MINUTINHO
Iluminemos o coração
Por: Meimei/Chico Xavier
Iluminemos o coração, com a lâmpada acesa do amor, cada vez que a nossa palavra se dirija aos irmãos desencarnados, ainda presos à turvação de consciência.
Lembremo-nos de que nos achamos, à frente de enfermos, requisitando-nos compreensão e carinho.
Quem se atreveria, em nome da bondade, a cercar um náufrago desditoso com o manto opressivo da curiosidade descaridosa, ao invés de oferecer-lhe pronto socorro? Não lhe bastaria o tormento da inquietação nas ondas escuras da morte?
Quem se dispõe ao amparo dos espíritos amargurados, em desânimo e desespero, precisará erguer a própria alma à sublimidade do amor mais puro, a fim de socorrer com proveito.
Muitas vezes, as objurgatórias e reprimendas dos grandes juízes não conseguem, junto dos irmãos transviados, um centímetro de renovação edificante, suscetível de ser alcançada pelo estímulo carinhoso de uma simples frase paternal.
Todos possuímos desafetos do passado.
A Terra ainda não é residência das almas quitadas com a Lei.
Todos somos devedores ou doentes em reajuste.
Por isso mesmo, em nos comunicando com os adversários ou companheiros do pretérito ou do presente, mergulhemos a alma na fonte cristalina da boa vontade com Jesus, para que as nossas palavras não soem debalde.
Só o amor atravessa as paredes compactas do cárcere em que a ignorância se aguilhoa à penúria de espírito, conduzindo aos antros sombrios de nossos débitos a santificante claridade da libertação.
CRÔNICA
A pedra no meio do caminho
Autoria desconhecida
Conta-se que um rei, há muito tempo, era muito sábio e não poupava esforços para educar seu povo. Tudo o que fazia era para ensiná-los a serem trabalhadores e honestos. Nada de bom pode vir a uma nação – dizia ele – cujo povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas.
Numa noite ele pôs uma enorme pedra numa estrada que passava pelo palácio. Depois foi se esconder atrás de uma cerca, e esperou.
Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes que levava para a moagem na usina.
- Que descuido? Disse ele contrariado, enquanto desviava sua carroça e contornava a pedra. Por que esses preguiçosos não mandam retirar esta pedra da estrada? Reclamou da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.
Logo depois, um jovem soldado veio. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra e não viu a pedra. Tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento. Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os preguiçosos que haviam largado aquela pedra imensa na estrada. Então se afastou sem pensar uma única vez que ele próprio poderia retirar a pedra.
E assim correu o dia…
Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam por causa da pedra no meio da estrada mas ninguém a tocava.
Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Ela era muito trabalhadora e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho, mas disse a si mesma:
- Já está escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho.
E tentou arrastá-la. Era muito pesada, mas a moça empurrou, e empurrou, e puxou, e inclinou-se, até que conseguiu retirá-la do lugar.
Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Ergueu-a. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes dizeres: Esta caixa pertence a quem retirar a pedra. Ela a abriu e descobriu que estava cheia de ouro, deixado como agradecimento pelo bondoso rei.
Imagem: ilustração / DP