ARTIGO

VIVER COM DIGNIDADE

VIVER COM DIGNIDADE

Por Vitor Inácio Fernandes da Silva, Assessor de Comunicação da Diocese de Jales e Jornalista das Rádios Assunção FM e Regional FM

Por Vitor Inácio Fernandes da Silva, Assessor de Comunicação da Diocese de Jales e Jornalista das Rádios Assunção FM e Regional FM

Publicada há 1 ano

O Brasil contabiliza aproximadamente 4 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco, são 13.297 pontos identificados. Desse total, mais de quatro mil localidades são classificadas como “risco muito alto” para deslizamentos e inundações, por exemplo. As informações fazem parte do painel do Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

Nos últimos dias fomos impactados pela tragédia no litoral norte de São Paulo, com volume de chuvas histórico e condições de habitação em calamidade, o resultado dos temporais foram 65 vidas perdidas, sendo a maioria em São Sebastião, o município mais afetado.

Mais uma vez a solidariedade do povo brasileiro ficou evidente, rapidamente várias campanhas foram iniciadas visando amenizar o sofrimento das famílias, quem nem água tinham para consumir. Mobilizações como essas são fundamentais para apoiar o atendimento e possibilitar a retomada, mesmo que mínima, da qualidade de vida das pessoas.

Deve ser permanente no país a discussão sobre a qualidade de vida em todas as situações, para identificar quais os problemas que estão impactando e gerando desigualdades. Neste momento são necessários alguns questionamentos. Por que existem tantas famílias morando em situações de risco? Por que as tragédias dessa magnitude têm se repetido? Por que tantas pessoas passam fome no Brasil?

Renda, moradia, trabalho e educação fazem parte dos indicadores que conhecemos como vulnerabilidade social, que detalha o impacto da situação socioeconômica na vida da população e a ausência de recursos para lidar com essas questões.

Na homilia da Quarta-feira de Cinzas, o Papa Francisco nos convidou a percorrermos caminhos que renovam o nosso coração nesta quaresma. “A esmola não é um gesto, cumprido rapidamente, para deixar a consciência limpa, mas tocar, com as próprias mãos e as próprias lágrimas, os sofrimentos dos pobres; a oração não é mero ritual, mas diálogo de verdade e amor com o Pai; o jejum não é um simples sacrifício, mas uma atitude forte para lembrar ao nosso coração aquilo que conta e, ao contrário, o que passa.”

No Brasil somos implicados com a Campanha da Fraternidade, quem em 2023 apresenta o tema “Fraternidade e Fome” e nos alerta para a situação de mais de 33 milhões de pessoas em situação de fome no país, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Durante a quaresma trilhamos um caminho de conversão, seja pessoal e comunitária, com oração, jejum e caridade, que ao celebrar a Páscoa, o Cristo ressuscitado, renovemos o nosso compromisso com o enfrentamento de tudo o que coloca a vida em risco. Que a boa nova seja a possibilidade de vida digna a todos os brasileiros. 

Jales, 02 de março de 2023.

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