Quem não se lembra do mês de abril de 2020 os noticiários nos bombardeavam com informações sobre a pandemia e as necessidades de se criar protocolos de isolamento social, modelo de trabalho home office para professores, utilização de equipamentos próprios dos professores, melhorar os pacotes de dados e redes, além da oferta gratuita (por um tempo) de algumas empresas educacionais a fim de possibilitar aos professores que as perdas fossem mínimas possíveis.
Se até então um dos principais desafios era trazer as famílias para escola buscando estratégias para ampliar sua participação nas decisões escolares (pedagógicas e administrativas) a partir desta data, o desafio mostrou-se ainda mais intenso: garantir, por meio de mídias (que antes eram pouco utilizadas) vídeos, áudios, textos, músicas, filmes, indicações de leitura, o mínimo possível de aprendizagens essenciais a estes estudantes, em conformidade com nossos compromissos profissionais.
É importante notar que toda essa nova proposta, escancarou, Brasil a fora a distância razoável entre os modelos adotados nas redes públicas e as propostas de sistemas particulares de ensino, que investiram em plataformas e objetos digitais, com modelos de aulas e atividades ao vivo, possibilitando ampliação de diferenças entre esses modelos de ensino, visto as preocupações de cada um desses modelos serem diferentes, uma vez que os cenários pedagógicos mostravam-se distintos. Apesar do distanciamento ter sido utilizado por ambas, as garantias de aprendizagem nas redes particulares possibilitaram mais condições de acesso dos estudantes aos conteúdos curriculares.
No caso da Escola Pública, foco desta reflexão é importante destacar a ausência de uma articulação nacional, desde o início da pandemia, a fim de possibilitar uma integração entre escola e familiares. O fato de os professores e equipe de suporte pedagógico se desdobrarem na criação de grupos de conversação entre com professores e responsáveis, estudarem modelos de aplicativos de gravação de vídeos e telas, compartilhamento de atividades e de formas e estilos de vídeos diferentes, demonstra a capacidade de resiliência destes profissionais.
Muitos alegavam que a escola havia parado nesse tempo. Críticas surgiram de todos os lados. Entretanto, nesses poucos anos de carreira no magistério e de vivência em escola, poucas foram as vezes que, observou-se o surgimento no chão da escola toda uma estrutura para manter as unidades de pé, mesmo que a distância. Foram as escolas espalhadas pelo Brasil, que fomentaram
um debate e a necessidade de construção junto ao CNE além de vários outros órgãos, de uma estrutura normativa que possibilitasse regulamentar de tudo isso que estava acontecendo.
Criação de programas educativos, banco de talentos docentes, centros de aprendizagens e mídias educativas, possibilitar (em algumas redes) que professores comprassem equipamentos, entre outras novidades, como conceitos de síncrono e assíncrono, foram sendo aperfeiçoados e pensados justamente a partir nas necessidades das escolas diante de uma situação de emergência e de saúde coletiva.
Agora, já retornamos para escola de forma presencial. Estamos desdobramos esforços e buscamos a vacinação do maior número possível de pessoas (profissionais e estudantes) e ainda assim nos salta aos olhos novos (ou permanentes) desafios: aa escola voltará a ser como antes? O professor conseguirá lidar com as demandas que a escola está lidando das mesmas formas que antes de abril de 2020?
Se ouvíamos inúmeras propagandas de que era o momento de mudança, de reconexão com nossas virtudes ou ainda uma forma de desacelerar, agora é hora de pensarmos uma política pública para educação que seja coerente com as novas necessidades que as redes apresentam. Para além da ideia curricular, apenas conteudista, é preciso ter empatia consigo e com o outro.
É necessário um reposicionamento da escuta, da fala, da postura, da prática. É preciso uma reorganização dos espaços escolares para que a ideia de formação integral (proposta nos documentos norteadores de currículo) possa de fato ser contemplada. O processo é árduo e desafiador. Mas não é impossível. Há ainda entre nós adultos, inúmeras angústias, quem dirá nas crianças e nos jovens e é preciso estar atento e não desconsiderar todo esse turbilhão de emoções como parte das situações de aprendizagem
Apesar da demora e de muitas cobranças, voltamos para escolas (de maneira presencial), mas, a escola, e toda sua carga de demandas, jamais saíram de nossas vidas. Seguiram presentes a cada mensagem nos grupos, a cada áudio, a cada trabalho enviado, a cada vídeo-chamados entre outras formas que encontramos para fazer o nosso melhor.
E se fizemos, tudo isso que fizemos e ainda seguimos fazendo, para além de nossas obrigações de trabalho, é por que ainda acreditamos e temos esperança de que é por meio da escola se pode transformar muita coisa.
Forte abraço e boas reflexões.
Autor:
Gilberto Abreu de Oliveira
Licenciado em História pelas FIC/MS
Mestre em Educação pela UEMS/Paranaíba
Diretor de Escola – EMEF José Gaspar Ruas
Rede Municipal de Ensino de Fernandópolis