Crônica: Paciência. Um conto de um homem solitário, nervoso e impaciente

Crônica: Paciência. Um conto de um homem solitário, nervoso e impaciente

Veja também: O que a gente controla. Por Victor Fernandes

Veja também: O que a gente controla. Por Victor Fernandes

Publicada há 10 meses

MINUTINHO

O que a gente controla

Por: Victor Fernandes

“A gente não controla permanências, a gente não controla reciprocidade, a gente não controla como vão retribuir o que sentimos, mas a sensação de consciência tranquila e coração em paz, a gente sempre pode ter.

É sobre dar o nosso melhor e seguir em frente sabendo que fez isso.

Não espero o melhor das pessoas. Não espero o pior das pessoas. Na verdade, eu não espero nada das pessoas. Cada um oferece o que tem dentro de si, o que pode e consegue dar naquele momento. E isso varia o tempo todo. Então não podemos depender disso, entende?

Também não podemos nos mover baseados na gratidão alheia. Tampouco vale a pena ficar pensando “poxa, fui tão bom com tal pessoa, e ela não foi bacana comigo”. Não adianta nada nutrir esses pensamentos.

O que vale a pena é dizer pra si mesmo “que bom que eu fui eu, que bom que agi de acordo com aquilo que sou e compatível com a beleza que trago em mim”. Os outros são os outros. Não dá pra controlar como vão agir conosco. Não dá pra forçar as pessoas a serem o que elas não são ou oferecerem aquilo que elas não podem dar.

O que a gente controla é onde a gente permanece. É sobre perceber o que faz bem e o que não faz. É sobre parar de insistir ou de esperar que façam coisas por nós. É sobre caminhar com a consciência tranquila e o coração em paz. É isso que a gente controla.”

CRÔNICA

Paciência

Por: Waldo Vieira / Valérium

O caminhoneiro solitário seguia, com fome, à margem do rio.

Nervoso e impaciente, ia censurando a tudo e a todos, por achar-se em penúria.

Caminhava devagar, quando viu algo na estrada chamando-lhe a atenção.

Uma cédula!

Abaixou-se e colheu o achado.

Uma nota de cem cruzados, enrolada e manchada.

Contudo, para surpresa sua, era somente a metade da cédula, que apesar de nova, fora inexplicavelmente cortada.

Ainda mais irritado, amarfanhou o papel valioso e atirou-o à correnteza do rio, blasfemando.

Deu mais alguns passos à frente, seguindo pela mesma estrada, quando surpreendeu outro fragmento de papel no solo.

Inclinou-se de novo e apanhou-o.

Era a outra metade da cédula que, enervado e contrafeito, havia projetado nas águas.

O vento separara as duas partes; ele, porém, não tivera a paciência de esperar alguns segundos, apenas.

Há sempre socorro às nossas necessidades.

No entanto, até para receber o auxílio da Divina Bondade ninguém prescinde de calma e da paciência.

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