade na vida e na missão da Igreja, 49-52). A Sinodalidade está na essência da Igreja e, por isso, seu conceito deve ser valorizado e estar presente na formação cristã.
Neste período, em que se iniciam Ano Letivo, Ano Pastoral, Abertura dos trabalhos e estudos nos seminários, processo de escuta nas Dioceses com suas comunidades em vista do Sínodo, é necessário um olhar para a formação, para a Sinodalidade. Fazer um caminho junto de diálogo, de abertura, de acolhida, requer, no sujeito da questão, todo Povo de Deus, um primeiro passo que é a mudança interior, a conversão.
A base da formação cristã está necessariamente alicerçada em Jesus Cristo. É importante revisitar sua história, reler textos bíblicos e reconhecer, na história do povo, o quanto Deus agiu em defesa deste povo, a ponto de nos dar seu próprio Filho para “caminhar” conosco. A Igreja atualiza esta presença de salvação pelos sacramentos, a celebração memorial do evento salvífico.
Formados e formando-se na escola cristã é importante reconhecer e crescer na consciência e na sensibilidade para criar um “hábito” sinodal, ou seja, uma experiência de diálogo, de abertura e de atenção ao outro. Não é apenas uma práxis cristã, uma tarefa a ser cumprida, mas uma experiência encarnada na vida, necessariamente deve passar pelo coração e pela consciência.
A formação para a Sinodalidade não significa mudar tudo, mas sim ter práticas que contribuem para o crescimento. Conduzir para um diálogo respeitoso, um entendimento à Luz da Palavra de Deus e sempre invocando o Espírito Santo, que conduz a Igreja. Constituir um fundo antropológico que ilumina o teológico, o social e o cultural.
A Sinodalidade não é uma experiência democrática, como num Parlamento – afirmou Papa Francisco em discurso no Vaticano à Ação Católica (30 de abril de 2021), mas a experiência sinodal requer oração, invocação do Espírito Santo, fé e silêncio para se encontrar o melhor discernimento. É deixar o Espírito renovar a comunidade de hoje como renovou desde Pentecostes aquela comunidade primeira.
Um conselho do Papa Francisco aos teólogos, mas que serve para todos, formar-se na Sinodalidade e, colocar-se no confronto da realidade com a mente aberta e de joelhos (Cf. VeritatisGaudium, 3) empreendendo, com espírito renovado, um novo tempo de evangelização.