Por Gil Piva
Lançado no final de2016, e chegando só agora no Brasil, o filme Capitão Fantástico é uma boa escolha para quem deseja se divertire se emocionar. Com Viggo Mortensen no papel principal, a história mostra uma família que vive distante da sociedade, encerrada no meio de uma floresta, ondeos filhos recebem, ali mesmo, educação e formação ideológica sobre como o mundo exterior não passa de um sistema corruptível da liberdade humana.
Embora o acesso ao mundo civilizado seja pouco corriqueiro, logo uma tragédia os atinge e se veem obrigados a deixar seu modo de vida, rumo a uma viagem cheia de surpresas.
Na verdade, o que o filme propõe é contemplar, de modo interessantíssimo, o choque de costumes. É o tipo de trabalho que o humor não vem de graça; quando surge,surge permeado de uma sensibilidade discreta e tocante.
Não obstante, Viggo Mortensen está ótimo no papel — prova de que ele continua sendo um ator muito versátil, capaz representar na medida certa, sem extrapolar em excesso para lado dramático, ou para o lado cômico, o que não é nada fácil,diga-se de passagem. E essas duas cargas misturadas pelo diretor Matt Ross adquirem um irresistível sabor, conforme o filme avança.
Matt Ross pode não ser um nome conhecido, mas certamente os espectadores já ouviram falar de muitos de seus trabalhos, marcados como roteirista de várias séries de tv, como, por exemplo, algumas temporadas de Two anda Half Men.
O elenco ainda conta com a presença de um dos jovens atores em, talvez, maiorascensão: George Mackay, que participou de filmes como PeterPan (2003), de P. J. Hogan, e Os Garotos estão de Volta (2009), onde trabalhou junto com CliveOwen.
Viade regra, temáticas semelhantes se perdem com facilidade durante suas realizações, onde críticas sobre o rumo do mundo atual podem lhe conferir um aspecto de dramalhão, ou cair isolado na falta de graça imprevista para o tema,a princípio idealizado.
Filmes como Pequena Miss Sunshine e Na Natureza Selvagem são exemplos que deram certo, pois cada um não arriscou mais do que seu campo permitia. O primeiro optou pelo humor, abrindo caminho para um leve tom emocionante; o segundo, pelo drama, e a graça, quando há, é fruto circunstancial, não proposital.
Capitão Fantástico é o segundo longa de Matt Ross, que já havida dirigido o bem menos sucedido 28 Hotel Rooms(2012), que narra um romance entre uma escritora e contador que antes de seconhecerem tinham suas vidas destinadas apenas ao trabalho.
Porfim, o lado mais prazeroso do filme é apreciar de modo simples como as alegrias que supostamente desejamos guardar só para a gente não escapam de todos osinesperados tipos de conflitos; ou seja, atrás da causa defendida, das escolhas manifestas, as instâncias paradoxais da vida são as que moldam tanto a pessoalidade de cada um quanto a coletividade — repartida ou não.
Pai fantástico. Viggo Mortensen como Ben