OPINIÃO

Artigo: A educação de jovens e adultos como forma de superação de desigualdades

Artigo: A educação de jovens e adultos como forma de superação de desigualdades

Prof. Me. Gilberto Abreu de Oliveira

Prof. Me. Gilberto Abreu de Oliveira

Publicada há 1 ano

A educação de jovens e adultos como forma de superação de desigualdades

Prof. Me. Gilberto Abreu de Oliveira

Ao tratar desta temática é importante perceber que há características e peculiaridades do processo de ensino e aprendizagem para jovens e adultos distintas das crianças. Ao refletir sobre como os jovens e adultos aprendem, o professor tem a possibilidade de ampliar suas perspectivas para melhor atuar nesta modalidade de possibilitando com isso, melhores resultados, além de garantir que as competências e habilidades essenciais aos estudantes sejam asseguradas.

Deste modo, observamos que o ensino para jovens e adultos nas redes de educação básica, quando ofertadas, se dão entre inúmeros desafios, tais como, a necessidade de metodologias adequadas às especificidades dos alunos, o reconhecimento das crenças e valores desse público, além do respeito as múltiplas origens ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamento dos estudantes, o que impõe novos modos de aprender e ensinar que valorizam práticas reflexivas, interdisciplinares e contextualizadas para esta população. (PICONEZ, 2013).

Sabe-se que a partir da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e da Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA se estabelece à população matriculada nesta modalidade, o acesso aos mesmos conteúdos curriculares do ensino regular, como forma de garantir o aprendizado ao longo da vida desses estudantes, esta mesma legislação garante o respeito às diversidades dos sujeitos aprendizes.(BRASIL,2010).  É importante destacar ainda que o Plano Nacional de Educação, nossa atual política decenal para educação pública, vigente até 2024, orienta que, haja uma ampliação em 25% do número de vagas de Educação de Jovens e Adultos em nosso país. (BRASIL, 2014).

Como forma de possibilitar a superação de desigualdades, faz-se necessário, a execução de um trabalho coletivo em torno da construção de uma proposta pedagógica que esteja empenhada em uma reorganização específica dos tempos e espaços escolares no sentido de atender as características dos estudantes, que visualize, para além de documentos legais e formais, ‘o chão’ da escola, as características dos estudantes e o suporte aos professores.

Impõe-se então ao poder público (em todas as esferas, e dentro de suas limitações administrativas, impostas pela legislação educacional) um desafio em rede, em sistema, que atinja mais pessoas. Para o ingresso e acesso dessas pessoas, é necessário um trabalho de conscientização coletiva de setores essenciais como saúde, assistência social e educação, que juntos, por meio de órgãos de controle, podem realizar a partir do diálogo, um mapeamento acerca dos bairros ou setores da comunidade com maior número de pessoas fora da escola e que não tenham concluído seus estudos de Ensino Fundamental (I e II) e Ensino Médio e a partir daí, traçar estratégias para alcançar tais pessoas, ampliando, talvez até, o número de vagas.

Outra estratégia que pode contribuir com a permanência destes estudantes, é a possibilidade de se dinamizar as ações educativas, com a oferta de formação continuada para os professores que atuam nesta modalidade de forma a possibilitar melhores condições de compreensão sobre conceitos, metodologias e práticas que possam de fato fazer a diferença no dia a dia dos estudantes.

Para além dos dados, metas, hipóteses estratégicas e legislação, o desafio que se coloca é propor uma educação para jovens e adultos que tenha em seu centro a superação, mesmo que mínima, das desigualdades históricas impostas a essa população que anseia por saber ler, escrever e dar prosseguimento em seus estudos. Estudos estes que, ao serem voltados para o trabalho e cidadania e, com a dinamicidade que esta modalidade exige, promoverá grandes realizações para os estudantes, professores e comunidade escolar.

Abraços e boa reflexão.

Prof. Me. Gilberto Abreu de Oliveira - Licenciado em História e Pedagogia e Diretor de Escola Pública

Referências

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 3 (de 15/06/2010). Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a Distância. Brasília, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação (PNE). Lei Federal n.º 10.172, de 9/01/2001. Brasília: MEC, 2014.

PICONEZ, Stela C. Bertholo. Reflexões pedagógicas sobre o ensino e aprendizagem de pessoas jovens e adultas. Secretaria de Estado da Educação. Centro de Educação de Jovens e Adultos. São Paulo: SE, 2013. 55 p.



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