ARTIGO
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA: CUIDADO E EVANGELIZAÇÃO COM TODOS
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA: CUIDADO E EVANGELIZAÇÃO COM TODOS
Por Vitor Rafael da Silva Aguiar Estudante do 3º ano de Teologia do Seminário Diocesano de Jales
Por Vitor Rafael da Silva Aguiar Estudante do 3º ano de Teologia do Seminário Diocesano de Jales
Desde o início do mês de maio ao início deste mês de junho, a Diocese de Jales vivenciou um momento de profunda formação acerca da Doutrina Social da Igreja. Essa, por sua vez, teve como assessor o religioso Frei Flávio Guerra da Ordem dos Frades Menores da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Mestre em Teologia Moral e pós-graduado em evangelização, Frei Flávio percorreu todos os setores da nossa Igreja particular de Jales visitando diversas Paróquias e seus respectivos trabalhos sociais.
A temática principal da sua formação, como já fora mencionado anteriormente, é a Doutrina Social da Igreja. Essa expressão foi remontada pelo Papa Pio XI e faz menção ao corpus doutrinal que se refere à sociedade desenvolvida na Igreja a partir da Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII em 1891. Seu objetivo principal é “o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens” (Cf. Paulo VI, Populorum Progressio).
Mas de qual desenvolvimento humano falamos? Aqui se destaca o desenvolvimento social, ou seja, a formação humana diante da realidade social em que este ou aquele homem vive. É perceptível, sobretudo nos dias atuais, a capacidade humana que gera o individualismo onde cada qual olha para si e somente para si. O próximo, como nos ensina Jesus Cristo, que são os nossos irmãos e irmãs, ficam a margem. Situação atroz ocorre com aqueles que demasiadamente vivem na pobreza e, consequentemente, sem moradia, alimentação, emprego e testemunham o descaso da marginalização e até mesmo ocultação do ambiente social.
É interessante perceber que são nessas pessoas que a nossa ação social carregada da espiritualidade deve ser incisiva. Afinal, conforme explicita os documentos e exortações conciliares: a opção da Igreja é pelos pobres. E o dever de “cada cristão e cada comunidade é ser instrumento de Deus para a libertação e promoção dos pobres” (EG, 187).
O que é, então, ser pobre? Muito mais que ter condições sociais precárias, o ser pobre é o homem despojado que vive sua vida espiritual à luz da realidade social. Isso implica a ele assumir o caráter de cuidado, zelo, amor, doação e manifestação da Pessoa de Jesus Cristo aos irmãos e irmãs empobrecidos. Pois, “bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mateus 5, 3).
Dentro da família, da igreja e da sociedade a prática do cristão deve ser buscar a prática do bem comum. Este bem refere-se, por exemplo, a serviços essenciais ao ser humano: acesso a alimentação, habitação, trabalho, educação, cultura, transporte, saúde, informação, liberdade. Implica também o empenho pela paz, a organização dos poderes do Estado, um sólido ordenamento jurídico, a proteção do meio ambiente. Enfim: a proteção da dignidade da pessoa humana, conforme explicitou Frei Flávio durante as suas alocuções. O respeito à dignidade humana passa necessariamente por considerar o próximo como outro eu, sem excetuar ninguém. A vida do outro deve ser levada em consideração, assim como os meios necessários para mantê-la dignamente.
Portanto, cabe-nos questionar: como estou exercendo o meu ser cristão? Como tenho olhado para o irmão necessitado? Quais ações tenho feito para fomentar a paz e a igualdade? E assim possamos suplicar ao Senhor: “[...] Deus de amor, mostrai-nos o nosso lugar neste mundo como instrumentos do vosso carinho por todos os seres desta terra, porque nem um deles sequer é esquecido por Vós, amém!” (Oração pela mãe Terra).
Jales, 14 de junho de 2022