“Quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, este fica preso para sempre.” (Gabriel García Márquez – escritor colombiano e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1982).
Os pais são nossos primeiros amores e a nossa primeira e melhor proteção neste mundo. Eles nos amam antes mesmo de nascermos e, quando chegamos ao mundo, damos sentido à vida deles. Os pais sempre estão prontos a nos oferecer os ombros para aliviar as nossas dores, para perdoar as nossas faltas e para nos aconselhar em momentos decisivos. São eles que mais torcem pelas nossas vitórias e mais comemoram as nossas conquistas. Se estivermos tristes, podem ter certeza, os pais se preocupam muito com esse nosso estado de espírito; se estivermos felizes, essa será a razão da felicidade deles.
Passamos a ter uma ideia mais clara de quanto um pai e uma mãe nos amam quando nos tornamos pais. Muitas vezes, procuramos educar nossos filhos como nossos pais nos educaram e, com isso, passamos a entender o motivo de uma postura mais rígida dos nossos pais em certas ocasiões que, quando éramos mais jovens, não entendíamos. Enfim, nada substitui o amor, os cuidados e a atenção dedicados pelos pais aos seus filhos.
No entanto, aos poucos, percebemos o acúmulo das marcas do tempo no semblante deles e, paulatinamente, os papéis vão se invertendo em algumas tarefas, pois, na terceira idade, nossos pais passam a depender de nós e sempre devemos assumir essa responsabilidade de bom grado. Por conseguinte, quando eles entram nesta fase, um receio começa a nos perturbar, a nos lembrar de que, nesta vida, infelizmente, nada é eterno: até mesmo os nossos maiores amores, até mesmo os nossos pais.
Nunca esperamos que eles possam nos deixar amanhã, muito menos hoje, mas, inexoravelmente, um dia eles partirão, deixando um vazio em nossas almas, um espaço em nossos corações que jamais será preenchido.
Ao recebermos a notícia da partida de nossos pais, imediatamente somos tomados por uma dor lancinante, profunda, a pior das dores, a dor da alma. Nesses momentos, contamos com o apoio dos amigos e dos familiares mais próximos, mas são nas horas de silêncio e solidão que sentimos a dor da saudade. Nos meses que se sucedem, passamos a pensar na vida como nunca, e o fato não deixa de ser irônico, pois, somente quando a morte bate na porta de casa é que passamos a refletir profundamente sobre a vida, sobre o seu sentido.
Os meses se passam, os anos também, fica a saudade, mas o passar do tempo, aos poucos, torna-se um bálsamo que alivia a dor aguda e mitiga a tristeza, fazendo com que comecemos a pensar mais nos momentos alegres que passamos com nossos pais, do que no fato de não estarem mais ali ao nosso lado. É verdade que sentimos tristeza ao ver nossos filhos crescendo na ausência daqueles que partiram, mas procuramos compensar esta ausência dizendo a eles, nos momentos oportunos, detalhes da vida de nossos pais falecidos.
Após um tempo, levantamos a cabeça e nos damos conta de que a vida continua. Percebemos que temos uma vida pela frente e seguimos adiante. Após vivenciar a experiência dolorosa de perder um ente querido tão próximo, como um pai ou uma mãe, a pessoa olha para seu filho e percebe o quanto sua presença, atenção e devoção são importantes para ele.
Prezados leitores! Escrevi este relato com base em minha própria experiência, pois perdi um herói em minha vida, perdi meu porto seguro, perdi meu pai, mas os seus bons exemplos (e foram muitos), permaneceram vivos em minha memória.
Procuro segui-los e passá-los adiante, principalmente à minha filha. Sua presença física se foi, mas suas lembranças, seus ensinamentos e seus bons exemplos permanecem vivos em mim.