Crônica: Cicatrizes do descontrole

Crônica: Cicatrizes do descontrole

Um criança, seu pai, e as consequências de um ataque de fúria

Um criança, seu pai, e as consequências de um ataque de fúria

Publicada há 1 ano

MINUTINHO

Renove-se

Por: Marco Prisco / Divaldo Franco

Acentua-se que o destino é a força ciclópica a dirigir a todas as vidas.

Ocorrências inditosas, aflições superlativas, insucessos contínuos, desaires, são denunciados como filhos do destino ingrato…

Apegando-se a esse fator tradicional, não poucas vítimas deixam-se arrastar incólumes na direção dos desastres, perfeitamente evitáveis.

Na tradição do pensamento pessimista, a infelicidade seria parte inexorável do destino, que elege uns em detrimento de outros, aos quais abençoa com a plenitude, facilita as conquistas brilhantes, premia com as alegrias incessantes.

Ledo engano!

Existe, sim, uma fatalidade para todas as vidas, que é a autoiluminação, a conquista do Reino dos Céus.

Você renasceu na Terra para triunfar sobre as heranças perturbadoras do período primário.

Você enfrenta dificuldades por havê-las semeado antes.

Você desfruta de bênçãos, a fim de fortalecer-se para as lutas de autossuperação.

Você padece dolorosas injunções familiares e sociais, porque a forja das transformações trabalha os metais do ser, amoldando-o para a construção da grei universal.

Você jornadeia em solidão, para treinar desenvolvimento íntimo dos valores da solidariedade.

Você contorce-se nas aflições e nas deficiências para recuperar-se do uso infeliz das faculdades nobres que destroçou.

Você chora enquanto outros sorriem, esquecendo-se do Amigo que mais verteu pranto do que alegrias quando esteve na Terra.

Você queixa-se de escassez porque desconhece o tormento da abundância nos que vivem o vazio existencial.

Você lamenta as incompreensões que lhe seguem no encalço, porque vive encarcerado no egoísmo.

Você anela pelas formosas concessões e esquece as dádivas naturais da Vida que outros não fruem: a visão, a audição, o tato, o olfato, o paladar, a sensibilidade, desconsiderando as mil glórias da Natureza à sua disposição.

Saia da concha da autocompaixão e sorria, participando do festival do tempo de que dispõe.

Você está fadado à conquista do universo.

Ninguém alcança o platô da montanha sem vencer o vale e as anfractuosidades da rocha na sua ascensão.

Nunca olvide que você se encontra amparado por Deus.

Aproveite cada momento da existência e trabalhe pela conquista da sua fatalidade: a harmonia plena!

CRÔNICA

Cicatrizes do descontrole

Por: Redação do Meu Sonho Não Tem Fim

Naquele dia de sol, Antônio chegou feliz e estacionou o reluzente caminhão em frente à porta de sua casa. Após 20 anos de muita economia e intenso trabalho, sacrificando dias de repouso e lazer, ele conseguiu: comprou um caminhão.  

 Orgulhoso, entrou em casa e chamou a esposa para ver a sua aquisição. A partir de agora, seria seu próprio patrão.

Ao chegar próximo do caminhão, uma cena o deixou descontrolado. Seu filho de apenas seis anos estava martelando alegremente a lataria do caminhão.

Irritado e aos berros, ele investiu contra o pequeno filho. Tomou o martelo das mãos dele e, totalmente fora de controle, martelou as mãozinhas do garoto.

Sem entender o que estava acontecendo, o menino se pôs a chorar de dor, enquanto a mãe interferiu e retirou o pequeno da cena.

Na sequência, ela trouxe o marido de volta à realidade e juntos levaram o filho ao hospital, para fazer curativos.

O que imaginavam, no entanto, fosse simples, descobriram ser muito grave. As marteladas nas frágeis mãozinhas tinham feito tal estrago que o garoto foi encaminhado para cirurgia imediata.

Passadas várias horas, o cirurgião veio ao encontro dos pais e lhes informou que as dilacerações tinham sido de grande extensão e os dedinhos tiveram que ser amputados.

De resto, falou o médico, a criança era forte e tinha resistido bem ao ato cirúrgico. Os pais poderiam aguardá-lo no quarto, para onde logo mais seria conduzido.

Com um aperto no coração, os pais esperaram que a criança despertasse. Quando, finalmente, abriu os olhos e viu o pai o menino abriu um sorriso e falou:

- Papai, me desculpe, eu só queria consertar o seu caminhão, como você me ensinou outro dia. Não fique bravo comigo.

O pai, com lágrimas a escorrer pela face, em desconsolo, se aproximou mais e lhe disse que não tinha importância o que ele havia feito. Mesmo porque, a lataria do caminhão nem tinha sido estragada.

O menino insistiu:

- Quer dizer que não está mais bravo comigo?

- Não, mesmo, falou o pai.

- Então, se estou perdoado, quando é que meus dedinhos vão nascer novamente? Indagou o garotinho.


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