FÉ
A vida de Emilia. A história de uma 'miserável', mãe de uma personalidade mundial
A vida de Emilia. A história de uma 'miserável', mãe de uma personalidade mundial
Leia também: Por que dói tanto? Afinal, as dores são inevitáveis? Todos sofrem?
Leia também: Por que dói tanto? Afinal, as dores são inevitáveis? Todos sofrem?
MINUTINHO
Por que dói tanto
Por: Redação do Momento Espírita
Não há quem caminhe pelas estradas da vida sem que cruze, em algum momento, com a dor. Em um mundo inconstante, onde as certezas são relativas, a dor é processo quase inevitável.
Algumas vezes, ela nos oferece a separação de quem amamos, pelo fenômeno da morte. Outras vezes é a doença que se instala, no nosso ou no corpo alheio.
Em outras ainda, a dor é o revés financeiro, que nos perturba a mente e desfaz alguns planos.
Seja qual for sua origem, ela sempre provocará momentos de reflexão e análise. É o freio que a vida coloca em nosso cotidiano, em nossos valores, em nossas manias, provocando questionamentos a respeito do nosso viver.
Nesses momentos, alguns optamos pela revolta, acreditando-nos injustiçados. Não vemos utilidade na dor.
Outros de nós entendemos os mecanismos de Deus como justos. Se Ele é a síntese maior do amor, certamente Seus desígnios são pautados pelo amor.
É necessário que repensemos o papel da dor para cada um de nós. Ela não é ferramenta de castigo de Deus, ou obra do acaso. Um Deus amoroso jamais agiria por acaso, ou castigaria Seus filhos.
Toda dor que nos surge é convite da vida para o progresso, para a reflexão, para a análise de nossos valores e de nosso caminhar.
Quando ela se apresenta, traz consigo a oportunidade do aprendizado, que não se faria melhor de outra forma. Ou devemos convir que Deus acharia outras fórmulas?
Naturalmente não devemos ser apologistas da dor, e buscá-la a todo custo. De forma alguma. Deus nos oferece a inteligência e os recursos das mais variadas ciências, para diminuir nossas dificuldades e dores.
Assim, para as dores da alma, devemos buscar os recursos da oração, do atendimento fraterno, da psicologia e da psiquiatria. Para as dificuldades do corpo físico, os recursos clínicos ou cirúrgicos.
Porém, quando todos esses recursos ainda se mostrarem limitados, a dor que nos resta é nosso cadinho de aprendizado. A partir daí, nossa resignação dinâmica perante os desígnios da vida nos ajudará a entender o que a vida nos está oferecendo.
Quando entendermos que a dor vem acompanhada do aprendizado, começaremos a perceber a música da vida, e qual canção ela está nos convidando a entoar com ela.
Tenhamos certeza de que nada que nos aconteça é obra do acaso. Somos herdeiros de nós mesmos, desde os dias do ontem. Por isso, hoje, inevitavelmente, nos encontramos com nossas heranças.
As carências de hoje são a resultante dos desperdícios do ontem. As dores são espinhos que colhemos agora, do plantio que, de forma deliberada, realizamos nos caminhos percorridos.
A dor é mecanismo de crescimento e aprendizado, ainda necessária, como ferramenta de progresso, enquanto o amor não nos convencer a deixá-lo administrar nossas ações e nosso proceder.
Nesses tempos, não mais a dor será visita em nossa intimidade, pois toda ela estará tomada em plenitude pelo amor, que, como bem nos lembra o apóstolo Pedro, é capaz de cobrir a multidão dos pecados.
CRÔNICA
A vida de Emilia
Por: Autoria desconhecida
Emilia pertencia a uma família de classe média em um país europeu que sofria crises e carestias depois de uma prolongada guerra nacional. Fome e epidemias ameaçavam toda a população. Emilia, desde pequena, tinha uma saúde frágil, e não melhorava devido às condições em que vivia. Era ainda muito jovem, quando se casou com um operário têxtil e se estabeleceram em uma cidadezinha nova longe de familiares e conhecidos. Pouco tempo depois nasceu seu primeiro filho, Edmundo, um garoto belo, bom aluno, atleta e de personalidade forte. Alguns anos mais tarde, Emilia deu à luz uma menina, que só sobreviveu poucas semanas por causa das más condições de vida a que a família estava submetida.
Catorze anos depois do nascimento de Edmundo, e quase dez da morte de sua segunda filha, Emilia se encontrava em uma situação particularmente difícil.
Tinha cerca de quarenta anos e sua saúde não havia melhorado: sofria severos problemas renais e seu sistema cardíaco se debilitava pouco a pouco devido a uma doença congênita. Além disso, a situação política do seu país era cada vez mais crítica, pois havia sido muito afetado pela recém-terminada Primeira Guerra Mundial. Viviam com o indispensável e com a incerteza e o medo de que se instalasse uma nova guerra. E justamente nessas terríveis circunstâncias, Emilia percebeu que estava grávida novamente.
Apesar de o acesso ao aborto não ser simples nessa época, e nesse país tão pobre, existia a opção e não faltou quem se oferecesse para praticá-lo. Sua idade e sua saúde faziam da gestação um alto risco para sua vida. Além disso, sua difícil condição de vida lhe fazia perguntar-se:
- Que mundo posso oferecer a este pequeno? Uma vida miserável? Com um povo em guerra?
Emilia desconhecia que só lhe restavam dez anos de vida por causa de seus problemas de saúde.
Tragicamente, também Edmundo, o único irmão do bebê que esperava, viveria só dois anos mais.
Alguns anos mais tarde, aconteceria a Segunda Guerra Mundial, na qual o pai da criança que estava por nascer também perderia a vida. Emilia optou por dar a vida a seu filho, a quem deu o nome de Karol. Karol Józef Wojtyła, que ficou conhecido em todo o mundo como o Papa João Paulo II.
O Papa João Paulo II