Crônica: O filho

Crônica: O filho

Um conto de um homem rico, seu filho, a guerra e um quadro

Um conto de um homem rico, seu filho, a guerra e um quadro

Publicada há 2 anos

MINUTINHO

O rio

Por: Redação do Momento Espírita

O rio corre em direção ao mar. Durante o seu percurso, ele ganha velocidade, até o momento em que se defronta com algumas curvas, que o fazem diminuir o ímpeto de encontrar o grande oceano.

Quando passa por esses obstáculos da natureza, encontra pedras grandes em seu leito, que lhe rasgam a superfície e lhe modificam o curso e o ritmo natural.

Assim, entre barreiras e percalços, ele segue a sua trajetória com uma só certeza: a de que encontrará o mar, ganhando a liberdade e alegria almejadas.

A vida de todos nós se assemelha ao curso de um rio.

Estamos constantemente traçando planos, buscando um oceano de sonhos e realizações, seja no âmbito pessoal ou profissional.

Inúmeras vezes deparamo-nos com obstáculos que nos impedem de seguir adiante da forma inicialmente planejada.

É o momento em que a vida nos mostra que precisamos trabalhar, em nós mesmos, inúmeras virtudes, entre elas a fé, a resignação e a paciência.

Manter viva a crença de que somos capazes de alcançar nossos objetivos, apesar de todas as curvas e pedras que encontrarmos no caminho, torna-nos fortes o suficiente para continuar adiante.

Não há fronteiras para quem sabe o que deseja e possua a persistência para buscar.

Se os desvios na trajetória nos trazem dor e tristeza, acreditemos que, mais adiante, a tão almejada felicidade será alcançada.

Não nos apeguemos a essas dores passageiras. Entendamos que elas fazem parte da caminhada, rumo ao objetivo final.

Assim como as pedras modificam o curso e a velocidade dos rios, pode ser que os percalços do caminho nos deixem cicatrizes e nos façam esperar mais tempo para alcançar nossos mais profundos sonhos.

Mas, quando exercitamos a paciência e carregamos a certeza de que as metas finais serão alcançadas, essas cicatrizes deixam de ter importância. Apenas contarão uma história.

A porta da real felicidade exige sacrifícios. São justamente essas lutas que conduzirão a alma à imensa ventura.

Para atravessarmos essa porta, basta que mantenhamos firme a vontade e que não enfraqueçamos diante das lutas, confiando que estamos amparados pelo amor Divino.

Jesus nos propôs coragem e bom ânimo diante de tudo o que sofrêssemos. O desalento e o desânimo perante os momentos críticos indicam inclinação à derrota.

CRÔNICA

O filho

Por: Autoria desconhecida

Um homem muito rico e seu filho tinham grande paixão pela arte. Possuíam valiosa coleção.

Quando o conflito do Vietnã surgiu, o filho foi convocado.

Durante uma batalha, ao resgatar um companheiro ferido, ele foi morto.

O pai sofreu profundamente.

Um mês mais tarde, um jovem veio à sua casa, com um enorme pacote nas mãos e falou:

- Eu sou o soldado pelo qual seu filho deu a vida. Salvou muitas vidas naquele dia e estava me levando a um lugar seguro, quando uma bala o atingiu no peito e ele morreu. Ele me falava do seu amor pela arte. Por isso, eu gostaria que o senhor aceitasse este presente. Não sou um grande artista, mas acredito que seu filho gostaria se o senhor o recebesse.

O pai abriu o pacote e admirou a maneira como o soldado tinha retratado a personalidade do seu filho na pintura.

Agradeceu ao soldado e se ofereceu para lhe pagar pelo quadro.

- Não, falou o rapaz. Eu nunca poderia pagar pelo que seu filho fez por mim. É um presente. Aceite-o, com a minha gratidão.

O pai pendurou o quadro acima da lareira e, cada vez que visitantes e convidados chegavam à sua casa ele lhes mostrava o retrato do filho, antes de sua famosa galeria.

Quando aquele pai morreu, realizou-se um leilão em sua propriedade.

Eram grandes as expectativas.

Iniciando, o leiloeiro bateu o seu martelo e falou: Começaremos o leilão com este retrato do seu filho. Quem fará a primeira oferta?

Fez-se um grande silêncio. Alguém gritou:

- Queremos ver as pinturas famosas!

O leiloeiro insistiu:

- Alguém oferece algo por esta pintura? Cem mil dólares? Duzentos mil dólares?

Outra voz gritou com raiva: Não viemos aqui por esta pintura! Viemos para ver as de Van Gogh, Rembrandt, Rafael, Picasso...

Ainda assim, o leiloeiro continuou: O filho, quem vai levar “O filho”?!

Finalmente, uma voz se fez ouvir: Eu dou dez dólares!

Era o velho jardineiro da casa. Era só o que podia oferecer.

- Temos dez dólares. Quem dá vinte? Gritou o leiloeiro.

E outra reclamação soou: Mostra-nos de uma vez as obras de arte!

- Dez dólares pela oferta! Alguém oferta vinte?

Os presentes estavam inquietos. Todos queriam os quadros famosos para suas próprias coleções.

Por fim, o leiloeiro bateu o martelo e sinalizou a efetivação da venda do quadro por dez dólares!

Alguém exclamou, feliz: Até que enfim. Vamos à coleção!

Para surpresa geral, o leiloeiro soltou o martelo e disse: O leilão chegou ao fim. Quando me chamaram para dirigir este leilão, foi-me falado de uma condição estipulada no testamento do dono da coleção. Eu não estava autorizado a revelar até ser efetivada a venda do primeiro quadro. Saibam que somente a pintura do filho seria leiloada. Aquele que a adquirisse herdaria todos os bens do falecido, incluindo sua coleção de obras de arte.

Assim, o homem que ficou com o retrato do filho herdou tudo.

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