EXCLUSIVO!
'A CULTURA TEM O PODER DE TRANSFORMAR A SOCIEDADE'
'A CULTURA TEM O PODER DE TRANSFORMAR A SOCIEDADE'
Em entrevista exclusiva, André Pessuto falou sobre família, sua carreira na música antes da política, a importância da pasta da Cultura e dos projetos culturais programados para a cidade nos pró
Em entrevista exclusiva, André Pessuto falou sobre família, sua carreira na música antes da política, a importância da pasta da Cultura e dos projetos culturais programados para a cidade nos pró
O.A. Secatto
André Giovanni Pessuto Cândido — mais conhecido só como André Pessuto —, filho do Aderval e da Maria José, marido da Mara e pai da Amanda, prestes a completar 41 anos no próximo dia 30, é formado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão Pública. Em Fernandópolis, ocupou os mais altos cargos na carreira política: foi secretário municipal da Cultura, vereador, presidente da Câmara Municipal e, atualmente, é o prefeito eleito para o mandato 2017/2020. Mas, antes de tudo isso, ele era músico: “baterista por formação”. Integrou a banda Sr. Pestana. Hoje a música está sendo só um hobby, mas já foi profissão. “Falo isso com muito orgulho: consegui viver da música, consegui estudar com a música, me formar com a música, educar minha filha com a música. Construí uma família através da música. Então, hoje, ela é apenas um hobby, mas ela já foi minha profissão, e eu tenho muito orgulho disso. (...) Para mim foi uma experiência fantástica ter tocado com a Orquestra e ser regido pelo maestro Fernando Paina. É totalmente diferente de uma banda popular... Eu acredito que com a Orquestra a gente consegue sentir mais a música.” Transformado pela música, faria tudo novo, sem deixar de se dedicar à política: “Acredito que a política também é uma arte, como a música: a arte de estar ao lado do ser humano. Isso que a música proporciona a política também proporciona: a gente vivenciar, ao lado do ser humano, trabalhando com o sentimento das pessoas.” Para esta primeira edição do Cultura! de 2017, André concedeu entrevista, em que falou um pouco de sua vida, da família, sua carreira na música antes da política, a importância da pasta da Cultura e dos projetos culturais programados para a cidade nos próximos quatro anos. Confira os principais trechos da conversa.
• O que a música significa para você?
A música para mim é um antídoto para a alma; a música me traz felicidade, paz, harmonia. E com essa paz e essa harmonia eu tenho certeza de que a música também mexe com o coração das pessoas. Então, música para mim é minha vida.
• Você toca bateria. A música é mesmo só um hobby?
Hoje, devido ao acúmulo de funções que tenho, a música está sendo só um hobby. Porém, a música para mim já foi profissão. Falo isso com muito orgulho: consegui viver da música, consegui estudar com a música, me formar com a música, educar minha filha com a música. Construí uma família através da música. Então, hoje, ela é apenas um hobby, mas ela já foi minha profissão, e eu tenho muito orgulho disso.
• Em 2015, você se apresentou com a Orquestra de Sopros de Fernandópolis (OSFER) — na bateria —, no palco do nosso Teatro Municipal. Qual foi a sensação? Eu sou um músico mais prático do que músico de leitura — apesar de saber ler partitura de bateria —. Mas eu sou mais prático; eu aprendi com a prática. Para mim foi uma experiência fantástica ter tocado com a Orquestra e ser regido pelo maestro Fernando Paina. É totalmente diferente de uma banda popular, até os compassos são diferentes, e a gente sente... Eu acredito que com a Orquestra a gente consegue sentir mais a música. Pelo menos eu consegui mais a música tocando com a Orquestra do que às vezes tocando num show com a banda.
O escritor Luis Fernando Verissimo diz que, se pudesse voltar no tempo e escolher, preferia ter se tornado músico. E você?
Se eu pudesse voltar no tempo, voltaria músico de novo. Talvez com um pouco
mais de perfeição, um pouco mais estudioso, talvez com o ouvido absoluto como de alguns maestros... Acho que isso seria fantástico. Mas também eu não posso deixar de dizer que eu estou muito feliz com a minha profissão de político. Porque acredito que a política
também é uma arte, como a música: a arte de estar ao lado do ser humano. Isso que a música proporciona a política também proporciona: a gente vivenciar, ao lado do ser humano, trabalhando com o sentimento das pessoas.
• O que você ouve em casa, no carro? Qual o gênero preferido?
Eu sou muito eclético com esta questão musical; isso vai muito do meu dia, do meu espírito. Eu tenho uma tendência maior de ouvir pop rock, mas eu sou adepto de todas as músicas que são boas e que passam algum sentido para a população: não gosto muito de música “besteirol”. Prefiro músicas que passem sentimento para as pessoas. Quanto ao gênero, sou bem eclético mesmo.
• Costumo dizer que só não gosta de ópera quem nunca a ouviu ao vivo, o que foi comprovado no recital do barítono Sebastião Teixeira e do pianista Marco Bernardo, em 2014, e nas inúmeras vezes em que a Companhia de Ópera Curta se apresentou no nosso Teatro Municipal. Você aprecia ópera? Ela deve ter espaço na pauta da Cultura?
Fantástica essa frase, perfeita. Eu já tive oportunidade de assistir a alguns concertos de ópera, inclusive na Europa, na cidade de Barcelona. A ópera tem um sentimento muito forte. Eu sou apaixonado também por ópera. E pode ter certeza de que nós vamos, junto com a secretária da Cultura, buscar trazer essa cultura da ópera e expôla mais para a sociedade, não tenha dúvida. E claro: vou contar com o seu apoio também, com o seu conhecimento, que eu sei que você tem nessa área, para que a gente possa buscar artistas brasileiros que estão no mercado cantando ópera e trazê-los aqui para a nossa terra. É isso: a ópera mexe muito comigo, mexe muito com o sentimento. Quando a gente escuta ópera, parece que o coração fica disparado, é uma coisa inexplicável quando a gente vê isso ao vivo. Pode contar que a gente vai procurar trazer, sim, com certeza.
• A música tem realmente o poder de transformar vidas? O que você acha da Corporação Musical de Fernandópolis (OSFER), do trabalho do maestro Luís Fernando Paina e de outras entidades que usam a música como instrumento de transformação social?
Com certeza. E eu acredito ser a prova viva disso. Eu me transformei com a música, a música me deixou uma pessoa muito mais sensível, a música me aproximou muito mais do ser humano, a música me dá alegria, me dá prazer. E, quanto à OSFER, eu não tenho dúvida de que é o maior projeto cultural do interior paulista, não tenho dúvida disso. O Fernando é uma pessoa muito especial, muito sensível, que terá total e irrestrito apoio no nosso governo. A OSFER é a menina dos olhos de Fernandópolis, é um patrimônio cultural que Fernandópolis tem e que a gente tem que tratar com muito respeito.
• Então, o que fazer para que as entidades tenham mais apoio do Estado e não passem tanto por inúmeras situações de dificuldades financeiras até para as necessidades mais básicas?
Na verdade, o que eu vejo é que o nosso país é um país muito novo, diferente da Europa, em que a valorização artística e cultural é totalmente diferente. Eu acho que tudo o que está acontecendo no nosso país nesse momento — operação Lava Jato e outras coisas que estão ocorrendo — vai acabar sofrendo uma alteração, e eu espero muito que os nossos governantes lá em cima possam começar a enxergar a cultura — e a música — como um instrumento transformador de sociedade. Nós vamos propor isso. Isso é um pacto que eu fiz com a secretária da Cultura. Eu não tenho dúvida de que a arte, em especial a música, é um instrumento de transformação para uma sociedade mais justa. E vamos cobrar isso dos governos estadual e federal, não tenha dúvida.
• Fernandópolis é considerada “terra de talentos”. Você concorda?
Eu tenho certeza de que Fernandópolis é uma cidade de talentos. Aqui nós temos talentos na música, nas artes plásticas, na literatura, no teatro. Eu não tenho dúvida nenhuma de que Fernandópolis é um celeiro artístico muito forte. E, desta vez, Fernandópolis terá um prefeito que consegue visualizar isso e que vai procurar incentivar todos os talentos e buscar os talentos que a gente tem para ser parceiro, para que a gente possa trabalhar juntos essa questão. Repito: eu não tenho dúvida nenhuma de que Fernandópolis é um celeiro de artistas.
• No entanto, não há uma política cultural clara e definida, o que frequentemente é objeto de críticas pela classe artística local. Qual sua opinião sobre isso?
Eu vou procurar muito, junto à secretária da Cultura Iraci Pinotti, fomentar a cultura através de leis e incentivos. E a gente vai procurar tratar leis pensando muito nessa questão cultural. Inclusive, peço nesse momento, Osvaldo, a sua ajuda, você que é uma pessoa muito esclarecida, para que a gente possa, juntos, formatar políticas públicas voltadas para a área cultural.
• Fernandópolis, nos anos de 2011/2012, para ter acesso a mais recursos destinados à Cultura, iniciou esforços no sentido de providenciar todo o necessário à inscrição do município no Sistema Nacional de Cultura (SNC), como a criação do Conselho Municipal de Cultura e do Fundo Municipal de Cultura. Contudo, o projeto de lei que estabelece o Plano Municipal de Cultura parece não ter sido enviado à Câmara. O que pode ser feito já em 2017 para dar continuidade a essas providências? A gente vai dar total sequência a isso. Nós precisamos colocar na Câmara, se possível, ainda no primeiro semestre de 2017. Vou cobrar isso da secretária da Cultura, haja vista que foi ela mesma que deu início a esse projeto, e tenho certeza de que a gente colocará em pauta o mais rápido possível.
• O que é possível fazer para que haja continuidade nas políticas públicas referentes à Cultura no município, independente da gestão? O Plano Municipal de Cultura, ao estabelecer diretrizes para os próximos dez anos, é uma solução?
Com certeza o Plano Municipal de Cultura traçará uma diretriz, não diria nem só para os dez anos, mas para os próximos vinte anos a gente pode estabelecer metas a serem cumpridas através de lei. Aí se fixaria, nesse Plano Municipal de Cultura, metas a serem cumpridas, independente do governo que entre, do secretário que entre. Então, seria de fundamental importância a aprovação do Plano Municipal de Cultura para que a cultura possa ter uma sequência governamental.
• O que podemos esperar em 2017 para a Cultura? Que mensagem você deixa para a classe artística fernandopolense?
Fernandópolis já teve prefeitos empresários, já tivemos prefeito voltado para a área de eletricidade, funcionário público, a prefeita atual é assistente social, já tivemos prefeitos da área rural, e eu sou um prefeito jovem, de formação acadêmica em administração de empresas, mas de formação espiritual e emocional voltada para a arte. Então, eu vou olhar com muito carinho essa pasta, que eu tenho certeza de que tem um poder enorme de transformação, de transformar a sociedade. A mensagem que eu deixo, então, para a classe cultural, é de muita esperança, de muito otimismo, e que Fernandópolis vai com certeza ser uma cidade referência cultural em todo o Estado de São Paulo.
Sr. Pestana. André Pessuto, Livia Kamiyama, Sergio Kamiyama, Beethoven Rybezynski, Fabricio Bonni e Glauber Borrachini
Na batera. Tocando bateria com o músico Evandro Angeluci