Artigo: A fome e rua
Por: Elaine Andrade Rosa
“Helena, bela, forte e invencível, apenas aos seus próprios olhos, juntou suas coisas e saiu de seu castelo em busca de uma refeição pelo menos. Seu castelo era uma caixa de papelão ao lado da igreja, lugar onde o vento não açoitava durante a noite.
Vestida com seu melhor traje, como foi dito antes, pelo menos aos seus olhos, caminhou entre as pessoas que circulavam pela praça pedindo esmolas:
- Estou faminta. Um trocado, por favor...
Em contrapartida, as mesmas afrontas de sempre acompanhadas do asco estampado nos rostos das pessoas bem vestidas:
- Saia daqui, mulher suja!
- Vá trabalhar!
- Não me incomode, criatura!
- Tenho mais o que fazer...
Solitária e cabisbaixa, cega pelas lágrimas e pela fome, ela caminhou sem rumo até que encontrou uma ambulante simples, amorosa e confiante. Ergueu a cabeça e novamente pediu um trocado:
- Estou faminta. Me dê um trocado para o lanche, por favor!
A ambulante olhou para ela, juntou suas coisas e disse:
- Levante a cabeça e olhe para mim.
- Não, moça. Só preciso comer.
A ambulante abraçou Helena e disse:
- Você vai comer. Venha comigo.
- Por favor, me solte. Estou suja, cheirando mal. – Helena respondeu.
E a ambulante insistiu no abraço conduzindo Helena até um lugar onde ela pudesse se alimentar. Uma cena simples e sutil, mas que, naquele momento, garantiu mais um dia de vida e aqueceu a esperança no coração de uma pessoa.”
Texto produzido por Elaine Andrade Rosa, aluna do 12º Termo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Joaquim Antônio Pereira (JAP), de Fernandópolis, em 2023.
O texto é de livre manifestação do signatário que apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados e não reflete, necessariamente, a opinião do 'O Extra.net'.