POLÍTICA

Mãe de ex-vereador assassinato lamenta decisão de Júri: "Assassino saiu em liberdade"

Mãe de ex-vereador assassinato lamenta decisão de Júri: "Assassino saiu em liberdade"

Tribunal acolheu tese de legítima defesa; vereador denunciou em live obra pública irregular

Tribunal acolheu tese de legítima defesa; vereador denunciou em live obra pública irregular

Publicada há 2 anos

O vereador assassinado e mãe Francisca Carneiro Santos. Foto: Repdrodução/Facebook

Da Redação/G1 MG

"Nossa família foi condenada a não viver com nosso filho nunca mais e o assassino saiu em liberdade", desabafou Francisca Carneiro Santos, mãe do ex-vereador Cássio Remis, morto a tiros em setembro de 2020 pelo então secretário municipal de Obras, Jorge Marra. Nesta quinta (27), Marra foi absolvido pelo júri popular do crime de homicídio duplamente qualificado.

Cássio Remis foi assassinado na tarde do dia 24 de setembro de 2020. Antes de morrer, ele estava na Avenida João Alves do Nascimento mostrando o processo de revitalização, quando alegou na transmissão ao vivo que funcionários da Prefeitura eram usados para fazer serviços particulares em frente a uma residência que seria o comitê de campanha do atual prefeito, Deiró Marra, irmão de Jorge Marra.

"É de estarrecer uma coisa dessas na nossa cidade. Mantivemos o júri aqui, porque era aqui que o Cássio defendia a cidade, era aqui que o Cássio brigava por todo mundo", lamentou Francisca.

Momento da morte

Durante a transmissão ao vivo, Jorge Marra saiu de um veículo, pegou o aparelho do ex-vereador e voltou ao carro. Em seguida, Remis foi atrás de Marra, que se dirigiu à Secretaria de Obras.

Na porta do local, o candidato tentou pegar o telefone de volta, mas Marra atirou e fugiu. Toda ação foi registrada pelo circuito interno de segurança.

"É como disse o promotor de acusação: a arma dele era o telefone e a voz. Calaram a voz dele e o assassino ainda sai em liberdade, pega uma pena de dois anos e poucos dias", finalizou a mãe de Remis.

Um dia após o crime, a arma usada por Jorge Marra e a caminhonete da fuga foram encontradas em Perdizes. No dia 27 de setembro de 2020, ele se entregou na delegacia de Polícia Civil.

Cássio e família

Cássio Remis foi eleito vereador em 2008, e presidente da Câmara em 2013/2014. O político exerceu dois mandatos consecutivos, entre os anos de 2009 a 2012 e 2013 a 2016. Em 2020, ele era pré-candidato.

Em 2020, Cássio havia aprovado o nome da mãe durante convenção do partido, para substituí-lo caso não pudesse seguir com a candidatura.

“Mesmo sem o conhecimento da mãe, ele havia aprovado o nome dela e designado o número na convenção do partido. Acho que foi um pressentimento”, disse Marcos Remis, pai de Cássio, ao g1 em 2020.

Francisca Carneiro Santos, ou Chiquinha, concorreu nas eleições municipais daquele ano e foi eleita vereadora com 2.701 votos, a mais votada da cidade.

Após as eleições, ela disse que teve que ter coragem todos os dias para sair da cama, seguir em frente, buscar os eleitores e falar da proposta.

"Ele deixou designado que se ele não estivesse aqui seria eu. Qual era outra opção que eu tinha? Ele deixou registrado do cartório eleitoral o meu nome com número escolhido. Então, como que eu poderia fugir dessa responsabilidade? Nunca, nunca", detalhou.

Júri Popular

Jorge Marra foi a júri popular na quarta-feira (26). Após 16 horas de julgamento, ele foi absolvido do crime de homicídio duplamente qualificado, pois o júri alegou "legítima defesa". O Ministério Público recorreu da decisão. Marra, porém, foi condenado a dois anos e 10 dias, por porte de arma.

Como ele estava preso na Penitenciária Deputado Expedito de Faria Tavares desde o dia do crime, a pena já foi cumprida. Por isso, a previsão é que Marra já seja liberado nesta quinta-feira (27).

“Desde o início dos fatos eu sempre disse que a defesa confiava na sociedade de Patrocínio. Sempre disse que eu queria que o processo fosse julgado pela sociedade de Patrocínio e, hoje, a sociedade de Patrocínio julgou e fez Justiça no caso concreto, absolvendo o seu Jorge Moreira Marra”, comentou o advogado de defesa, Sérgio Leonardo.

Fonte: g1 Triângulo e Alto Paranaíba

últimas